O impacto de Wicked na comunidade LGBTQIA+ e o hino sobre resistência

Em entrevistas recentes, Ariana Grande e Cynthia Erivo falaram sobre a conexão de Wicked com a comunidade queer

Por Arthur Ferreira Atualizado em 27 nov 2024, 15h18 - Publicado em 27 nov 2024, 15h02
O

aguardado filme Wicked, dirigido por Jon M. Chu, não só trouxe o musical icônico da Broadway para as telonas, mas também reacendeu discussões profundas sobre aceitação, representatividade e o impacto da obra na comunidade LGBTQIA+.

A narrativa, que reimagina o universo de O Mágico de Oz a partir das vivências de Elphaba (Cynthia Erivo), a futura Bruxa Má do Oeste, e Glinda (Ariana Grande), a futura Bruxa Boa do Sul, explora temas como empatia e os desafios de ser diferente em uma sociedade que privilegia a conformidade.

As personagens, com sua amizade improvável e poderosa, têm inspirado fãs a especularem sobre a possibilidade de um relacionamento romântico entre elas – uma ideia que não foi descartada pelo elenco.

Uma amizade que transcende definições

O coração de Wicked pulsa na relação entre Elphaba e Glinda, uma amizade que desafia diferenças de personalidade, ambições e até mesmo os limites da sociedade mágica de Oz. Desde o lançamento do filme, muitos fãs têm especulado sobre uma possível dimensão romântica no relacionamento das duas.

Continua após a publicidade

Em entrevista ao Gay Times, Cynthia Erivo destacou a profundidade dessa conexão: “Eu acho que Elphie vai para onde o vento vai. Eu acho que ela ama Glinda. Eu acho que ela ama o amor. E eu não acho que exista nada de errado em celebrar a conexão profunda que ambos têm. Elas têm um relacionamento real”.

“É amor verdadeiro, que é provavelmente o motivo pelo qual as pessoas estão enviando isso, sabe? Porque o que elas constroem entre si é um vínculo e amor inquebráveis”, continuou Erivo.

Ariana Grande foi além, sugerindo que Glinda pode estar “um pouco no armário”, e celebrou a segurança emocional compartilhada pelas personagens. “É o que todos os relacionamentos deveriam ser, sejam românticos ou platônicos.”

Continua após a publicidade

É apenas um amor verdadeiro e acho que isso transcende a sexualidade. É apenas uma espécie de segurança profunda. E é por isso que [os fãs] provavelmente shippam.

Ariana Grande sobre Glinda e Elphaba

A ideia de que Wicked explora diferentes formas de amor e conexão ganhou apoio até de Kristin Chenoweth, a Glinda original da Broadway, que comentou em uma postagem do E! News sobre os comentários de Grande: “Também pensei isso naquela época.”

“Desafiando a Gravidade”: um hino de resistência

Poucas canções têm o impacto cultural e emocional de Desafiando a Gravidade, o ápice do primeiro ato de Wicked. Para Elphaba, é o momento em que ela rejeita as expectativas da sociedade e abraça sua verdadeira essência. Fora das telas, a música se tornou um hino para comunidades marginalizadas que buscam força e coragem para enfrentar a opressão.

Cynthia Erivo, em entrevista à Out, ficou emocionada ao saber que tantas pessoas encontraram consolo e inspiração na canção: “Eu não sabia que isso estava acontecendo. Isso é realmente poderoso. É por isso que eu queria”

Continua após a publicidade

View this post on Instagram

A post shared by Out Magazine (@outmagazine)

“É muito importante para ela naquele momento não permitir que as coisas que a machucaram, que duvidaram de sua humanidade a mantenham para baixo, que ela desafie a gravidade, que as possibilidades para ela naquele momento, que ela decida que elas são infinitas, que está em seu poder mudar as coisas, que ela escolha voar em vez de ficar presa ao chão”, diz Cynthia sobre o número de Desafiando a Gravidade.

Esse sentimento é amplificado pela própria experiência de Erivo como uma mulher negra e queer, que entende profundamente o que significa ser vista como diferente. “Imediatamente eu entendi o que significava para a Elphaba as pessoas olharem para você e te verem como não bonita, não aceitável, nem nada disso, porque eu andei pelo mundo assim”.

Magia queer: a relevância de Wicked na atualidade

A adaptação de Wicked para o cinema não poderia chegar em momento mais relevante. Em um cenário de conquistas e retrocessos nos direitos LGBTQIA+, a narrativa de Elphaba ganha ainda mais significado. Sua trajetória, marcada por resistência e autoafirmação, dialoga com todos que enfrentam os desafios de serem vistos como diferentes, seja por orientação sexual, identidade de gênero, raça ou aparência.

Continua após a publicidade

Desde sua estreia na Broadway, em 2003, Wicked conquistou um espaço único no coração da comunidade LGBTQIA+. Agora, no cinema, essa mensagem ganha novos contornos. Erivo e Grande trazem autenticidade e profundidade às protagonistas, enquanto o filme abraça temas de inclusão e coragem.

Wicked está em cartaz nos cinemas. Confira a programação de sua cidade.

Publicidade