Afrofuturismo e literatura: 5 livros para ler ainda este ano

Para ler, reler, indicar para os amigos e compartilhar histórias e conhecimento!

Por Roberta Gurriti Atualizado em 30 out 2024, 15h32 - Publicado em 25 set 2022, 10h01
Afrofuturismo e literatura: 5 livros para ler ainda este ano
Amazon/Divulgação

Se você acompanha esta coluna há um tempo, já deve estar por dentro de todos os conceitos do Afrofuturismo. Se não, clique aqui para ler a matéria completa, em que eu explico o movimento.

A estética do Afrofuturismo está presente em diversas vertentes, como na música, na arte, no cinema e, é claro, na literatura. Hoje, venho indicar livros com a temática afrofuturista que vocês pre-ci-sam adicionar à biblioteca e ler ainda este ano! Livros com fantasia, representatividade, ancestralidade, ficção e histórias incríveis. Eles te ajudarão a entender melhor o movimento e  a ter mais clareza sobre as discussões e debates que são levantados atualmente.

1. Filhos de Sangue e Osso, de Tomi Adeyemi

Zélie Adebola se lembra de quando o solo de Orïsha vibrava com a magia. Queimadores geram chamas. Marcadores formavam ondas, e a mãe de Zélie, ceifadora, invocava almas. Mas tudo mudou quando a magia desapareceu. Por ordens de um rei cruel, os maji viraram alvo e foram mortos, deixando Zélie sem a mãe e as pessoas sem esperança. Agora Zélie tem uma chance de trazer a magia de volta e atacar a monarquia. Com a ajuda de uma princesa fugitiva, Zélie deve despistar e se livrar do príncipe, que está determinado a erradicar a magia de uma vez por todas. O perigo espreita em Orïsha, onde leopanários-das-neves rondam e espíritos vingativos aguardam nas águas. Apesar disso, a maior ameaça para Zélie pode ser ela mesma, enquanto se esforça para controlar seus poderes – e seu coração. Filhos de sangue e osso é o primeiro livro da trilogia de fantasia baseada na cultura iorubá O legado de Orïsha e está sendo adaptado para o cinema.

2. O Céu Entre Mundos, de Sandra Menezes

O céu entre mundos é um romance para exercitar a imaginação, formular uma realidade de comunicação por telepatia e naves voando para outros sistemas planetários, mas também para ter notícias de quem veio antes de nós, pessoas cujas existências já eram futuristas no passado, pois pavimentaram estradas para que nós caminhássemos. Pensar por essa perspectiva é escapar da lógica ocidental e encaminhar nossa intelectualidade – espiritualidade, intuição, ori – para África. É na África que está a salvação da protagonista Karima, porque é lá que vive o ancestral com quem ela mantém conexão e diálogo.Conhecemos o planeta Wangari, planeta semelhante à Terra,espaço alternativo para se viver após a ação nociva do ser humano tornar o antigo planeta azul um lugar inabitável. Seus moradoressão negros, caracterizados a partir da nossa diversidade, o que é uma imaginação subversiva dentro de uma sociedade que repete “preto é tudo igual”. Mulheres e homens exercem o poder que lhes cabe e o ato de falar da história escrita por nossos antepassados na Terra aparece tanto como exercício memorialístico, quanto como necessidade política. É importante notar que não se trata de criar a imagem da perfeição. Em Wangari, existem conflitos, existe poder, mágoa e medo, porém a busca por solução para esses problemas é empreendida e protagonizada por pessoas negras que mantêm sua conexão com o continente africano. Uma visão futurista que deve inspirar o momento presente.

Continua após a publicidade

3. Ubuntu 2048, de Raphael Silva

A filosofia Zulu “Ubuntu” poderá sobreviver em um ambiente inóspito à vida, à amizade e ao carinho? Em Ubuntu 2048 o jovem Teshai e a andróide Kinaya desafiam o destino imposto à eles em um thriller cyberpunk afrofuturista alucinante, onde o significado de ser você no outro é a única garantia de sobrevivência.

4. Bruxa Akata, de Nnedi Okorafor

Sunny tem 12 anos e sempre viveu na fronteira entre dois mundos. Filha de nigerianos, nasceu nos Estados Unidos; suas feições são africanas, mas ela é albina. Uma pária, incapaz de passar despercebida. O sol é seu inimigo. Castiga a pele delicada e a expõe aos olhares curiosos. Parece não haver lugar onde ela se encaixe. É sob a lua que a menina se solta, jogando futebol com os irmãos. E então ela descobre algo incrível – na realidade, ela é uma pessoa-leopardo em um mundo de ovelhas. Sunny é alguém com um talento mágico latente. Mais que isso: é uma agente livre. Uma pessoa com poderes, mas que nasceu de pais comuns. Logo ela se torna parte de um quarteto de estudantes mágicos, pesquisando o visível e o invisível, aprendendo a alterar a realidade, sendo escolhida por um mentor e conseguindo, enfim, sua faca juju – com a qual é capaz de fazer seus feitiços. Mas isso será suficiente para que encontrem e impeçam um assassino em série que está matando crianças? Um homem perigoso com planos de abrir um portal e invocar o fim do mundo?

Continua após a publicidade

 

5. Raízes do Amanhã, de Waldson Souza, G. G. Diniz, Isa Souza, Pétala Souza, Kelly Nascimento, Lavínia Rocha, Pete Rissatti, Sérgio Motta e Stefano Volp

Uma das marcas deixadas pelo colonialismo é a existência de um presente que dificulta a projeção de futuros para a população negra. Por isso, contar e protagonizar histórias é tão importante para ampliarmos o campo de possibilidades. Se o real nos impõe, então, tais impedimentos, o exercício de especular, dentro e fora da ficção, é o que nos permite resgatar o passado, questionar o presente e construir futuros. É o que fortalece as raízes do amanhã, que perfuram solo brasileiro e vão fundo em direção ao desconhecido. No século XXI, nove herdeiros dessa luta se unem às editoras Gutenberg e Plutão Livros para imaginar noções de futuro próximas e longínquas em oito contos afrofuturistas e afro-brasileiros. Com organização do autor e pesquisador Waldson Souza, G. G. Diniz, Kelly Nascimento, Lavínia Rocha, Pétala e Isa Souza, Petê Rissatti, Sérgio Motta e Stefano Volp traçam em suas histórias, ora um respiro – onde o amor, a superação das adversidades e a liberdade são possíveis —, ora um alerta para nos lembrar de que estamos reféns de uma realidade que muitas vezes nos proíbe de sonhar. Evidenciando noções de futuro próximas ou longínquas, os contos de Raízes do amanhã oferecem respostas diversas sobre o tempo e o espaço da juventude negra, proporcionando um espaço revolucionário de experimentação ficcional.

Gostou das indicações? Não perca tempo e corre para adicionar à sua biblioteca!

Publicidade