Letícia Vieira e Pedro Alves destacam a brasilidade de Vermelho Sangue
Os protagonistas da série do Globoplay comentam os bastidores e a representatividade da história que mistura vampiros, lobisomens e brasilidade
Cerrado mineiro nunca foi tão sobrenatural. Vermelho Sangue, nova série original do Globoplay, vem conquistando o público com sua mistura ousada de fantasia, romance e drama. Tudo com um toque bem brasileiro.
Na trama criada por Rosane Svartman e Cláudia Sardinha, Luna (Letícia Vieira) é uma jovem que carrega a maldição de se transformar em lobo-guará a cada lua cheia, enquanto Michel (Pedro Alves) é um vampiro bicentenário que tenta esconder seus segredos. Entre pesquisas científicas, paixões proibidas e dilemas sobrenaturais, a série mostra que o gênero fantasia também tem vez no Brasil.
“Eu não imaginava que seria um trabalho com tanta qualidade”, conta Letícia Vieira, em entrevista à CAPRICHO, que vive sua primeira protagonista na TV. “Durante as gravações, eu ia confiando muito na minha intuição e nos diretores. Quando assisti pela primeira vez, fiquei muito surpreendida. A gente não vê algo feito com tanta qualidade assim no Brasil.”
Vermelho Sangue é inovadora para o Brasil e mostra um novo momento, dizendo que a gente pode e consegue produzir qualquer tipo de conteúdo.
Letícia Vieira em entrevista à CAPRICHO
Pedro Alves confessa que o medo inicial deu lugar ao orgulho: “No começo eu fiquei com muito medo, mas o resultado ficou surpreendente. Fazer um vampiro no Brasil é algo que requer técnica e preparação, e a série está realmente muito bonita. A fotografia, os efeitos, o roteiro… tudo me impressionou.”
Os dois atores também vivem momentos bem diferentes em outros projetos da Globo. Letícia é a Gilda de Vale Tudo, enquanto Pedro dá vida ao Caco em Dona de Mim. “O mais curioso é que muitos acham que eu fiz Vale Tudo antes”, brinca Letícia. Já Pedro se diverte com a fama inusitada: “O Caco é fofinho e o Michel é o oposto. A única coisa em comum é que os dois atrapalham casais sáficos. Eu sou odiado pelas lésbicas do Brasil inteiro, mas está tudo bem, faz parte dos personagens!”
E, se depender dos dois, ainda vem muito mais por aí. A segunda temporada já está gravada e deve chegar em 2026. “Está muito mais hollywoodiana”, antecipa Pedro. “Cheia de surpresas e reviravoltas”, completa Letícia.
Leia a entrevista completa com Letícia Vieira e Pedro Alves:
CAPRICHO: Aqui no Brasil nós não estamos acostumados a ver muitos filmes e séries de fantasia, principalmente com vampiros, lobisomens. Como é para você fazer parte dessa produção que é tão diferente do que estamos acostumados a ver por aqui?
Letícia Vieira: Quando eu fui convidada para fazer os testes, no início eu não imaginava que seria um trabalho com tanta qualidade. Eu aceitei fazer, mas não tinha a menor noção dos efeitos especiais, do que eles iriam aplicar. Então, enquanto eu fazia, acreditava muito na minha intuição e ia confiando bastante nos diretores. Quando assisti pela primeira vez, fiquei muito surpreendida positivamente. A gente não vê algo feito com tanta qualidade assim no Brasil.
Acho que essa série chega para colocar o Brasil no mercado do gênero fantasia. O público jovem e diverso estava muito sedento por um projeto como esse. E o legal é que além de ter ótimos efeitos especiais, também conta com signos muito fortes do Brasil. A série foi gravada na Serra do Caraça, em Catas Altas, e traz a figura do lobo-guará, que é nosso. Também tem o protagonismo feminino e o romance entre duas mulheres, o que é muito inovador para o Brasil. Vermelho Sangue é inovadora para o Brasil e mostra um novo momento, dizendo que a gente pode e consegue produzir qualquer tipo de conteúdo.
