Assistir ao fim de O Verão Que Mudou Minha Vida no bar não é nada bobo

Na verdade, isso é incrível, já que garotas sempre foram desencorajadas a serem fãs e torcerem para algo

Por Juliana Morales 16 set 2025, 18h21
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uitos bares estão se preparando para receber a galera nesta quarta-feira (17). E não, não vai rolar nenhum jogo de futebol importante ou final de campeonato. O motivo é o último episódio de O Verão Que Mudou Minha Vida, fenômeno da Prime Video. Garotas vão se reunir com as amigas para, finalmente, acompanhar o desfecho de Belly, Conrad e Jeremiah – e isso é incrível.

Enquanto meninos sempre foram incentivados a se reunirem para assistir a jogos de futebol desde novos, meninas eram motivadas a brincarem de boneca, casinha e outros brincadeiras que colocavam elas como cuidadoras. Enquanto o amor pelo time é visto como uma paixão bonita, ser fangirl (de qualquer artista ou série) é, e grande parte das vezes, taxando como alguma coisa exagerada, histérica, e, claro, fútil.

Essa diferença no tratamento dos fãs e dos torcedores dos times de futebol está diretamente ligada à mentalidade machista que perpassa nossa sociedade e cultura. Enquanto a idolatria masculina significa lealdade e paixão, a da mulher é sinônimo de infantilidade, histeria ou “culpa dos hormônios”.

Essa hipocrisia foi tratada pela roteirista e compositora Yve Blake, criadora do musical Fangirls, em um TED Talk de 2020. Na palestra, ela questiona: “se as meninas crescem em um mundo em que palavras como louca, psicótica e histérica são usadas casualmente para descrever o entusiasmo feminino, como isso molda a maneira como essas meninas veem a si mesmas?”.

Yve diz que essa tentativa de propagar o rebaixamento feminino é uma tática machista antiga. Colocar as fãs como histéricas é munição para que meninas assumam serem menos capazes de racionalizar, de ter o mesmo respeito intelectual que os homens.

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Em entrevista à Nylon, Lola Tung, que dá vida à protagonista Belly, falou sobre a importância de amar as coisas só por amar, em vez de se preocupar se podem ser bregas ou sem graça. “As pessoas fazem esse tipo de coisa: ‘Meu Deus, é constrangedor eu gostar de O Verão Que Mudou Minha Vida porque tenho 30 anos’, e eu fico tipo: por que isso é constrangedor? Não acho que haja nada de constrangedor em gostar das coisas que você gosta.”

“Muitas vezes, a literatura YA (young adults) é associada a mulheres e ao público feminino, e é por isso que às vezes é deixada de lado. Todo mundo deveria simplesmente sentir as coisas e parar de ter medo delas”, completou.

É importante que fique claro mais uma vez: ir com as amigas a um bar ou se reunir em casa para ver o último episódio da sua série não é nada bobo, fútil ou exagerado.

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