De Meninas Malvadas à Dreamgirls: Laura Castro está amadurecendo no teatro
Em entrevista exclusiva nos bastidores de Dreamgirls, a artista nos contou tudo sobre sua relação com a personagem e seu novo momento da carreira
oucos minutos antes de subir ao palco como Deena Jones, Laura Castro estava em seu camarim, sendo maquiada e com um livro de Clarice Lispector nas mãos. Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres é o 20º livro que a atriz lê neste ao.
Entre pincéis e páginas, a artista de 22 anos recebeu a CAPRICHO para falar sobre a nova fase da carreira, marcada por mais uma protagonista de peso: desta vez no clássico da Broadway Dreamgirls, que ganha sua primeira montagem no Brasil.
Todas as personagens que eu tinha feito até então eram adolescentes. A Deena explora esse meu lado mulher, mais madura, mais dramática. Essa era uma personagem dos sonhos para mim.
Laura Castro em entrevista à CAPRICHO
Laura vinha de uma maratona no Teatro Santander, onde deu vida a Cady Heron em Meninas Malvadas – O Musical até o final de junho. Em poucas semanas a artista atravessou décadas de uma personagem para outra. A diferença entre os papéis é grande: Cady é uma adolescente de 16 anos, enquanto Deena chega à casa dos 30 ao longo da trama.
“Foi um desafio duplo sair tão rapidamente dessa energia que eu estava com a Cady porque foram só cinco semanas de processo. Eu comecei a ensaiar Dreamgirls ao mesmo tempo que eu estava em temporada de Meninas Malvadas. Foi doideira, mas no final deu tudo certo e foi uma experiência maravilhosa”, contou.
Um sonho de mais de dez anos
Laura já está acostumada com a correria. Bem antes de ganhar fama no The Voice Kids, fazer parte do trio BFF Girls, estrelar Tudo por Um Pop Star 2 ou dar voz à versão dublada de Ariel no live-action de A Pequena Sereia, ela se dedicou desde criança ao que nasceu para ser: uma artista completa.
A arte sempre esteve presenta na infância de Laura como uma brincadeira, mas tudo mudou quando ela começou a vislumbrar como um trabalho. Depois de ter seu primeiro contato com teatro musical, vieram as aulas de teatro, sapateado, balé, jazz, canto, fonoaudióloga e interpretação para televisão.
“Estudar tudo que eu pudesse sobre teatro virou o hiperfoco da minha vida. Fiz tudo que eu podia fazer com as condições que eu tinha. Agora já fazem 11 anos que eu estou trabalhando com isso”, afirmou.
O encontro de Laura com Dreamgirls não aconteceu por acaso. Desde a adolescência, o espetáculo já fazia parte do imaginário da atriz. “Enquanto eu estudava teatro musical, uma diretora falou para mim que esse espetáculo viria para cá e que eu deveria continuar estudando porque poderia ter uma chance. Dez anos depois, essa audição aconteceu. Foi um ciclo se completando. Um sonho”, contou.
Essa conexão tornou o papel ainda mais especial. E assumir um personagem que já foi vivido por Beyoncé, uma das suas cantoras favoritas, no cinema trouxe uma camada extra de responsabilidade. “É uma alegria gigantesca, mas também uma responsabilidade muito grande. Ser a primeira artista a interpretar a Deena no Brasil é uma honra que dá até um friozinho na barriga”, disse.
Protagonistas corrompidas pela ambição
Em Dreamgirls, o público acompanha a ascensão meteórica das Dreams, trio musical inspirado em grupos femininos dos anos 1960, como The Supremes. Entre holofotes e bastidores, a história revela os sacrifícios por trás do sucesso. Deena Jones, personagem de Laura, é guiada pela ambição de chegar ao topo, mas paga um preço alto por suas escolhas.
“Ela mostra um aprendizado de até que ponto você quer seguir o seu sonho. A Deena chega onde sempre quis, mas quando vê, perdeu tudo o que realmente importava”, refletiu.
Para Laura, a trama funciona como metáfora sobre os limites entre a realização pessoal e o custo que se paga por ela. E, curiosamente, a atriz enxerga um paralelo entre Deena e Cady Heron, de Meninas Malvadas. “As duas se corrompem por causa da ambição. A Cady queria ser popular, aceita, e perdeu os amigos de verdade, perdeu a própria essência. A Deena também paga esse preço”, comparou.
Pode ser essa voz para outras meninas é uma honra gigantesca para mim. É um dos motivos que me move. Foi isso que me fez querer ser artista. Para mim, era muito poderoso ver uma mulher parecida comigo na televisão. Essa força permanece comigo e permitiu que eu esteja do outro lado.
Laura Castro em entrevista à CAPRICHO
Parte da experiência também está na troca com artistas consagrados que dividem o palco com ela: Samantha Schmütz (Lorell), Letícia Soares (Effie), Toni Garrido e Robson Nunes (Curtis Taylor Jr.). Laura é a mais nova do elenco principal e se sente honrada em aprender com artistas que fizeram parte de sua infância e adolescência.
“O Tony é um artista preto que fez história na música. Ele estar nesse musical que fala sobre ser um artista preto na indústria musical é muito significativo. A Samantha é uma gigante da comédia, mas também é muito além disso. Ela é uma artista completa, tem uma voz linda e é super autêntica”, contou.
“A Letícia é uma artista histórica no teatro musical, sabe? Ela cumpriu alguns recordes na história do teatro musical brasileiro e ela ser a atriz que faz a Effie também é muito significativo. Eu cresci assistindo o Robson no Zapping Zone. Eu sou até hoje uma criança que ama a Disney. Tenho muito carinho pela família dele também, eu já trabalhei com a esposa dele”, completou.
Seja no palco, na tela ou nas cabines de dublagem, Laura segue em constante movimento e provando que sua trajetória é muito maior do que personagens icônicas: é sobre sonhos, amadurecimento e inspiração para toda uma nova geração que a acompanha de pertinho.
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