Letícia Vieira e Pedro Alves destacam a brasilidade de Vermelho Sangue

Os protagonistas da série do Globoplay comentam os bastidores e a representatividade da história que mistura vampiros, lobisomens e brasilidade

Por Arthur Ferreira Atualizado em 23 out 2025, 21h35 - Publicado em 15 out 2025, 19h00
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Cerrado mineiro nunca foi tão sobrenatural. Vermelho Sangue, nova série original do Globoplay, vem conquistando o público com sua mistura ousada de fantasia, romance e drama. Tudo com um toque bem brasileiro.

Na trama criada por Rosane Svartman e Cláudia Sardinha, Luna (Letícia Vieira) é uma jovem que carrega a maldição de se transformar em lobo-guará a cada lua cheia, enquanto Michel (Pedro Alves) é um vampiro bicentenário que tenta esconder seus segredos. Entre pesquisas científicas, paixões proibidas e dilemas sobrenaturais, a série mostra que o gênero fantasia também tem vez no Brasil.

“Eu não imaginava que seria um trabalho com tanta qualidade”, conta Letícia Vieira, em entrevista à CAPRICHO, que vive sua primeira protagonista na TV. “Durante as gravações, eu ia confiando muito na minha intuição e nos diretores. Quando assisti pela primeira vez, fiquei muito surpreendida. A gente não vê algo feito com tanta qualidade assim no Brasil.”

Vermelho Sangue é inovadora para o Brasil e mostra um novo momento, dizendo que a gente pode e consegue produzir qualquer tipo de conteúdo.

Letícia Vieira em entrevista à CAPRICHO

Pedro Alves confessa que o medo inicial deu lugar ao orgulho: “No começo eu fiquei com muito medo, mas o resultado ficou surpreendente. Fazer um vampiro no Brasil é algo que requer técnica e preparação, e a série está realmente muito bonita. A fotografia, os efeitos, o roteiro… tudo me impressionou.”

Os dois atores também vivem momentos bem diferentes em outros projetos da Globo. Letícia é a Gilda de Vale Tudo, enquanto Pedro dá vida ao Caco em Dona de Mim. “O mais curioso é que muitos acham que eu fiz Vale Tudo antes”, brinca Letícia. Já Pedro se diverte com a fama inusitada: “O Caco é fofinho e o Michel é o oposto. A única coisa em comum é que os dois atrapalham casais sáficos. Eu sou odiado pelas lésbicas do Brasil inteiro, mas está tudo bem, faz parte dos personagens!”

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E, se depender dos dois, ainda vem muito mais por aí. A segunda temporada já está gravada e deve chegar em 2026. “Está muito mais hollywoodiana”, antecipa Pedro. “Cheia de surpresas e reviravoltas”, completa Letícia.

Leia a entrevista completa com Letícia Vieira e Pedro Alves:

CAPRICHO: Aqui no Brasil nós não estamos acostumados a ver muitos filmes e séries de fantasia, principalmente com vampiros, lobisomens. Como é para você fazer parte dessa produção que é tão diferente do que estamos acostumados a ver por aqui?

Letícia Vieira: Quando eu fui convidada para fazer os testes, no início eu não imaginava que seria um trabalho com tanta qualidade. Eu aceitei fazer, mas não tinha a menor noção dos efeitos especiais, do que eles iriam aplicar. Então, enquanto eu fazia, acreditava muito na minha intuição e ia confiando bastante nos diretores. Quando assisti pela primeira vez, fiquei muito surpreendida positivamente. A gente não vê algo feito com tanta qualidade assim no Brasil.

Acho que essa série chega para colocar o Brasil no mercado do gênero fantasia. O público jovem e diverso estava muito sedento por um projeto como esse. E o legal é que além de ter ótimos efeitos especiais, também conta com signos muito fortes do Brasil. A série foi gravada na Serra do Caraça, em Catas Altas, e traz a figura do lobo-guará, que é nosso. Também tem o protagonismo feminino e o romance entre duas mulheres, o que é muito inovador para o Brasil. Vermelho Sangue é inovadora para o Brasil e mostra um novo momento, dizendo que a gente pode e consegue produzir qualquer tipo de conteúdo.

