Amigas, amigas. Namoros à parte

De um lado, a internet fica fervorosa com uma briga por um namorado, de outro, reforçamos que, entre um relacionamento e outro, quem fica são as amizades

Por Julia Ribeiro de Lima 21 jul 2025, 13h00
L

ogo após assistir ao desfile de sua melhor amiga, Bruna Marquezine deu uma declaração que rodou a internet: “Meu grande amor são meus amigos”. Recém-solteira, a aspa correu pelas redes sociais como uma grande fofoca, todas com o gancho de que, talvez, Bruna precisasse encontrar um novo amado. A frase, inclusive, foi muito mais divulgada do que qualquer outra coisa que a atriz tenha falado sobre sua amizade com a estilista da Mondepars, Sasha Meneghel. Naquele e em diversos outros dias, Bruna mostrou mesmo que a amiga de infância é um dos grandes amores de sua vida, já que compartilham os altos e os baixos, torcem e celebram os feitos umas das outras há mais de duas décadas. 

Pouco menos de um mês antes, uma briga dominou o TikTok e um grupo de amigas se viu ruindo após uma delas seguir o “dix” do namorado da outra. A discussão nas redes foi grande, mães tomaram lados e todos tiveram uma opinião, que escalou a treta para outros patamares, mas o questionamento inicial foi o seguinte: “Afinal, seguir o boy da outra é permitido?”. A partir daqui, queremos te convidar para outro questionamento: “Afinal, vale colocar seu namorado na frente de qualquer relação com suas amigas?”.

Ok, nós sabemos, um namoro pode ser intenso, ainda mais se for o seu primeiro. É normal que a gente queira viver essa paixão intensamente, mas “o mais importante é viver essa fase com calma, sem perder o contato com quem você é”, pontua Giovana Diez, psicóloga infanto-juvenil. “É fácil se deixar levar pela emoção, mas é essencial lembrar que essa é só uma parte da vida — não tudo.”

Pense, mas sem se culpar: quantas vezes você deixou de sair com uma amiga para passar umas horinhas a mais com o namorado? Ou você já sentiu que está perdendo contato com aquela amiga solteira? “Manter o equilíbrio entre o namoro e outras áreas da vida é essencial”, reforça Juliana Varella, psicóloga clínica especializada em terapia cognitivo-comportamental.

Continua após a publicidade

Regra de três

Para facilitar a navegação por esse momento e não deixar nenhum pratinho cair, precisamos ficar de olho em três coisinhas: pensamentos, emoções e comportamentos. “No campo dos pensamentos, podem surgir interpretações distorcidas da realidade causadas por experiências anteriores e inseguranças, que nos fazem generalizar situações e entrar no famoso overthinking”, diz a especialista. É nessa hora que os padrões como o ciúme e a dependência emocional surgem.

E vamos combinar: não é porque você está namorando, que vai perder sua autenticidade. “Na tentativa de agradar, é fácil cair na armadilha de criar uma persona que não reflete quem somos”, afirma a psicóloga. Aqui, vale a reflexão: se damos tudo que temos ao outro, o que sobra para nós? “É por isso que é tão importante manter a própria rotina, os hobbies, os planos individuais e as amizades”, ressalta. 

Sem caô

Tá, mas e se minha amiga fez alguma coisa que senti que atingiu meu relacionamento de alguma forma, o que eu faço?  O sangue quente pode até falar mais alto, por isso, respire fundo e… converse! Afinal, a amiga é sua, certo? “Reconhecer seus próprios sentimentos e promover um diálogo é essencial, já que amizade e namoro não precisam ser concorrentes”, pontua Giovana. 

Continua após a publicidade

São conversas assim que fortalecem as amizades e, mais do que isso, quando há respeito e compreensão, namoro e amigas coexistem de forma harmônica: “O ideal é aprender a dividir o tempo e o afeto, além de entender que o ciúme e a rivalidade não precisam fazer parte da convivência. Relações saudáveis passam por empatia, escuta e respeito pelos limites do outro.”

São nossas amigas, inclusive, que podem apontar partes disfuncionais do namoro, como pontua Juliana: “Os amigos podem ser os olhos que precisamos quando estamos cegos pelo amor. O afastamento dessa rede pode alimentar a ideia de que ‘só temos aquela pessoa’, o que reforça ainda mais a dependência emocional e pode tornar a relação mais frágil e desbalanceada.”

Lembra dos pratinhos que falamos acima? A conversa é uma forma de mantê-los todos no lugar. E vamos combinar? Podemos deixar a rivalidade feminina lá nos anos 2000, né?

Continua após a publicidade

E aí voltamos à Bruna, Sasha, o choro de emoção ao ver sua melhor amiga realizar um sonho e finalmente conseguimos entender porque a fala rodou a internet: ela mostra que a realização afetiva não precisa vir de um relacionamento romântico.  “Ela quebra uma expectativa cultural de que o auge do afeto e da realização pessoal está no amor romântico”, comenta Juliana.

No fim do dia, valorizar as amigas não é uma válvula de escape para quem precisa achar um grande amor, mas reconhecer que outras formas dele são igualmente importantes. “As amizades oferecem segurança, escuta genuína e afeto consistente, além de terem o poder de sustentar emocionalmente tanto quanto – e às vezes mais – que relações românticas”, conclui Giovana. 

+_CHEGOU ATÉ AQUI? Leia a versão completa do texto na edição impressa de JULHO/25 de CAPRICHO no GoRead, a maior banca de revistas digital do Brasil, ou compre na banca mais próxima da sua casa.

Continua após a publicidade

Quer receber as principais notícias da CAPRICHO direto no celular? Faça parte do nosso canal no Whatsapp, clique aqui.

Publicidade