Boots: a série que irritou Donald Trump e todo garoto devia assistir
Inspirada em uma história real, produção da Netflix retrata um jovem gay em meio ao exército dos anos 1990
e tem uma série que todo garoto devia assistir, é Boots. O novo sucesso da Netflix chegou sem muito alarde, mas rapidamente virou assunto, e não foi apenas por ter conquistado o topo do ranking de mais vistas da plataforma. A produção incomodou o governo de Donald Trump, gerou críticas do Pentágono e escancara a forma como homens crescem sem entender como expressar suas vulnerabilidades para não parecerem menos “machos”.
Criada por Andy Parker e inspirada nas memórias do ex-fuzileiro Greg Cope White, autor do livro The Pink Marine: One Boy’s Journey Through Bootcamp to Manhood, Boots se passa nos Estados Unidos dos anos 1990, quando ser gay nas Forças Armadas ainda era ilegal.
O protagonista, Cameron Cope (vivido por Miles Heizer, de 13 Reasons Why), é um adolescente gay não assumido que decide se alistar no Corpo de Fuzileiros Navais ao lado do melhor amigo que odeia errar, Ray McAffey (Liam Oh), em busca de propósito e talvez um pouco de fuga da própria realidade.
O que começa como uma aventura entre amigos rapidamente se transforma em uma jornada sobre identidade e pertencimento. Cameron precisa esconder quem é em um ambiente que exige obediência e masculinidade rígida. Enquanto isso, o treinamento, liderado por superiores duros como o sargento Sullivan (Max Parker), expõe os limites físicos e emocionais de cada recruta.
Mesmo em meio à dureza militar, Boots não perde a leveza. O roteiro intercala momentos de humor e ternura com cenas intensas de superação, mostrando que vulnerabilidade também é força. A trilha sonora, cheia de clássicos dos anos 1990, dá um toque nostálgico à narrativa, que lembra produções como Sex Education, mas com o peso de Nascido para Matar ou Até o Último Homem.
A série virou alvo de polêmica após a secretária de imprensa do Pentágono, Kingsley Wilson, criticar publicamente a Netflix, chamando o conteúdo de “lixo woke” e elogiando Trump por “restaurar o espírito guerreiro” nas Forças Armadas. A declaração só reforçou a importância da trama, que revisita o período da política Don’t Ask, Don’t Tell, quando pessoas LGBTQ+ podiam servir no exército apenas se escondessem quem eram.
A série fala sobre crescer em um mundo que cobra rigidez emocional dos meninos e mostra o impacto disso em quem tenta se encaixar a qualquer custo. Cameron entende que ser homem não tem nada a ver com força física, e sim com empatia, lealdade e coragem para ser autêntico. Algo que todo garoto, hétero ou não, deveria aprender.
Entre críticas políticas e elogios do público, Boots se firma como uma das séries mais provocativas e necessárias do ano. Uma história sobre amadurecer, se aceitar e entender que ninguém precisa fingir força para ser forte.
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