Pedro Alves: Quando eu recebi a proposta de teste, foi muito curioso. Fazer um vampiro no Brasil, numa série de jovens adultos… Não é algo que a gente costuma ver aqui, e é um tipo de produção que requer técnica e muita preparação. No começo eu fiquei com muito medo, mas a história estava tão boa e tão emocionante de ler que pensei que ou poderia dar muito certo ou muito errado. E aconteceu que deu muito certo! O resultado está realmente muito bonito. A fotografia está incrível, os efeitos especiais estão ótimos, e o roteiro também é muito bom. Eu fiquei impressionado. Primeiro veio o medo, mas depois que assisti, senti um alívio enorme. Está surpreendente. Eu não esperava que ficasse tão bom assim.

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CH: A série tem uma fusão de culturas muito grande. Tem o sotaque mineiro, os vampiros de Portugal e da França, algumas outras pessoas falando em inglês também. Como vocês veem esse potencial internacional da série?

Letícia: A Bete Mendes falou uma coisa muito linda. Ela disse: “Essa série é global, é mundial.” E eu acredito muito nisso, porque a gente traz elementos que são universais. Quem não gosta de fantasia? O mundo inteiro consome. Acho incrível trazer personagens falando outras línguas. Essa mistura é muito rica.

Pedro Alves: Eu acho muito interessante a série ter esse lado brasileiro, mas também trazer esse aspecto da globalização. A gente vive uma época de troca de culturas, de conexões. Essa fusão permite que a gente exporte essa produção para o mundo. Acho que Vermelho Sangue é uma série que pode ser vista e entendida no mundo inteiro.

CH: Muita gente conheceu vocês pelos papéis que vocês fazem nos novelas da grade atual da Globo.  A Gilda de Vale Tudo e o Caco de Dona de Mim. E são papéis muito diferentes dos de Vermelho Sangue. Vocês receberam algum comentário sobre o contraste entre os personagens?

Letícia: Vermelho Sangue foi meu primeiro trabalho como atriz. Antes disso, eu nunca tinha atuado. Nunca mesmo, foi a primeira vez. Depois de quase um ano que a série foi gravada, fui convidada para fazer a Gilda em Vale Tudo, meu segundo trabalho. Enquanto eu fazia Vale Tudo, eu achava que, quando a galera visse Vermelho Sangue, eu ia ser muito criticada. Achei que iam olhar e falar: “Nossa, que menina ruim.” Mas não rolou. Pelo contrário, estou recebendo muitos elogios e comentários positivos. A galera comenta muito sobre como as personagens são diferentes, e isso me deixa feliz demais. O que eu percebo é que o público está entendendo que são duas personalidades completamente distintas, e o mais curioso é que muitos acham que eu fiz Vale Tudo antes. 

Pedro: Eles são realmente opostos, né? O Caco, de Dona de Mim, é um cara mais solar, alegre, fofinho… E o Michel, não. Ele é todo controlado, já tem duzentos e poucos anos, está de saco cheio de tudo. A Luna é quem vai conseguir recuperar um pouco da humanidade dele, trazer frescor pra vida dele. São personagens completamente distintos: o Caco é gay, o Michel, até agora, é hétero e pega geral. É ótimo poder interpretar papéis tão diferentes. A única coisa em comum é que os dois atrapalham casais sáficos.  Eu sou odiado pelas lésbicas do Brasil inteiro. Na série e na novela, eu acabei virando o “vilão” das lésbicas, mas está tudo bem, faz parte, são os personagens.

CH: E vocês já consumiam produções de suspense e fantasia antes de gravarem a série?

Letícia: Eu passei a consumir durante o processo. Claro que eu tinha visto os clássicos, né? Qual adolescente não viu Crepúsculo? Mas eu sempre gostei mais de drama. Durante as gravações, comecei a pesquisar e assistir algumas coisas. Um filme que foi uma grande referência pra mim foi Deixa Ela Entrar.

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Pedro: O universo fantástico sempre me atraiu muito. Sci-fi também: Star Wars, Harry Potter, Senhor dos Anéis… Anéis do Poder eu assisto, sou fã. Crepúsculo eu vi há muito tempo, não reassisti para fazer a série, mas isso já está em mim. 

CH: A conexão entre Luna e Flora (Alanis Guillen) é o coração da história. Letícia, como foi construir essa relação com a Alanis e transformar essa química em algo tão verdadeiro na tela?

