Fumaça das queimadas na Amazônia já pode ser vista do espaço, alerta NASA

Maaaaas tem que gente ainda achando que tudo isso é sensacionalismo e que a nuvem de fumaça não chegou nem a Sul do Brasil.

Por Isabella Otto Atualizado em 31 out 2024, 01h33 - Publicado em 22 ago 2019, 11h18

A Amazônia, maior floresta tropical da Terra, conhecida como o “pulmão do mundo”, está queimando há quase 20 dias ininterruptamente. Na última quarta-feira, 21, Jair Bolsonaro insinuou em entrevista ao G1 que esse fogo pode ter sido plantado por ONGs, numa tentativa de incriminar o presidente e seu governo. No mesmo dia, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, fez pouco caso das pesquisas realizadas por institutos meteorológicos, que disseram que a fumaça das queimadas estava descendo pela América do Sul e havia contribuído para o escurecimento do céu em plena tarde da última segunda-feira, 19, fenômeno que atingiu várias regiões do Brasil e até países vizinhos, como Bolívia e Argentina.

Brasil2/Getty Images

Apesar das declarações, e de alguns ainda acreditarem que as queimadas na Amazônia são por causas naturais, devido ao período de seca, a NASA emitiu um alerta informando que a fumaça já pode ser vista do espaço sideral, conforme mostram imagens de satélite. “Uma das questões mais preocupantes envolvendo um incêndio em larga escala como esse na Amazônia é o impacto que isso pode gerar no Ciclo do Carbono, devido à perda da vegetação tropical”, explicou Mark Parrington, cientista senior do Copernicus Atmosphere Monitoring Service (CAMS) à ABC.

 

O que acontece é que a floresta atua como um enorme filtro de gases que provocam o efeito estufa, como o Carbônico. Ou seja, ela é parte essencial no combate ao aquecimento global. Sem ela, o Centro-Sul do planeta se transformaria em deserto, conforme explicam os cientistas brasileiros Kleber Del-Claro e Helena Torezan, professores da Universidade Federal de Uberlândia. “Ao queimarmos a vegetação amazônica para colocar gado e soja lá, estamos fazendo isso em um solo muito antigo, muito pobre, que só é sustentado pela própria floresta, em sua auto-ciclagem de nutrientes. Vamos precisar de bilhões em insumos para qualquer coisa crescer lá após cinco anos. E sem a floresta, os rios aéreos irão secar, o Centro-Oeste se tornará mais quente, assim como o Sudeste; Uruguai e Argentina tamb��m sofrerão imediatamente os efeitos. Passaremos a um processo de desertificação acelerado e sem retorno“, garantem.

Saiba mais sobre o fenômeno abaixo:

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Além disso, um artigo publicado recentemente na revista Science Advances pelo professor Thomas Lovejoy, da Mason University, nos Estados Unidos, e pelo coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas, Carlos Nobre, mostra que o desmatamento na Amazônia está “prestes a atingir um ponto de inflexão”. Isso acontece porque a oferta precisa acompanhar a demanda. Como assim? Os brasileiros são aqueles que mais consomem carne vermelha no mundo, numa quantidade muito além da necessária para o corpo humano. É puro prazer. Logo, é preciso construir mais pastos para criar mais bois e vacas. E tem lugar mais ~apetitoso~ e lucrativo para isso que a Amazônia e região?!

 

Em 2018, Maureen Santos, organizadora do estudo Atlas da Carne, já havia feito o alerta: “a maioria da carne consumida é produzida de forma industrial, em uma cadeia totalmente insustentável“. Não é deixar de comer carne vermelha ou virar vegano, até porque este é um estilo de vida nem sempre acessível a todos, principalmente quando falamos do Brasil, um país tão desigual, onde milhares de pessoas não tem sequer o que comer. Contudo, é preciso repensar a quantidade de carne que estamos ingerindo e por que a estamos ingerindo. É necessidade mesmo, prazer ou puro costume

Confira a seguir a imagem do satélite em que é possível ver a fumaça proveniente das queimadas na região amazônica do espaço:

Supplied: Santiago Gasso/NASA/Reprodução
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