O que é o africanofuturismo e no que ele se difere do afrofuturismo

Cunhado pela escritora Nnedi Okorafor, ele evidencia e privilegia o ponto de vista exclusivo da África; entenda!

Por Roberta Gurriti Atualizado em 30 out 2024, 15h47 - Publicado em 10 jul 2022, 09h22

Em 2019, depois de ter seu trabalho encaixado no movimento afrofuturista, a autora Nnedi Okorafor, de 48 anos, publicou um texto explicando que ela não escreve sobre afrofuturismo, mas sobre africanofuturismo. Mas o que seria esse termo? Ele é novo? Calma, que te explico!

O afrofuturismo é um movimento cultural, estético e político que se manifesta no campo da literatura, do cinema, da fotografia, da moda, da arte e da música a partir da perspectiva negra. Ele utiliza elementos de ficção científica e fantasia para criar narrativas de protagonismo negro por meio da celebração de sua identidade, ancestralidade e história. Em geral, obras pertencentes a esse movimento procuram retratar um futuro grandioso, caracterizado tanto pela tecnologia avançada quanto pela superação das condições determinadas pela opressão racial, dentro do contexto da vivência africana e diaspórica.

Imagens que retratam o afrofuturismo. Figuras negras aparecem com trajes futurísticas e robôticas

O africanofuturismo segue quase a mesma vibe: o termo, cunhado por Nnedi, é definido por um movimento que evidencia e privilegia o ponto de vista exclusivo da África e, ao invés de se preocupar com o que poderia ter sido, ele foca no que pode ser – e será!

Ainda assim, a autora reconhece que os dois termos são próximos, já que ambos entendem que pessoas negras estão ligadas por sangue, espírito, história e futuro – sem deixar de reconhecer, é claro, o passado e as bagagens de cada um. No africanofuturismo, África e futurismo se misturam para criar algo novo.

Continua após a publicidade

+ Porque votar em 2022, se para mim não é obrigatório? A gente te explica no CH na Eleição.

Dica de leitura

A trilogia BINTI, escrita por Nnedi Okorafor, foi lançada em 2021 pela Galera Record, ganhando tradução da Carla Betelli. É um excelente exemplo para entender, na prática, o africanofuturismo.

Continua após a publicidade

Leia a sinopse completa:

Seu nome é Binti, e ela é a primeira de seu povo a ser aceita pela Universidade de Oomza, a instituição superior mais prestigiada da galáxia. Sua aptidão em matemática e habilidade com astrolábios fazem dela a candidata perfeita para empreender esse desafio interestelar. É, realmente, uma oportunidade imperdível. Mas se decidir partir para explorar as estrelas, passará a viver entre estranhos, pessoas que desconhecem completamente as tradições e os costumes himba – e, principalmente, desistirá de seu lugar entre a família. No entanto, conhecimento tem um custo, e Binti está disposta a pagar o preço. Mas sua jornada não será fácil. Ela precisará deixar a proteção da vida familiar em sua casa, atravessar as estrelas, afastar-se das fronteiras da Terra, mas isso não é tudo: o mundo que deseja entrar está há muito tempo infestado por Medusas – uma raça alienígena que se tornou seu maior pesadelo. A Universidade de Oomza desonrou as criaturas de uma forma inacreditável, e a viagem estelar de Binti a deixará ao alcance da rainha Medusa. Se Binti quiser sobreviver ao legado de uma guerra não causada por ela, precisará unir os dons e a sabedoria de seu povo à sabedoria dos decanos da Universidade – mas, primeiro, ela precisa chegar viva ao planeta.

Publicidade