5 impactos positivos no planeta da redução do consumo de carne

Você sabia que toda segunda-feira é considerada a 'segunda sem carne'?

Por Isabella Otto Atualizado em 29 out 2024, 18h50 - Publicado em 27 mar 2023, 10h00

Você sabia que toda segunda-feira é considerada a “Segunda Sem Carne”? Este é um movimento que já está na ativa há alguns anos e contou até com o apoio de ninguém menos que Paul McCartney – sim, ele mesmo, o ex-Beatle que amamos – e a data existe para que as pessoas a nível mundial diminuam o seu consumo de carne durante a semana.

E, não estamos aqui para dizer o que você deve ou não comer, e que precisa parar com aquele sagrado churrasco de domingo. Mas para te contar que esta iniciativa pode ser interessante para você cuidar melhor da sua alimentação e também para o planeta.

Você sabia que nós, brasileiros, somos o povo que mais consome carne vermelha no mundo e também um dos que mais produz o alimento para a exportação? Temos que suprir a indústria local e a estrangeira, e haja volume de boi e pasto para isso, viu? Sem contar soja, um dos grãos que o gado mais consome e que, quando produzido em larga escala, também se torna maléfico para o solo, a fauna e a flora.

De acordo com a OMS, a quantidade indicada de carne vermelha por semana é 500 gramas, só que, no Brasil, consome-se muito mais. Há quem, em apenas um dia, coma quase a quantidade indicada para a semana inteirinha! Eis como a redução do consumo do alimento pode ser benéfica para o planeta:

1. Menos carne vermelha significa menos gado, menos pasto, menos gás metano, menos poluentes, mais verde e menos aquecimento global

Em 2014, a Universidade de Yale realizou um estudo em que mostra como os impactos da produção da carne bovina no meio ambiente são maiores que os da produção de frango e porco. O gado precisa de 28x mais terra e 11x mais água do que os outros animais. Além disso, a pecuária deixa uma maior pegada de carbono na atmosfera, contribuindo para o efeito estufa e as mudanças climáticas. No Brasil, cada boi ou vaca produz de 250 a 500 litros de metano por dia, gás cujo potencial poluente é 25x maior que o gás carbônico. Apesar de o rebanho bovino ter recuado no Brasil nos últimos anos, o país ainda detém o 2º lugar no ranking de lugares com mais cabeças de gado, perdendo apenas para a Índia, um dos maiores poluidores globais. São mais de 213 milhões de cabeças de gado, segundo o IBGE. No Brasil, temos pouco mais de 209 milhões de habitantes. Ou seja, mais gado que gente. “Comer menos carne vermelha reduziria mais a pegada de carbono do que desistir de se locomover de carro”, garante o cientista Gidon Eshel, que liderou a pesquisa da Yale.

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2. A pecuária é a principal causa do desmatamento e dos focos ilegais de fogo que acabam virando incêndios sem controle

A pecuária não agrava os efeitos que aceleram o aquecimento global simplesmente porque os bois e as vacas soltam muitos gases. Na verdade, é todo um ciclo de destruição. É preciso pasto para criar todas essas mais de 213 milhões de cabeças de gado. E é preciso limpar os pastos antigos e abrir novos. Como se faz isso? Desmatando e queimando. Sem árvores, o número de poluentes na atmosfera aumenta, já que o gás carbônico, que seria “roubado” durante o processo de fotossíntese, segue circulando no ar. A consequência disso é o aumento da temperatura da Terra, dias mais quentes, temporadas de seca mais intensas e queimadas sendo aceleradas e intensificadas. A derrubada da vegetação nativa para a criação de pastos também impacta negativamente na flora e na fauna, deixando espécies de animais e plantas à beira da extinção. No Pantanal, por exemplo, nossa icônica onça-pintada está ameaçada, assim como a arara-azul. O fogo e a perda da flora e da fauna acabam abalando o sustento e a sobrevivência de pequenas comunidades e indígenas que moram nessas regiões afetadas, que perdem suas casas, seus alimentos, sua história. Todas essas consequências acabam com a credibilidade do Brasil lá fora, o que dificulta o crescimento da economia. Somado à falta de políticas verdes, que os governantes e as indústrias parecem não ter interesse, pois erroneamente acreditam não gerar lucro, a imagem do país no exterior só fica mais e mais queimada… Literalmente.

