Por que eu deveria votar em 2022, se para mim isso é opcional?

Tirar o título de eleitor para tornar o seu dia a dia melhor vale a pena - e ajuda até mesmo outros adolescentes como você.

Por Marcela de Mingo, especial para a Capricho Atualizado em 30 out 2024, 16h06 - Publicado em 12 abr 2022, 16h10

Você que acompanha a Capricho no Instagram já tá sabendo que falta pouco menos de um mês para os jovens de 16 a 18 anos tirarem o título de eleitor e participarem das eleições desse ano. Tem um motivo para a gente estar falando sobre isso, claro: o engajamento da nossa galera está em um dos patamares mais baixos dos últimos 30 anos

Diz o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que até fevereiro de 2022 apenas 830 mil adolescentes brasileiros já tinham o seu título de eleitor em mãos. Nas últimas eleições municipais, em 2020, 23% das pessoas com idade entre 16 e 17 anos estavam aptas para votar. Esse ano, essa porcentagem caiu para 13%. 

Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por CAPRICHO (@capricho)

Como nada nessa vida é por acaso, fomos entender o porquê da situação eleitoral brasileira jovem estar nesse patamar baixíssimo. “A gente investe pouco em chamar os jovens para tirar o título e votar, mas, em especial, para ser parte da política no dia a dia e não a cada dois ou quatro anos”, diz Helena Branco, 19 anos, que mobiliza a campanha #SeuVotoImporta nas redes sociais e faz parte da rede Girl Up, uma organização da sociedade civil que conecta e treina meninas para liderança.

“Eu vejo uma baixa adesão da promoção desses espaços em que o jovem possa incidir e participar da democracia. O jovem está se distanciando das eleições no momento em que ele vê que isso pode causar brigas na família, entre amigos, violência nas redes sociais… existe um contexto de hostilidade cercando essa eleição, e o jovem não quer participar disso”, continua. 

Continua após a publicidade

Antes esse fosse o único motivo. Para a Helena, outro ponto que distancia os mais novos e aptos a votar nas eleições – e da política – é o tom paternalista. Ou seja, a conversa que vem de cima para baixo, chamando o jovem ao voto com tom de bronca, como se ele fosse alienado e não votasse por pura impotência. Ao invés de uma conversa entre nós, o que acontece é quase uma ordem: “vote, porque o futuro do país está nas suas mãos”. Quem fica tentado a votar assim, né? 

View this post on Instagram

A post shared by CAPRICHO (@capricho)

“Tem também um fenômeno mundial caracterizado por uma descrença na política tradicional, partidária, das eleições… Existem pesquisas mostrando que a juventude não se interessa muito por essa política tradicional, especialmente quando a gente pensa em eleições”, explica Carolina de Paula, cientista política e pesquisadora da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).

“Os jovens não se reconhecem muito na classe política, ela não espelha… Principalmente o Legislativo, com aquele perfil tradicional do político brasileiro, o homem branco acima de 50 anos, com um discurso que não mobiliza muito os jovens”. 

Continua após a publicidade

Tá, ok. Entendi. Mas por que eu devo votar, então?

Mais do que votar para presidente, governador e deputados esse ano, o que vale a pena é a gente começar a entender quais pautas políticas já interferem no nosso dia a dia. A Helena, por exemplo, levantou dois pontos bem importantes: o preço dos alimentos está aumentando muito (você já deve ter percebido) e o investimento em educação pública caiu. 

Se você ainda está na escola (ou já está na faculdade) e teve que começar a trabalhar durante a pandemia para ajudar com as contas de casa, é provável que seja por um desses dois motivos. Mesmo que você não entenda muito sobre economia ou como as políticas públicas funcionam, deve ter percebido que a situação não está fácil para ninguém. 

Outro motivo para participar das eleições desse ano é começar conversas que, até então, ficavam bem distantes de nós. “Eu sinto que a gente precisa mudar esse tom de bronca, como se as pessoas tivessem insistindo que a gente não tem interesse na política ou não está tirando o título por impotência e falta de vontade”, diz Helena. “A gente precisa gerar mais diálogo e mais identificação.”

O trabalho está, principalmente, no desenvolvimento da nossa autoestima política, que cresce em um ambiente acolhedor e em momentos de reflexão. Se você quer ver mais mulheres na política, por exemplo, o voto é um grande aliado para que isso aconteça. O mesmo se o seu desejo é ver a floresta de pé ou que as mudanças climáticas sejam levadas a sério. “O voto está aí para que possamos colocar no poder público pessoas que se importam com as nossas pautas”, continua a ativista. 

Continua após a publicidade

“É importante mostrar a diferença que faz o jovem se envolver”, afirma Carolina. “A gente mora num país que tem um sistema público de saúde, um transporte público, um sistema de educação público… que pode ser melhor. É importante que ele eleja pessoas que melhorem o dia a dia dele, mostrando a necessidade de bons políticos, que façam boas políticas públicas.”

Infelizmente, não tem outro jeito da gente desenvolver essa autoestima que não seja estudando. Mas calma, antes que você entre em pânico pensando que tem mais uma coisa para encaixar na sua agenda de estudos, pode ser mais simples: dá para começar se informando aos poucos sobre os assuntos pelos quais você se interessa.

Se você se preocupa com a questão climática, que tal acompanhar uma galera que fale sobre isso nas redes sociais? E, a partir daí, será que você consegue fazer mudanças no seu dia pra ajudar o meio ambiente e, depois, votar em alguém que também veja a importância disso? 

“Você não precisa ter um super conhecimento de política para votar pelo que você acredita – e o voto também é um pilar muito importante da democracia. Se a juventude quer agir pelo fortalecimento da democracia, tirar o título e votar são passos extremamente importantes. A gente vai continuar pressionando politicamente pelo avanço das nossas pautas”, enfatiza Helena. 

Continua após a publicidade

Então, já sabe, né?! Você não precisa ser expert no assunto, nem entrar em brigas com a sua família ou com os seus amigos por causa disso (acredite, a gente vai ajudar com isso mais pra frente). Mas tirar o seu título de eleitor para tornar o seu dia a dia melhor vale a pena – e ajuda até mesmo outros adolescentes como você, que não tem tanto acesso à informação ou consciência da importância do voto. 

Não perde tempo: dá para tirar o seu título de eleitor até o dia 04 de maio de 2022. Clica aqui para solicitar o seu. 

Publicidade