Adolescentes e jovens podem tomar suplementos e fazer academia?

A resposta é sim. Mas especialistas explicam à CAPRICHO quais cuidados que a nossa galera deve ter para não entrar na onda de "trends" equivocadas.

Por Mavi Faria Atualizado em 29 out 2024, 15h49 - Publicado em 14 Maio 2024, 17h42
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vida fitness chega para todos e, nas redes, o que não faltam são vídeos de rotina de exercícios e alimentação saudável. A trend, agora, é alcançar um dia a dia equilibrado e viver este tipo de ‘lifestyle’ propagado — algumas pessoas podem levar ao extremo, mas a verdade é que incentivar o exercício físico é sempre uma boa alternativa. A prática melhora o condicionamento físico, ajuda a saúde mental e traz diversos outros benefícios.

Ah, e a trend não se popularizou só entre adultos não, tá? Nossa galera também está buscando uma rotina mais saudável e colocando o exercício físico dentro da rotina. Mas, mesmo entre aqueles que já praticam uma atividade física regularmente — que costuma ser a academia — ou entre aqueles que continuam pensando em começar a se exercitar, o que não faltam são dúvidas sobre os impactos do exercício no organismo e até mesmo sobre o uso de suplementos.

No caso dos suplementos hormonais, embora não exista idade mínima indicada para começar a tomá-los, Sávio Diego do Nascimento Cavalcante, médico endocrinologista, alerta que os jovens não devem fazer uso de esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA), e afirma que o uso dessas substâncias deva ser “desencorajada para todos os indivíduos”.

O que são EAA?

Os esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA) são substâncias utilizadas para aumentar o desempenho e a performance na prática esportiva, além de intensificar a evolução física e estética. O ganho de músculos, por exemplo, que costuma ser demorado, é intensificado pelos EAA.

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Mas não pense que eles não causam nenhum dano ao organismo. Os efeitos colaterais são tão graves que o Conselho Federal de Medicina (CFM), há pouco mais de um ano, como afirma o médico endrocrinologista, proibiu o uso dessas substâncias para fins estéticos, de desempenho ou de ganho de massa muscular no Brasil.

Além disso, Sávio lembra que a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) já alertou que “não há dose segura nem maneira de evitar o surgimento das complicações do uso indevido de EAA”. Para se ter uma ideia, o médico listou alguns dos efeitos colaterais dos EAA, que são:

  • problemas gonadais (os testículos tendem a ficar atrofiados e diminuídos, além da infertilidade);
  • ginecomastia (aumento do volume das glândulas mamárias nos homens);
  • acne (espinhas faciais e corporais);
  • alopecia (queda capilar acentuada, ou as famosas “entradas”);
  • hepatotoxicidade (agressão ao fígado);
  • perturbações psiquiátricas (dependência, depressão e agressividade);
  • afeta o sistema cardiovascular, aumentando o risco de hipertensão (pressão arterial elevada), arritmias cardíacas e até mesmo morte súbita.

Além destes problemas causados pelos esteroides em indivíduos de qualquer idade, nossa galera corre um risco ainda maior, em especial aqueles que estão na puberdade.

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Isso porque, segundo Sávio, o crescimento do jovem na puberdade é muito prejudicado se ele faz a utilização de EAA porque “a testosterona administrada acaba sendo modificada para estrogênio dentro do organismo e esse hormônio, dentre as várias funções que ele desempenha, pode levar os jovens ao fechamento precoce das cartilagens do crescimento”.

Ou seja, independente se a sua família costuma ter uma estatura mais alta, se você faz uso de esteroides, pode ter seu crescimento prejudicado e ficar mais baixo que os colegas do mesmo sexo e idade, e abaixo do que era previsto pela genética da sua família.

Suplementos alimentares também não são indicados, CH? 

Neste caso, são, sim! Diferente dos anabolizantes e esteroides, que são suplementos hormonais, os suplementos alimentares são derivados de substâncias alimentares e, por isso, podem ser consumidos por jovens, como afirma Sávio. O intuito é fornecer nutrientes que possam estar faltando, como vitaminas, minerais e fibras – não garantir força e ganho exorbitante de massa muscular, como propõem os EAA.

Já quando não há falta de nenhuma substância, o acréscimo serve para ter mais disposição nos exercícios e para auxiliar o ganho de massa magra, por exemplo. Alguns tipos de suplementos utilizados por quem pratica exercício físicos são o Whey protein, a Creatina, o Nitrato, a Cafeína e a Beta Alanina.

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O Whey protein, por exemplo, é um suplemento à base do soro do leite, rico em proteínas de alto valor biológico, o que estimula a síntese proteica muscular, ou seja, o crescimento muscular, como explica o médico endocrinologista. “É uma forma prática de garantir a ingestão proteica em qualidade e quantidade adequada, minimizando as calorias”, diz.

Entretanto, mesmo não tendo idade mínima ou máxima para uso, e seja liberada para jovens, Sávio ressalta que “é fundamental procurar assistência médica especializada antes do início do uso para realizar o acompanhamento em longo prazo”. Além disso, é preciso que os suplementos sejam acompanhados por uma dieta saudável e equilibrada, e eles não substituem uma refeição, tá? Os suplementos só trazem benefícios se tomados na dose certa e se você precisar.

E academia, é prejudicial?

Não! Jovens podem malhar, independente da faixa etária e do gênero, como afirma o médico endocrinologista, “mas sempre respeitando os princípios de progressão de carga, descanso, volume de treino e execução ideal sob orientação especializada e seriada a fim de evitar lesões ou qualquer outro prejuízo”.

A prática da musculação, na verdade, traz diversos benefícios ao organismo e ao crescimento do corpo por estimular a síntese proteica muscular (ou seja, a formação de proteínas), o que, segundo Sávio, promove o crescimento muscular, “o que denominamos anabolismo, principalmente quando aliada a uma dieta balanceada com proteínas de alto valor biológico, sendo as de origem animal e, portanto, as com mais aminoácidos”.

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Além disso, Sávio pontua outro benefício que tanto jovens, quanto adultos ganham ao executarem exercícios de resistência como a musculação.

“A prática de musculação, por exemplo, em níveis de frequência cardíaca de cerca de 75-90% da capacidade do corpo de utilizar o oxigênio para gerar movimento, apresenta um segundo pico do hormônio do crescimento (GH) do próprio corpo, além do pico habitual na madrugada, e este hormônio também tem ação naturalmente anabólica”, finaliza.

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