3. Reduzir o consumo de carne é uma das medidas mais eficazes no combate às mudanças climáticas – mais do que investir naquela bike!

Um estudo realizado pelo Greenpeace mostra que a redução de 50% no consumo de carne e derivados até 2050 é uma das soluções mais eficazes contra o desmatamento e as mudanças climáticas. “A produção de carne é responsável pela emissão de gases poluentes e acelera os efeitos do aquecimento global. Por isso, precisamos refletir sobre os limites dessa produção para a preservação de nossas florestas, o incentivo à agricultura familiar e a manutenção do clima global. Não se trata de ser contra toda a produção agropecuária, e sim de pensar modelos de produção mais responsáveis, menos impactantes e mais transparentes com os consumidores. (…) A mudança começa no consumo individual, porém, o papel mais importante cabe aos grandes produtores, em assumirem o compromisso com uma produção menos impactante ao meio ambiente e uma relação mais honesta e transparente com seus consumidores”, foi esclarecido em nota. Aderir a movimentos como “Segunda Sem Carne”, por exemplo, já surte um efeito danado!

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4. Uma pessoa economiza 5 milhões de litros de água e salva 500 hectares de vegetação se deixa de comer carne uma vez por semana durante um ano

Você sabia que a “Segunda Sem Carne” do Brasil é a maior do mundo? Uma boa notícia, apesar de tudo! Um levantamento realizado entre 2018 e 2019, pela Sociedade Vegetariana Brasileira, aponta que, no intervalo de 365 dias, aqueles que aderiram à campanha e deixaram de consumir carne uma vez por semana preservaram 500 hectares de vegetação, economizaram 5 milhões de litros de água e reduziram 1,5 milhão de quilos de gases do efeito estufa. Pequenos grandes passos pelas pessoas, pelos animais e pelo planeta. Mas não adianta deixar de comer carne um dia e compensar tudo o que não foi comido no churrasquinho do final de semana, ok? Excessos são sempre prejudiciais. Mantenha o equilíbrio.

5. Diminuir o consumo de carne vermelha – e carnes no geral – traz benefícios para a saúde do ser humano e para a economia, mesmo que a indústria pecuária e os governantes não queiram que você acredite nisso

Já deu para entender como a redução do consumo de carne vermelha é benéfica para o meio ambiente, né? Agora, ela também traz benefícios para a saúde do ser humano. Em 2016, a Universidade de Oxford realizou um estudo, publicado pela revista PNAS, que conclui que dietas vegetarianas podem salvar 7,3 milhões de vidas todos os anos. Mas o consumo de apenas 43 gramas de carne por dia, aliado a dietas saudáveis, em que se consome verduras, legumes e frutas, já salva 5,1 milhões de pessoas anualmente no mundo! Essa melhora na qualidade de vida impacta diretamente no bolso da população e também no do governo. Isso porque hábitos mais saudáveis significam menos doenças que significam menos gastos com saúde. De acordo com a pesquisa, por ano, uma economia mundial de US$ 700 bilhões a US$ 1 trilhão seria registrada. Lembrando que o consumo em excesso de carne vermelha aumenta o risco de doenças cardíacas e câncer, o nível do colesterol e acidez do sangue, e a resistência a antibióticos – criada pelos próprios antibióticos que os animais recebem ainda em vida. “A resistência [a esses medicamentos] está se desenvolvendo e se espalhando a uma velocidade que não pode ser contida. (…) Se não forem tomadas medidas urgentes para reduzir o consumo global de antibióticos, podemos enfrentar um regresso a uma era na qual as infecções simples podem matar”, alertou a ONG Consumers International já em 2014.

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