Bad Bunny mostra sua força ao valorizar identidade e exaltar raízes

Porto Rico é cantada através de detalhes criativos nas composições do artista que está se tornando uma das maiores potências da indústria

Por Anny Caroline Guerrera Atualizado em 19 jan 2025, 19h24 - Publicado em 19 jan 2025, 19h20
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enito Antonio Martínez Ocasi, conhecido mundialmente como Bad Bunny, está se destacando mais uma vez ao celebrar suas raízes em músicas repletas de personalidade. No Top 3 do ranking de artistas mais escutados do mundo, segundo o Spotify, ele faz cada vez mais sucesso com canções que refletem a cultura e alertam sobre questões importantes de Porto Rico, local em que nasceu.

O cantor de 30 anos nasceu em Bayamón e foi criado em Vega Baja e, desde o início da carreira, as vivências e o cenário em que cresceu são grandes inspirações em sua trajetória. Em 5 de janeiro, o artista lançou seu sexto disco de estúdio, intitulado DeBÍ TiRAR MáS FOToS, que detalha aspectos de Porto Rico através de composições criativas e que mostram a forte identidade de Bad Bunny refletida em cada faixa.

O álbum também está sendo visto como um projeto político com com estilos musicais, expressões e lembranças que definem a ilha. “O que posso dizer é que sinto muito orgulho do meu povo, do meu país, da minha cultura, da forma como somos resistentes. Das pessoas que resistiram antes, das pessoas que inspiram novas lutas e se importam em preservar quem somos”, afirmou ele à Apple Music.

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Benito sempre fez questão de se manifestar sobre questões políticas e criticou fortemente um comentário de Tony Hinchcliffe em um dos comícios de Donald Trump. Na ocasião, ele definiu Porto Rico como uma “ilha flutuante de lixo” e não demorou para que recebesse uma onda de respostas que rebatiam a fala, incluindo uma represália do cantor. “Não foi engraçado. Por vários motivos. Eu tenho um ótimo senso de humor, gosto de humor ácido. Mas existem lugares e circunstâncias para isso”, disse ele, em entrevista ao The New York Times, ao definir a situação como um momento de grande frustração.

“Faço músicas sobre corações partidos, sobre dançar e sobre questões sociais porque sou assim, como outras pessoas também são”, destacou ele em outra conversa, desta vez com a Rolling Stone. “Não penso duas vezes quando preciso me expressar. É isso que me torna humano. As pessoas estão acostumadas com grandes artistas que não se apressam sobre essas coisas e, se falam, é de um jeito muito cuidadoso. Mas eu vou falar, e quem não gostar não precisa me ouvir. Ou você pode me ouvir e eu posso pensar diferente de você – todos vivemos no mesmo país“, ressaltou Benito.

Para ele, é importante que sua música também faça com que a história de Porto Rico seja preservada e que resista. No curta-metragem divulgado no canal do YouTube do cantor, acompanhamos um cenário em que características como idioma, comidas e a cultura do local são apagadas por costumes norte-americanos, já que os Estados Unidos tem posse da ilha. “Seguimos aqui”, dizem os personagens em espanhol como um ato de resistência.

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Em entrevista no The Tonight Show Starring Jimmy Fallon, Bad Bunny falou sobre como a escolha do título do disco também traz o conceito de nostalgia e valorização daquilo que se viveu no passado. “Significa ‘Devia ter tirado mais fotos’, mas, na verdade, é sobre aproveitar mais o momento, o presente. Eu devia ter valorizado mais as pessoas ao meu redor, as pessoas que me amam. É sobre isso, sobre valorizar mais a benção de estarmos aqui agora“, explicou ele.

Por não gostar tanto de tirar fotos, o cantor passou ganhar uma reputação que o fez refletir sobre momentos especiais que viveu, mas não registrou em imagens. Ele relembrou que, na infância, a mãe costumava fotografar eventos especiais e, quando revelava o filme, todos se reuniam para reviver a memória em família.

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“Eu tenho uma boa memória, mas eu sei que vai existir um período em que não vou me lembrar destes tempos incríveis. Tem um significado muito grande em termos de desejar ter guardado certos momentos. Essa é a ideia: aproveitar o momento quando eu pude e valorizar memórias”, compartilhou.

Carreira no cinema

Depois de se tornar um fenômeno da música, Bad Bunny apostou na atuação e a indústria cinematográfica é uma área que ele tem o desejo de explorar mais profundamente no futuro. O primeiro filme no qual ele foi escalado foi Bullet Train, lançado em 2022, com nomes como Joey King e Brad Bitt. Em seguida, ele participou do longa biográfico Cassandro, dirigido por Roger Ross Williams.

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Apesar de afirmar que não deixará de fazer música, Benito quer passar mais tempo se dedicando ao cinema e está empolgado pelas reações do público. Um ponto interessante levantado por ele é que, por conta das temáticas completamente diferentes dos dois filmes que serão lançados nos próximos meses, as pessoas vão conferir diferentes performances das quais ele se orgulha.

Em Caught Stealing, dirigido por Darren Aronofsky, o cantor trabalhou ao lado de Austin Butler, Zoë Kravitz e Matt Smith em um roteiro de ação. Já em Happy Gilmore 2, ele atuou no elenco com Adam Sandler na sequência da comédia da Netflix.

Benito contou que sua mãe também sentiu um grande orgulho quando descobriu que ele estaria atuando já que, desde a infância, ela imaginava que essa seria a carreira que ele seguiria. “É algo que amei desde que era criança, mesmo quando era tímido”, contou.

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