Será que protagonistas negras protagonizam mesmo?
Elas merecem mais – e nós, o público, também.
ale Tudo acabou na semana passada, mas o remake da história original escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, é porta para uma discussão que parece estar só começando. Infelizmente.
A adaptação deste ano contou com algumas particularidades diferentes da trama original. Em 1989, ao fim do último capítulo, a pergunta que ficou no ar foi: “será que vale tudo para alcançar o sucesso?”. Já nesta versão atual, a reflexão é outra. Podemos questionar: “será que protagonistas negros realmente protagonizam suas próprias obras?”.
Durante a reta final da história, vimos que Rachel, interpretada por Taís Araújo, recebeu uma perda significativa de tempo de tela, chegando a aparecer apenas por 16 minutos durante uma semana inteira de quase 6 horas somadas de novela, causando revolta entre os fãs.
O caso não é isolado. Neste mesmo ano, a novela Garota do Momento passou pela mesma polêmica: Beatriz, personagem interpretada por Duda Santos, também teve sua participação reduzida e seu protagonismo, por muitas vezes, transferido.
Os casos trouxeram irritação aos fãs e perda da honra que novelas pensadas ao público negro geralmente recebem. O clima foi de derrota, já que desde o anúncio das protagonistas o publico negro foi permitido ao sonho. Após anos de televisão, a população negra ainda caminha a pequenos passos rumo à igualdade social e ao protagonismo.
Assim, podemos concluir nossa pergunta inicial reafirmando a importância da nossa presença no maior número de ambientes possíveis e em como não basta apenas o título para o protagonismo, já que quando não acompanhado de um enredo bem trabalhado e cenas marcantes, a nomenclatura perde seu valor e o conceito de “representatividade” seu sentido.
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