Jovens preferem o aluguel ou o sonho da casa própria ficou longe demais?

Estudo analisou as aspirações habitacionais da Geração Z e o que elas nos dizem sobre o cenário atual

Por Juliana Morales 27 out 2025, 17h40
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ocê já deve ter escutado a história da “geração aluguel”, que afirma que a galera mais jovem não liga para o sonho da casa própria. Mas um estudo brasileiro publicado no International Journal of Urban and Regional Research (IJURR), que analisou as preferências habitacionais entre diferentes gerações no país, mostra que não é bem assim.

Apesar do avanço do aluguel, 95% dos jovens brasileiros ainda sonham em ter um imóvel próprio na terceira idade. Para a maioria das gerações Y (nascidos entre 1985 e 1999) e Z (a partir dos anos 2000), o aluguel é uma solução temporária diante das dificuldades econômicas, e não uma escolha definitiva de estilo de vida.

Segundo a análise do urbanista Rafael Kalinoski, doutor e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e um dos responsáveis pelo estudo, o aluguel realmente permite que os jovens explorem oportunidades educacionais, profissionais e pessoais sem as restrições que a aquisição de uma casa própria e suas dívidas associadas podem impor. “Mas os jovens podem abraçar esse ideal não porque realmente o prefiram, mas porque veem a aquisição de uma casa própria como inatingível.”

O estudo revela, portanto, que mesmo que os mais jovens esteja vivendo de aluguel por diferente fatores econômicos e sociais, isso não elimina o desejo pela casa própria. Ao entrevistar indivíduos de diferentes faixas etárias, os pesquisadores mapearam perfis distintos de aspirações habitacionais, associados a diferentes gerações.

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Enquanto os mais velhos associam a posse do imóvel à segurança e ao status social, ou veem o imóvel como uma proteção do patrimônio familiar e garantia de valorização ao longo do tempo, os jovens nascidos a partir de 1985 tendem a ser um perfil mais flexível nessa questão.

Segundo o levantamento, eles priorizam a liberdade e experiências de vida, como viagens ou mobilidade, em vez de assumir compromissos de longo prazo com financiamentos imobiliários, e que não veem a propriedade de imóveis como o único caminho para a segurança. Mas isso não significa, no entanto, que eles não tenham planos de comprar um imóvel. O plano ideal, para maioria deles, seria aproveitar a liberdade por muito tempo, mas, no momento certo, ter condições financeiras para garantir um cantinho de estabilidade.

Vale pontuar que a divisão da população em gerações, de acordo com o ano de nascimento, ajuda a listar características, valores e formas de relacionar em comum entre as pessoas de épocas semelhantes. Mas é preciso tomar cuidado para não cair em narrativas generalistas e simplistas, como a de que a Geração Z não quer ser chefe, ou a dessa história de que a galera mais jovem é da “geração aluguel”, por não ligar para o sonho da casa própria. Além isso,você pode se identificar ou não com o comportamento da sua geração, não existe uma regra.

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