Letícia: Foi incrível. Acho que, na maioria dos romances sáficos e lésbicos, o casal sempre se separa… ou uma das duas morre, né? Sempre tem uma tragédia. E nessa história não vai ser tão trágico. Acho que vai ser um acalanto pro público. Foi muito importante pra mim fazer esse trabalho com a Alanis. Ela foi uma grande parceira, a gente teve uma sintonia imediata, uma energia muito boa. E isso transpareceu muito na tela. A gente se divertiu demais.

Lembro que no início a Alanis me perguntou se tudo bem beijar de língua e eu respondi: “claro, tá tudo certo’. Depois vi um comentário dizendo: “Elas se beijam com vontade!” Achei ótimo, porque era isso que queríamos: mostrar um amor real. Nada de beijo técnico. Queríamos mostrar como é possível um amor puro e quente também. É o primeiro amor da Luna, uma menina que viveu a vida inteira trancafiada pela mãe, e de repente se apaixona por outra mulher. Mas também tem a parte mais quente, como a do banheiro, o toque, o beijo real. Fico muito feliz de ver o público se reconhecendo, especialmente meninas lésbicas ou bi. 

CH: A relação entre Michel e Celina (Laura Dutra) é cercada de segredos. Pedro, como foi criar essa parceria com a Laura, e o que podemos esperar dessa dupla nos próximos episódios?

Pedro: A Laura e eu nos demos muito bem desde o início, o que facilita demais na construção da parceria. Ela é uma atriz incrível, super conhecida em Portugal, tem muita técnica e traz esse ar cômico e sarcástico da Celina que é fantástico. Gravar com ela era muito fácil, a troca era ótima, a gente improvisava e dava super certo. Michel e Celina são dois personagens que pedem isso, né? Eles vivem há séculos juntos, vieram para o Brasil fingindo ser irmãos, mas não são. Existe uma cumplicidade de muitos anos, e também esse fervor adolescente. Eles se pegam, mas não se preocupam se o outro vai ficar com alguém. É um relacionamento aberto, cheio de liberdade.

CH: Qual cena foi a mais díficil de gravar?

Letícia: Posso dizer duas? (risos) A primeira foi a do túnel. Eu já tinha feito cenas de nudez antes, mas correr nua num lugar público, num túnel por onde passam carros, foi muito difícil. Eu me senti exposta. Claro que tive todo o apoio da equipe e o túnel estava fechado, foi tudo muito respeitoso, mas ainda assim, é desafiador. E a cena tinha muitas camadas: a Luna tinha acabado de se transformar na noite anterior e acordava no centro de São Paulo, nua e traumatizada. Gravamos várias vezes, diferentes ângulos… eu precisava correr, desviar dos carros. Foi um perrengue. A outra foi a cena da transformação, a da cama. Separaram um dia só pra gravar aquilo. No fim, eu estava exausta. É uma cena muito física, porque a personagem literalmente sente um animal saindo de dentro dela. Eu repeti várias vezes, e no final estava esgotada.

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Pedro:  Eu quis fazer todas as minhas cenas de ação sem dublê: correr, pular janelas, escalar, tudo. Tinha um dublê ótimo, mas eu queria tentar. Só que, claro, isso é perigoso (risos). E deu ruim: me machuquei feio! Tenho uma cicatriz na barriga porque tropecei numa pedra durante uma corrida e voei. Caí, me abri todo. Gravamos várias cenas depois com o machucado ainda aberto. Colocavam uma blusa cor de pele para disfarçar, mas eu caía em cima do ferimento e abria de novo. Foi uma série que literalmente me deixou cicatrizes. Eu sangrei de verdade por ela. Mas valeu muito a pena. Foi um processo doloroso, mas muito gratificante.

CH: Sabemos que a próxima temporada já foi gravada. O que podemos esperar?

Pedro: A segunda temporada é uma loucura! Posso dizer que está muito mais “hollywoodiana”, com surpresas atrás de surpresas. Provavelmente vem no ano que vem.

Letícia: É, se der tudo certo, vem ano que vem. E tá muito mais quente! Acontece muita coisa. Acho que a primeira temporada foi uma grande apresentação da história e dos personagens. Já a segunda tem muitas reviravoltas. Tá todo mundo ansioso pra ver!

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