Boots: a série que irritou Donald Trump e todo garoto devia assistir

Inspirada em uma história real, produção da Netflix retrata um jovem gay em meio ao exército dos anos 1990

Por Arthur Ferreira Atualizado em 23 out 2025, 21h59 - Publicado em 18 out 2025, 19h01
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e tem uma série que todo garoto devia assistir, é Boots. O novo sucesso da Netflix chegou sem muito alarde, mas rapidamente virou assunto, e não foi apenas por ter conquistado o topo do ranking de mais vistas da plataforma. A produção incomodou o governo de Donald Trump, gerou críticas do Pentágono e escancara a forma como homens  crescem sem entender como expressar suas vulnerabilidades para não parecerem menos “machos”.

Criada por Andy Parker e inspirada nas memórias do ex-fuzileiro Greg Cope White, autor do livro The Pink Marine: One Boy’s Journey Through Bootcamp to Manhood, Boots se passa nos Estados Unidos dos anos 1990, quando ser gay nas Forças Armadas ainda era ilegal.

O protagonista, Cameron Cope (vivido por Miles Heizer, de 13 Reasons Why), é um adolescente gay não assumido que decide se alistar no Corpo de Fuzileiros Navais ao lado do melhor amigo que odeia errar, Ray McAffey (Liam Oh), em busca de propósito e talvez um pouco de fuga da própria realidade.

O que começa como uma aventura entre amigos rapidamente se transforma em uma jornada sobre identidade e pertencimento. Cameron precisa esconder quem é em um ambiente que exige obediência e masculinidade rígida. Enquanto isso, o treinamento, liderado por superiores duros como o sargento Sullivan (Max Parker), expõe os limites físicos e emocionais de cada recruta.

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Mesmo em meio à dureza militar, Boots não perde a leveza. O roteiro intercala momentos de humor e ternura com cenas intensas de superação, mostrando que vulnerabilidade também é força. A trilha sonora, cheia de clássicos dos anos 1990, dá um toque nostálgico à narrativa, que lembra produções como Sex Education, mas com o peso de Nascido para Matar ou Até o Último Homem.

A série virou alvo de polêmica após a secretária de imprensa do Pentágono, Kingsley Wilson, criticar publicamente a Netflix, chamando o conteúdo de “lixo woke” e elogiando Trump por “restaurar o espírito guerreiro” nas Forças Armadas. A declaração só reforçou a importância da trama, que revisita o período da política Don’t Ask, Don’t Tell, quando pessoas LGBTQ+ podiam servir no exército apenas se escondessem quem eram.

A série fala sobre crescer em um mundo que cobra rigidez emocional dos meninos e mostra o impacto disso em quem tenta se encaixar a qualquer custo. Cameron entende que ser homem não tem nada a ver com força física, e sim com empatia, lealdade e coragem para ser autêntico. Algo que todo garoto, hétero ou não, deveria aprender.

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Entre críticas políticas e elogios do público, Boots se firma como uma das séries mais provocativas e necessárias do ano. Uma história sobre amadurecer, se aceitar e entender que ninguém precisa fingir força para ser forte.

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