Namoro firme influencia mais o uso de camisinha do que orientação sexual

Nova pesquisa brasileira mostra que, quando a relação fica estável, muita gente acaba deixando de lado o preservativo

Por Redação da CAPRICHO, com informações da Agência Einstein 24 ago 2025, 13h00
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esquisadores de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul mergulharam no comportamento sexual de homens cisgênero brasileiros, héteros, gays e bissexuais, e chegaram à conclusão que a estabilidade amorosa pode pesar mais na prevenção de ISTs do que a orientação sexual – diferente do que muita gente imagina.

Segundo o estudo publicado em junho na revista Ciência & Saúde Coletiva, apenas 25,7% dos heterossexuais usaram camisinha em todas as relações sexuais no último ano. Já entre homens gays e bissexuais, esse indicador foi de 56,3%. No caso da última relação, enquanto 80,5% dos indivíduos homoafetivos declararam ter utilizado preservativo durante a atividade sexual, somente 41,1% dos héteros o fizeram.

Entre os participantes que moram com o parceiro, a equipe constatou que 37,9% dos homens que se identificam como homossexuais ou bissexuais fazem uso contínuo de preservativo. Entre os que não vivem com o cônjuge, esse percentual foi de 62,4%. O padrão se aplica também aos heterossexuais: apenas 13,4% dos que vivem com sua parceira usam camisinha, contra 57% dos que não moram com a companheira.

Por que isso pode parecer uma surpresa para muitas pessoas, CH?

No auge da epidemia do HIV, nos anos 1980 e 1990, os homens gays e bissexuais foram considerados “grupos de risco” para essa e outras infecções sexualmente transmissíveis. Isso fez com que nascesse a ideia de que eles seriam as únicas vítimas dessas doenças, e esse pensamento ainda tem certa força até hoje – mas não é verdade, viu? Homens héteros também estão sujeitos às ISTs.

“Como mostramos em nosso estudo, o uso dos preservativos pode não estar necessariamente associado à orientação sexual dos sujeitos, mas, sim, ao tipo de relacionamento em que eles se encontram”, explica a pesquisadora Flávia Pilecco, primeira autora do estudo e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),  à Agência Einsten.

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Ela desta que o objetivo do estudo era, justamente, “desconstruir a ideia de ‘grupos de risco’, indicando que o contexto no qual os sujeitos estão inseridos é mais importante para se pensar a prevenção do que o pertencimento a um grupo de orientação sexual ou outro”. 

Por que os homens héteros usam menos camisinha quando namoram?

O urologista Daniel Zylbersztejn, do Einstein Hospital Israelita, explica que o fato de casais deixarem o preservativo de lado, ao estarem em uma relação mais estável, está relacionado com “uma menor preocupação com as ISTs, devido à confiança no pacto de exclusividade dos relacionamentos monogâmicos, quanto por uma tentativa de busca por mais prazer nas relações”.

O médico defende que, apesar de alguns homens justificarem que a camisinha diminui a sensibilidade durante o sexo, hoje há diversas opções de produtos no mercado brasileiro, como os que são mais finos – inclusive, agora, é possível retirar essas camisinhas mais finas e as texturizadas no SUS de graça. “Essas camisinhas possibilitam uma experiência muito semelhante àquela sentida no sexo desprotegido, tanto é que muitos relatam não ter nem sentido a presença do preservativo durante a atividade”, destaca Zylbersztejn.

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Neste outro texto aqui, te contamos quatro motivos pra você continuar usando camisinha mesmo namorando.

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