Por que personagens femininas são odiadas e, para os homens, passam pano?

Sarah Jessica Parker desabafa sobre o julgamento desigual que Carrie Bradshaw recebe em comparação com personagens masculinos.

Por Mavi Faria Atualizado em 24 jun 2025, 10h28 - Publicado em 23 jun 2025, 14h29
Q

uando falamos em julgamento social, incluindo nas redes sociais, é inegável que existem dois pesos e duas medidas quando falamos de atitudes tomadas por um homem e por uma mulher. Um exemplo prático são as discussões sobre male gaze e retrocesso do feminismo que inundaram as redes após o anúncio da capa de Man’s Best Friend, novo álbum da Sabrina Carpenter.

A pose sugestiva com um homem puxando o cabelo da cantora na foto foi suficiente para que a galera já julgasse Sabrina como vulgar e até anti-feminista. Contudo, uma parte dos comentários lembrou como tais críticas não parecem ser a regra quando comparamos atitudes muito similares cometidas por cantores do gênero masculino. E esse tipo de desigualdade não é restrita ao ambiente musical.

Em uma entrevista recente ao HuffPost do Reino Unido, a atriz Sarah Jessica Parker comentou sobre como a própria personagem Carrie Bradshaw, de Sex and the City, experiencia esse mesmo tipo de julgamento desmedido. Para a atriz, é até interessante ver como a crítica condena as decisões ruins tomadas pela protagonista da série envolvendo relacionamentos amorosos, amizades e até consumo de roupas e sapatos, enquanto personagens masculinos de série podem ser assassinos, agressores e cometerem diversos crimes sem passar pela mesma balança.

Se uma mulher tem um caso, ou se comporta mal, ou gasta dinheiro de forma tola, ela é objeto de [desprezo, e] há uma espécie de resposta punitiva a isso”, afirma.

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“Acho que, fundamentalmente, Carrie é uma pessoa extraordinariamente decente e boa. É uma amiga extremamente dedicada, generosa de espírito e tempo, em tudo o que tem a oferecer”, defende a personagem. “Se ela cometeu erros ou não foi madura no amor, é sempre interessante para mim que isso seja tão condenado, mas um protagonista masculino em uma série pode ser um assassino, e as pessoas o adoram”, completa. 

Em séries ou filmes de serial killer, por exemplo, mesmo quando a história é baseada em fatos reais, o público acolhe o personagem e até se torna fã — neste caso, há crimes reais envolvidos, diferente do caso de Carrie. A fonte do julgamento de Sabrina Carpenter parece ser a mesma da de Carrie Bradshaw, e remete ao machismo antigo e estrutural que ainda — e hoje mais do que nunca com o retorno de ideias conservadoras — se faz presente.

Essa ideia de superioridade masculina e de submissão feminina abre espaço para que homens, mesmo que na ficção, tenham sinal verde para cometerem o crime que for, enquanto, das mulheres, é esperado o comportamento perfeito, sem falhas e sem se deixar levar ao que é entendido como ‘vulgar’.

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