Homens batem em mulheres que negaram entretê-los com beijo lésbico

Casal estava em um ônibus quando as "piadinhas sexualizadas" começaram e terminaram em um espancamento coletivo.

Por Isabella Otto Atualizado em 31 out 2024, 01h54 - Publicado em 9 jun 2019, 10h02

No Brasil, junho é conhecido como o mês do amor, por causa do Dia dos Namorados. No mundo, o mês de junho é marcado pelo combate à LGBTfobia. Segundo o último Atlas da Violência, os crimes contra homossexuais aumentaram consideravelmente em todos os países do globo. Entre 2011 e 2017, os homicídios de gays subiram de 5 para 193 no Brasil. Em um mês tão significativo, é ainda mais triste ter que dar notícias como essa: um casal lésbico foi espancado por um bando de homens que ficaram excitados ao verem duas mulheres juntas. Os caras, que tinham entre 15 e 18 anos, queriam que as jovens se beijassem para eles verem. As meninas, é claro, negaram, pois são serem humanos, não objetos, e não estavam ali para satisfazer desejos machistas. Irritados, os homens partiram para a violência. O caso aconteceu em Londres e tornou-se público na última sexta-feira, 6.

Melania (à direita) e Chris (à esquerda) ainda no ônibus e sujas de sangue após crime de lgbtfobia e contra a mulher. Sam Webb/Metro UK/Reprodução

Melania Geymonat, de 28 anos, que mora em Hertfordshire, estava sentada com sua namorada, Chris, na parte da frente do ônibus, se divertindo com a experiência de andar nos típicos modelos ingleses de dois andares. Melania é uruguaia e Chris, americana. O grupo de homens foi se aproximando e começou a fazer comentários sexistas. “Nós estávamos sendo vistas como um entretenimento e aquilo me deixou com muita raiva“, contou Melania em entrevista ao Metro UK.

Os caras começaram a pedir que elas se beijassem para eles verem, elas se recusarem e eles se sentiram no direito de agredi-las. “A próxima coisa que me lembro é de ver Chris no meio deles enquanto eles batiam nela”, recorda a namorada.

O casal conseguiu em determinado momento descer as escadas do ônibus, e se deparou com policiais no primeiro piso, que prestaram socorro. “Nós tivemos que lidar com misoginia, lgbtfobia, e violência verbal e física(…) Estou cansada de ser vista como um objeto sexual“, desabafou a uruguaia.

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Melania e Chris estavam felizes voltando de uma noitada em Camden, um bairro badalado ao norte de Londres, e chegaram em casa sangrando – por dentro e por fora. Ambas fizeram exames e agora estão cuidando dos muitos machucados.

De acordo com o grupo britânico Stonewall, de 2013 a 2016, os crimes contra gays, lésbicas e bissexuais aumentaram 78% na Inglaterra. Laura Russel, diretora de pesquisa e política do grupo, se manifestou sobre o caso: “esse ataque é um perturbador lembrete de que ainda temos muito o que lutar pela igualdade da comunidade LGBTQ+”.

Na última sexta-feira, 7, a polícia de Londres comunicou que os quatro adolescentes envolvidos no caso foram detidos, conforme é possível ver abaixo:

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Pouco antes do comunicado da Scotland Yard, Sadiq Khan, prefeito da cidade, comentou o caso: “isto foi um ataque repugnante e misóginos. Crimes de ódio contra a comunidade LGBTQ+ não serão tolerados em Londres“.

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