Pedro Alves: Quando eu recebi a proposta de teste, foi muito curioso. Fazer um vampiro no Brasil, numa série de jovens adultos… Não é algo que a gente costuma ver aqui, e é um tipo de produção que requer técnica e muita preparação. No começo eu fiquei com muito medo, mas a história estava tão boa e tão emocionante de ler que pensei que ou poderia dar muito certo ou muito errado. E aconteceu que deu muito certo! O resultado está realmente muito bonito. A fotografia está incrível, os efeitos especiais estão ótimos, e o roteiro também é muito bom. Eu fiquei impressionado. Primeiro veio o medo, mas depois que assisti, senti um alívio enorme. Está surpreendente. Eu não esperava que ficasse tão bom assim.
CH: A série tem uma fusão de culturas muito grande. Tem o sotaque mineiro, os vampiros de Portugal e da França, algumas outras pessoas falando em inglês também. Como vocês veem esse potencial internacional da série?
Letícia: A Bete Mendes falou uma coisa muito linda. Ela disse: “Essa série é global, é mundial.” E eu acredito muito nisso, porque a gente traz elementos que são universais. Quem não gosta de fantasia? O mundo inteiro consome. Acho incrível trazer personagens falando outras línguas. Essa mistura é muito rica.
Pedro Alves: Eu acho muito interessante a série ter esse lado brasileiro, mas também trazer esse aspecto da globalização. A gente vive uma época de troca de culturas, de conexões. Essa fusão permite que a gente exporte essa produção para o mundo. Acho que Vermelho Sangue é uma série que pode ser vista e entendida no mundo inteiro.
CH: Muita gente conheceu vocês pelos papéis que vocês fazem nos novelas da grade atual da Globo. A Gilda de Vale Tudo e o Caco de Dona de Mim. E são papéis muito diferentes dos de Vermelho Sangue. Vocês receberam algum comentário sobre o contraste entre os personagens?
Letícia: Vermelho Sangue foi meu primeiro trabalho como atriz. Antes disso, eu nunca tinha atuado. Nunca mesmo, foi a primeira vez. Depois de quase um ano que a série foi gravada, fui convidada para fazer a Gilda em Vale Tudo, meu segundo trabalho. Enquanto eu fazia Vale Tudo, eu achava que, quando a galera visse Vermelho Sangue, eu ia ser muito criticada. Achei que iam olhar e falar: “Nossa, que menina ruim.” Mas não rolou. Pelo contrário, estou recebendo muitos elogios e comentários positivos. A galera comenta muito sobre como as personagens são diferentes, e isso me deixa feliz demais. O que eu percebo é que o público está entendendo que são duas personalidades completamente distintas, e o mais curioso é que muitos acham que eu fiz Vale Tudo antes.
Pedro: Eles são realmente opostos, né? O Caco, de Dona de Mim, é um cara mais solar, alegre, fofinho… E o Michel, não. Ele é todo controlado, já tem duzentos e poucos anos, está de saco cheio de tudo. A Luna é quem vai conseguir recuperar um pouco da humanidade dele, trazer frescor pra vida dele. São personagens completamente distintos: o Caco é gay, o Michel, até agora, é hétero e pega geral. É ótimo poder interpretar papéis tão diferentes. A única coisa em comum é que os dois atrapalham casais sáficos. Eu sou odiado pelas lésbicas do Brasil inteiro. Na série e na novela, eu acabei virando o “vilão” das lésbicas, mas está tudo bem, faz parte, são os personagens.
CH: E vocês já consumiam produções de suspense e fantasia antes de gravarem a série?
Letícia: Eu passei a consumir durante o processo. Claro que eu tinha visto os clássicos, né? Qual adolescente não viu Crepúsculo? Mas eu sempre gostei mais de drama. Durante as gravações, comecei a pesquisar e assistir algumas coisas. Um filme que foi uma grande referência pra mim foi Deixa Ela Entrar.
Pedro: O universo fantástico sempre me atraiu muito. Sci-fi também: Star Wars, Harry Potter, Senhor dos Anéis… Anéis do Poder eu assisto, sou fã. Crepúsculo eu vi há muito tempo, não reassisti para fazer a série, mas isso já está em mim.
CH: A conexão entre Luna e Flora (Alanis Guillen) é o coração da história. Letícia, como foi construir essa relação com a Alanis e transformar essa química em algo tão verdadeiro na tela?
