Dendezeiro se dedica ao representar identidade e cultura do Norte na SPFW
Em 'Brasiliano 2: A Puxada para o Norte', estilistas usam das características da marca para contemplar símbolos da região com sensibilidade
omo uma extensão da última coleção, Dendezeiro apresenta Brasiliano 2: A Puxada para o Norte, em que resgata a identidade brasileira, dessa vez explorando a cultura e história do Norte do país. Os estilistas Pedro Batalha e Hisan Silva trazem as expressões estéticas da região amazônica para a 59ª edição da São Paulo Fashion Week, em desfile que aconteceu nesta quinta-feira (10), no shopping JK Iguatemi.
Se antes os diretores criativos assinaram uma carta de amor ao sertão, agora a homenagem é expandida à outra região. Com muito estudo, que pode ser observado na construção das roupas e do desfile em si, eles se inspiram na resistência do levante popular Cabanagem.
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“O Brasiliano é uma forma que dois artistas nordestinos olham para o Brasil e imaginam como esse Brasil pode ser representado lá fora”, afirma Hisan Silva. “Trazer o Norte é um mergulho que a gente deu muito feliz e assustador ao mesmo tempo, porque percebemos o quanto da cultura brasileira não tínhamos entrado em contato”, completa Pedro Batalha.
Fugindo do óbvio, a dupla usa da mistura entre streetwear e alfaiataria, característica das criações da marca, para explorar diversos signos da cultura nortista. Entre referências óbvias como a estampa e brincos de peixe, que representam a pesca, um terno verde se destaca com aplicações que remetem aos igarapés da Amazônia.
Os tons terrosos se mantêm em destaque nas roupas nessa segunda parte da trilogia Brasiliano. Hisan e Pedro continuam explorando a tapeçaria, que virou um clássico da Dendezeiro, o couro e as camisetas, com frases e modelagem esportiva. A palha aparece em looks de destaque, como o de Majur e Gaby Amarantos, assinados em parceria com o artista baiano Ed Carlos.
Mais uma assinatura da dupla são as bolsas em formatos divertidos, que surgem agora como capivaras, caranguejo e tartaruga, além do boto-cor-de-rosa. “A gente sempre teve muito cuidado para captar os signos, os símbolos, a fauna, a flora, compreender como as pessoas de lá entendiam e olhavam sua própria região. Mesclamos nessa coleção símbolos mais usuais e mais comuns”, explica Batalha.
Nos bastidores, minutos antes de começar o desfile, um dos looks cresceu como favorito de quem estava lá. A camiseta roxa com a frase “açaí sem xarope” representa uma comida e costume do Norte e foi destaque para Liniker. “Com certeza eu quero”, declarou a cantora, uma das convidas da marca para desfilar, em entrevista à CAPRICHO.
Pedro Batalha e Hisan Silva ressaltam a dedicação na hora de criar mais uma coleção, mas, mesmo se não houvesse falas, fica nítido o cuidado e carinho ao trazer uma nova inspiração para a marca. “Tentamos pegar aqueles aspectos mais sensíveis da nossa pesquisa e traduzir isso nos cortes, nos shapes, na forma como a gente conta a história da coleção”, conclui Pedro Batalha.
Mais uma vez, a dupla da Dendezeiro escreve uma carta de amor através da moda.
