Identidade

ELA SABE O QUE QUER

Pequena Lô celebra sua existência com a CAPRICHO e usa visibilidade para combater o capacitismo e mostrar que, sim, ela pode estar onde quiser.

por Juliana Morales 24 jan 2024 20h00
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orrane Silva, que você deve conhecer por Pequena Lô, é daquelas que deixa a emoção tomar conta no dia do aniversário e faz uma retrospectiva mental de toda sua vida antes de iniciar um novo ciclo. Mas até o começo da tarde do último domingo (21), quando completava 28 anos, ainda não tinha tido o momento para isso.

“Ainda não deu tempo nem de chorar lendo as mensagens de parabéns dos meus amigos”, fala com seu bom humor e gestos, que faz todo mundo rir no estúdio, onde nasceram as fotos da capa desta edição de janeiro da revista digital da CAPRICHO

Com quase 12 milhões de seguidores ao todo nas suas redes sociais, trabalhando com grandes marcas e envolvida em projetos que transcendem a internet, a influenciadora nascida em Araxá, Minas Gerais, conta que a cada ano ela agradece por estar vivendo coisas antes inimagináveis. A exemplo a própria oportunidade de estampar uma capa de revista. “Eu acompanhava muito a CAPRICHO quando eu era adolescente e estar em uma capa, ainda mais no meu aniversário, é muito importante”, diz.

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Luiza Nóbrega/CAPRICHO

Com leveza, ela relembra da juventude como uma época de crises existenciais, que você, leitor e leitora da CH, deve reconhecer muito bem. São muitos sentimentos, desafios, sensações e descobertas. Em paralelo a tudo isso, Lô ainda precisou lidar com uma sequência de cirurgias que começou ainda na infância, devido a displasia óssea, uma síndrome que afeta seu desenvolvimento físico e sua mobilidade.

“Eu comecei a me entender e me reconhecer como uma criança e depois adolescente com deficiência a partir dos 11 anos, quando realizei a minha última cirurgia”, relembra. 

Apesar de ter perdido experiências nesta fase por conta dos cuidados médicos, ela conta que isso fez com que ela mergulhasse em um processo de autoconhecimento ainda maior. “Mesmo sendo nova, eu já buscava entender o que eu queria para mim”, diz. É claro que a vida muda a rota e pega seus atalhos de vez em quando, mas Lô se agarrou na certeza de que queria ir longe.

A desobediência, no sentido positivo, para mim, é inverter a imagem que, talvez, as pessoas sempre tiveram que eu não ia conseguir e ir lá e fazer.

Pequena Lô
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 “Aos 17 anos, fui morar com umas amigas em outra cidade para fazer cursinho. Depois, eu passei em uma universidade em Uberaba e me joguei nessa nova fase também”, conta. Ela se formou em Psicologia em 2019, mas nunca chegou a atuar de fato na área ‒ como falamos, a vida dá suas voltas, e ela acabou seguindo o caminho de influenciadora. Questionada se os anos de faculdade são os melhores, como dizem, ela responde com uma risadinha um tanto quanto comprometedora: “Se você souber aproveitar…”, garantindo que ela curtiu muito a fase.

Mas, para além das festas e jogos universitários, Lô destaca a importância desse período para sua liberdade e autonomia, desde os pequenos detalhes. “Para algumas pessoas, lavar a louça, por exemplo, é algo banal, mas, para mim, que nunca tinha feito antes, significava muito”, conta, ao lembrar da adaptação que foi feita na pia para se adequar a altura dela.

“Fui desobediente, para o bem, ao dizer que queria sair de casa e ir contra todas as dificuldades que poderiam aparecer. É lógico que bateu medo, mas esse sentimento faz parte de tudo que é novo”, diz.

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