Para Todos os Garotos que Já Amei: autora teve pedido inusitado para filme

Conversamos com Jenny Han, a autora do livro que deu origem ao filme da Netflix

Por Mariane Morisawa, de Los Angeles Atualizado em 31 out 2024, 10h21 - Publicado em 20 ago 2018, 17h06

Jenny Han tem os fãs brasileiros entre seus favoritos. A autora de Para Todos os Garotos que Já Amei, que virou filme da Netflix e já disponível no serviço de streaming, conversou com a CAPRICHO em Los Angeles usando um vestido que comprou em sua visita ao país no ano passado.

No filme, Lara Jean (Lana Condor) é uma adolescente americana meio asiática, meio caucasiana que, para desabafar, escreve cartas a todos os seus crushes, sem a intenção de colocá-las nos correios, claro. Mas elas acabam sendo misteriosamente enviadas, causando uma confusão na vida da protagonista. Entre os destinatários estão Josh (Israel Broussard), que era seu melhor amigo antes de virar namorado de sua irmã mais velha e ser abandonado quando ela vai estudar na Escócia, e Peter (Noah Centineo). Para não ter problemas com Josh, Lara Jean finge estar com Peter, que topa continuar com a mentira.

CH: Qual a vantagem de ter sua história contada na Netflix?

JENNY: Acho que a maior vantagem é que as pessoas vão ver o filme em 170 países ao mesmo tempo. Meus fãs ficariam muito tristes se tivessem de esperar. Assim, todos podem aproveitar na mesma hora e comentar.

CH: Tem feedback dos fãs do Brasil? 

JENNY: Fiz uma grande turnê no Brasil no ano passado e amei. Meus fãs brasileiros estão entre os mais apaixonados e queridos. Eles são tão empolgados! Amo bater papo com eles online.

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Janel Parrish (Margot), Lana Condor (Lara Jean) e Anna Cathcart (Kitty) ao lado da escritora Jenny Han e da diretora Susan Johnson, de Para Todos os Garotos que Já Amei Reprodução/Instagram
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CH: Quando estava escrevendo os livros, alguma vez desejou que eles se tornassem filmes?

JENNY: Ai, meu Deus, sim! Era um sonho. Especialmente porque, sendo uma mulher americana de origem asiática, nunca vi uma garota de origem asiática ser a estrela de um filme. Então para mim foi uma honra ter participação nisso.

CH: Acha que as coisas estão finalmente mudando um pouco?

JENNY: Há cada vez mais criadores de origem asiática contando suas histórias. Quando isso acontece, há mais pressão para vê-las sendo contadas como você quer que elas sejam contadas. Então com mais pessoas em posições de poder de decisão e criadores, vai haver mais vontade de ver essa visão.

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A garota asiática na capa do livro de Para Todos os Garotos que Já Amei chamou a atenção das leitoras Intrínseca/Divulgação

CH: Teve muita resposta de garotas em geral e especialmente de garotas de origem asiática?

JENNY: Sim! Tantas meninas me disseram que entraram na livraria e viram uma menina asiática na capa e que isso foi importante para elas. Desde o início, eu disse para a editora que queria uma capa com a foto de uma menina asiática. Porque, quando você entra na livraria, vê um rosto parecido com o seu. Nunca tive essa experiência, e meus editores me apoiaram bastante nessa decisão. No fim foi o primeiro livro para jovens adultos com uma asiática na capa a entrar na lista de best-sellers do jornal The New York Times. Tem sido incrível.

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CH: Você participou da produção do filme?

JENNY: Sim. Foi surreal estar no set e ver o mundo que criei ganhar vida. Fiquei em contato com o diretor e os produtores, dando minhas ideias sobre o roteiro, os figurinos, como o quarto dela deveria ser… Tive muita sorte de poder estar envolvida.

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Lana Condor é Lara Jean em Para Todos os Garotos que Já Amei, da Netflix Divulgação/Netflix

CH: Chegou a pedir algo específico?

JENNY: Pedi uma panela elétrica de arroz na cozinha, porque toda família asiática tem uma! (risos)

CH: O que te faz ter vontade de escrever para adolescentes?

JENNY: Acho essa época da vida realmente especial. Você está tendo muitas experiências pela primeira vez. Você sempre vai se lembrar do seu primeiro beijo, da primeira vez que alguém partiu seu coração, ou da primeira briga feia com sua mãe. Há muito drama neste período da vida, e isso para um escritor é um prato cheio.

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CH: Por que resolveu que Lara Jean escreveria cartas?

JENNY: Acho que há algo diferente em colocar a caneta no papel, porque você não pode simplesmente deletar algo. Quando eu escrevo, primeiro faço num caderno, à mão, antes de passar para o computador porque você é mais livre com seus sentimentos, usa mais seus instintos. É diferente no computador, porque você pode mudar coisas de lugar ou deletar certos pedaços. Essa personagem, em particular, é uma menina meio antiquada. Ela gosta de ler, de assar cookies, escrever cartas… Ela é romântica e sente certo romantismo em relação a um tempo passado. Pensei muito em clássicos como Mulherzinhas Anne de Green Gables, e quis imbuir meu livro com o mesmo sentimento de aconchego, calor, de estar perto da lareira.

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Lara Jean e Peter conversam em cena de Para Todos os Garotos que Já Amei Divulgação/Netflix

CH: Lara Jean passa por maus bocados quando suas cartas privadas viram públicas. Como lidar com uma coisa dessas? 

JENNY: Muitas vezes o que você está passando no momento pode parecer o fim do mundo. Tudo bem reconhecer que é difícil, mas é preciso continuar em frente. Quando você está no Ensino Médio, tudo parece tão enorme e no fim são três anos só. Então, se você conseguir ir em frente, as coisas vão melhorar, eu prometo!

CH: O que acha que o livro traz sobre girlpower?

JENNY: Acho que ele diz que você pode ser quem quiser. E que você não precisa mudar quem é para alguém gostar de você.

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