Letícia: Foi incrível. Acho que, na maioria dos romances sáficos e lésbicos, o casal sempre se separa… ou uma das duas morre, né? Sempre tem uma tragédia. E nessa história não vai ser tão trágico. Acho que vai ser um acalanto pro público. Foi muito importante pra mim fazer esse trabalho com a Alanis. Ela foi uma grande parceira, a gente teve uma sintonia imediata, uma energia muito boa. E isso transpareceu muito na tela. A gente se divertiu demais.
Lembro que no início a Alanis me perguntou se tudo bem beijar de língua e eu respondi: “claro, tá tudo certo’. Depois vi um comentário dizendo: “Elas se beijam com vontade!” Achei ótimo, porque era isso que queríamos: mostrar um amor real. Nada de beijo técnico. Queríamos mostrar como é possível um amor puro e quente também. É o primeiro amor da Luna, uma menina que viveu a vida inteira trancafiada pela mãe, e de repente se apaixona por outra mulher. Mas também tem a parte mais quente, como a do banheiro, o toque, o beijo real. Fico muito feliz de ver o público se reconhecendo, especialmente meninas lésbicas ou bi.
CH: A relação entre Michel e Celina (Laura Dutra) é cercada de segredos. Pedro, como foi criar essa parceria com a Laura, e o que podemos esperar dessa dupla nos próximos episódios?
Pedro: A Laura e eu nos demos muito bem desde o início, o que facilita demais na construção da parceria. Ela é uma atriz incrível, super conhecida em Portugal, tem muita técnica e traz esse ar cômico e sarcástico da Celina que é fantástico. Gravar com ela era muito fácil, a troca era ótima, a gente improvisava e dava super certo. Michel e Celina são dois personagens que pedem isso, né? Eles vivem há séculos juntos, vieram para o Brasil fingindo ser irmãos, mas não são. Existe uma cumplicidade de muitos anos, e também esse fervor adolescente. Eles se pegam, mas não se preocupam se o outro vai ficar com alguém. É um relacionamento aberto, cheio de liberdade.
CH: Qual cena foi a mais díficil de gravar?
Letícia: Posso dizer duas? (risos) A primeira foi a do túnel. Eu já tinha feito cenas de nudez antes, mas correr nua num lugar público, num túnel por onde passam carros, foi muito difícil. Eu me senti exposta. Claro que tive todo o apoio da equipe e o túnel estava fechado, foi tudo muito respeitoso, mas ainda assim, é desafiador. E a cena tinha muitas camadas: a Luna tinha acabado de se transformar na noite anterior e acordava no centro de São Paulo, nua e traumatizada. Gravamos várias vezes, diferentes ângulos… eu precisava correr, desviar dos carros. Foi um perrengue. A outra foi a cena da transformação, a da cama. Separaram um dia só pra gravar aquilo. No fim, eu estava exausta. É uma cena muito física, porque a personagem literalmente sente um animal saindo de dentro dela. Eu repeti várias vezes, e no final estava esgotada.
Pedro: Eu quis fazer todas as minhas cenas de ação sem dublê: correr, pular janelas, escalar, tudo. Tinha um dublê ótimo, mas eu queria tentar. Só que, claro, isso é perigoso (risos). E deu ruim: me machuquei feio! Tenho uma cicatriz na barriga porque tropecei numa pedra durante uma corrida e voei. Caí, me abri todo. Gravamos várias cenas depois com o machucado ainda aberto. Colocavam uma blusa cor de pele para disfarçar, mas eu caía em cima do ferimento e abria de novo. Foi uma série que literalmente me deixou cicatrizes. Eu sangrei de verdade por ela. Mas valeu muito a pena. Foi um processo doloroso, mas muito gratificante.
CH: Sabemos que a próxima temporada já foi gravada. O que podemos esperar?
Pedro: A segunda temporada é uma loucura! Posso dizer que está muito mais “hollywoodiana”, com surpresas atrás de surpresas. Provavelmente vem no ano que vem.
Letícia: É, se der tudo certo, vem ano que vem. E tá muito mais quente! Acontece muita coisa. Acho que a primeira temporada foi uma grande apresentação da história e dos personagens. Já a segunda tem muitas reviravoltas. Tá todo mundo ansioso pra ver!
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