O que você deve fazer em cada parte da sua redação do Enem

O texto dissertativo-argumentativo deve ser composto pela introdução, desenvolvimento e a proposta de intervenção para concluir

Por Da Redação Atualizado em 29 out 2024, 18h10 - Publicado em 29 out 2023, 10h31

No próximo domingo (5), acontecerá o primeiro dia do Enem 2023. Nesta etapa, além de 90 questões de múltipla escolha, os candidatos deverão escrever um texto dissertativo-argumentativo, com até 30 linhas, a partir do tema proposto pela banca.

Além da frase-tema, o exame traz textos motivadores para ajudar os candidatos refletirem sobre a temática e aspectos importantes a serem discutidos na redação. Eles podem ser um bom guia, principalmente, se o estudante não tiver tanto domínio do tema em questão. Depois de ler com atenção, é hora de colocar a mão na massa!

A redação do Enem segue uma estrutura clássica e bem definida. Ela deve ter uma introdução, um ou mais parágrafos de desenvolvimento e uma conclusão, em que o estudante deve trazer uma proposta de intervenção. A seguir, te explicamos com mais detalhes as orientações para cada uma dessas partes.

Introdução

O primeiro parágrafo é o momento de apresentar, logo de cara, o seu ponto de vista sobre a situação-problema proposta pelo exame. Essa vai ser a tese que vai guiar todo seu texto, então vale trazer sua opinião de uma maneira bem articulada. É importante fazer referência às palavras-chave da proposta de redação.

Desenvolvimento

Nos parágrafos de desenvolvimento, é hora de defender o ponto de vista por você escolhido na introdução, certo? Para desenvolver justificativas para comprovar sua tese, você pode utilizar exemplos, dados estatísticos, pesquisas, fatos comprováveis, citações ou depoimentos de pessoas especializadas no assunto, pequenas narrativas ilustrativas, alusões históricas e comparações entre fatos, situações, épocas ou lugares distintos.

Todas as ideias devem estar ligadas de uma maneira coesa, ou seja, devem conversar entre si e se conectar para criar uma linha de pensamento que faça sentido.

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Proposta de intervenção

Diferente de outras provas, no Enem, a conclusão não é a parte em que o estudante apenas retoma os pontos principais abordados no texto. Ele deve apresentar uma proposta de intervenção para o problema abordado, ou seja, sugerir uma iniciativa que busque enfrentá-lo. Mas atenção: essas possíveis soluções devem ser coerentes com o ponto de vista e os argumentos utilizados ao longo do texto. 

Além de dizer o que e como deve ser feito, é preciso indicar quem é o ator social que pode colocar a possível solução em prática. Pode ser o governo, as organizações não governamentais (ONGs), a mídia, o indivíduo ou a iniciativa privada, a família, a escola e a sociedade.

Para fazer uma proposta de intervenção bem completa, a Cartilha de Redação do Enem indica que o candidato busque responder às seguintes perguntas:

1. O que é possível apresentar como solução para o problema?

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2. Quem deve executá-la?

3. Como viabilizar essa solução?

4. Qual efeito ela pode alcançar?

5. Que outra informação pode ser acrescentada para detalhar a proposta?

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Exemplo de redação nota 1000

Agora que detalhamos o que deve ser feito em cada parte, vale ver na prática como se dá o desenvolvimento de cada parte da estrutura da redação do Enem. Confira a seguir um modelo de redação nota 1000 disponibilizado pelo Inep, para servir como exemplo.

No Brasil, o Artigo 1º da Constituição Federal de 1988 delibera a garantia da cidadania e da integridade da pessoa humana como fundamento para a instituição do Estado Democrático de Direito, no qual deve-se assegurar o bem-estar coletivo. No entanto, hodiernamente, não há o cumprimento efetivo dessa premissa para a totalidade dos cidadãos, haja vista os empecilhos no que tange à valorização de comunidades e povos tradicionais no país. Nesse viés, torna-se essencial analisar duas vertentes relacionadas à problemática: a inferiorização desses grupos bem como a perspectiva do mercado nacional.

Sob esse prisma, é primordial destacar a discriminação contra esses indivíduos no Brasil. Nesse sentido, de acordo com o sociólogo canadense Erving Goffman, o estigma caracteriza-se por atributos profundamente depreciativos estabelecidos pelo meio social. Nesse contexto, observa-se a maneira como os povos tradicionais, a exemplo dos quilombolas e dos ciganos, sofrem a estigmatização na sociedade brasileira, pois são, muitas vezes, considerados sujeitos sem utilidade para o crescimento econômico do país, uma vez que as práticas de subsistência são
comuns nessas comunidades. Dessa forma, ocorre a marginalização desses grupos, fato o qual os
distancia da valorização no país.

Outrossim, é relevante ressaltar a perspectiva mercadológica brasileira como fator agravante dessa realidade. Nessa conjuntura, segundo a obra “O Capital”, escrita pelos filósofos economistas Karl Marx e Friedrich Engels, o capitalismo prioriza a lucratividade em detrimento de valores. Nesse cenário, diversas empresas, no Brasil, estruturadas em base capitalista, atuam a partir de mecanismos de financiamento e apoio às legislações que incentivam a exploração de territórios ambientais habitados por povos tradicionais, como a região amazônica, sem
levar em consideração a defesa da sociobiodiversidade nessas comunidades. Desse modo, há a manutenção de ações as quais visam somente ao lucro no mercado corporativo e são coniventes com processos de apropriação bem como de desvalorização dos nichos sociais de populações tradicionais no país.

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Portanto, são necessárias intervenções capazes de fomentar a valorização desses indivíduos na sociedade brasileira. Para tanto, cabe ao Ministério da Educação promover a mudança das concepções discriminatórias contra as comunidades tradicionais, por meio da realização de palestras periódicas nas escolas, ministradas por sociólogos e antropólogos, as quais conscientizem os sujeitos acerca da importância desses povos para o país, a fim de minimizar o preconceito nesse âmbito. Além disso, é dever do Ministério da Economia impor sanções às empresas que explorem os territórios habitados por essas comunidades, com o intuito de desestimular tais ações. A partir dessas medidas, a desvalorização das populações tradicionais poderá ser superada no Brasil.

 

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