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A seca extrema da Amazônia explicada em 6 pontos

Como as mudanças climáticas e uma série de fatores explicam a seca no Norte do país, além de seus impactos no futuro da nossa galera

Por NAIARA ALBUQUERQUE Atualizado em 29 out 2024, 18h12 - Publicado em 20 out 2023, 10h30

    Quando o assunto é a seca da Amazônia, uma imagem vale mais do que mil palavras: igarapés e rios secos, onde antes transbordavam de água e de vida, e dezenas de espécies de animais encontradas mortas.

    O Rio Negro, em Manaus, atingiu nesta semana a pior seca em 121 anos de história do Estado. Em outubro de 2010, esse mesmo rio chegou a atingir a marca de 13,63 metros. Agora, está em 13,59 metros, segundo informação do porto da capital amazonense compilada pelo g1.

    A Zahyra, da Galera CAPRICHO, publicou nesta quinta-feira (19) um texto que detalha a sua vivência sendo moradora de uma das regiões afetadas pela seca. Vale super a pena ler o relato dela aqui.

    Esse estado de calamidade ambiental também têm dificultado a vida das pessoas. Elas relataram para a BBC encarecimento de alimentos, falta de água e dificuldade em conseguir itens básicos para sobrevivência.

    Toda essa calamidade ambiental pode ser explicada em alguns pontos-chave. Vem com a gente!

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    1. Mudanças climáticas

    É inegável que as mudanças climáticas têm um papel central com tudo o que vemos no Brasil e no Mundo nos últimos meses. Só neste ano, a ONU emitiu um alerta que a Terra entrou na era de ebulição – onde literalmente está fervendo. Além disso, enfrentamos chuvas intensas no Litoral de São Paulo e incêndios florestais no Canadá.

    Vale também lembrar que a região está em período de seca, que começa em abril e tende a persistir até meados de outubro. A estação chuvosa, porém, acontece entre novembro e março. O problema disso tudo é que mesmo neste período, a seca está muito mais severa do que o observado em anos anteriores.

    4. Desmatamento

    O desmatamento também é um ponto-chave para entender a seca. Há estudos que relacionam a diminuição do volume de chuvas com o desmatamento ilegal – quando acontece a remoção de árvores e da cobertura vegetal sem autorização dos órgãos responsáveis.

    O impacto dessa prática é sobre um processo chamado evapotranspiração. Basicamente, acontece assim: as folhas das árvores transpiram em forma de vapor, o que é responsável devolver a água para a atmosfera. Cientistas da revista Nature – uma revista de publicação científica bem relevante no meio – encontraram que na Amazônia esse processo é responsável por 41% das chuvas.

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    Já ouviu falar dos rios voadores?

    A seca na Amazônia também influencia no volume de chuvas de boa parte dos estados brasileiros. Trata-se dos rios voadores. Esse fenômeno acontece quando uma massa de ar úmido é “exalada” pela floresta da Amazônia e chega até à Cordilheira dos Andes. E todo esse processo é essencial para que as chuvas sejam formadas no Centro-Oeste, Sul e Sudeste do país aconteçam. A seca nos últimos anos na Amazônia, assim como o aumento das queimadas e do desmatamento levou a pior seca em 91 anos que enfrentamos em 2021, quando os reservatórios das hidrelétricas do Centro-Oeste e do Sul chegaram a níveis críticos.

    3. El Niño

    O El Niño é um fenômeno que aquece as águas do Oceano Pacífico. No caso do Brasil, seu impacto acontece com mais força no Nordeste e no Norte, além do aumento de chuvas no Sul do país. Neste ano, cientistas consultados pela BBC analisaram que esse fenômeno pode ter afetado o volume de chuvas na Amazônia. Isso explicaria porque os rios estão com volume abaixo da média.

    Parece absurdo falarmos de falta de chuvas no Brasil. Ainda mais quando entendemos que guardamos em nosso território 12% das reservas de água doce do planeta e 53% dos recursos hídricos da América do Sul, segundo dados do MapBiomas. Mas é, apesar disso tudo, ainda estamos enfrentando uma seca sem precedentes. 🙁

      4. Dipolo do Atlântico

      Assim como o El Niño, o Dipolo do Atlântico é um fenômeno de aquecimento das águas, mas, dessa vez, do Oceano Atlântico. Segundo pesquisadores no tema, a seca que a região enfrentou em 2005 e 2010 foi agravada por esse fenômeno – que também pode explicar a seca sem precedentes que estamos acompanhando neste ano.

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      Desmatamento de floresta
      Desmatamento na floresta Amazônica, perto de La Paz, na Colômbia Ivan Valencia/Getty Images

      5. Queimadas

      Ano após ano, a Amazônia, assim como o Cerrado brasileiro, seguem registrando níveis catastróficos de queimadas, que afetam os níveis de chuvas dessa regiões, assim como o nível de saudabilidade dos solos. Só em setembro deste ano, o Amazonas registrou 3.925 focos de queimadas. Entre janeiro e setembro, o estado contabilizou 11.736 focos, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

      Os efeitos dessas queimadas são muitos, entre eles o de dizimar espécies e vidas de animais. Basicamente ecossistemas inteiros. Como se não bastasse, também acelera as mudanças climáticas.

      6. Impactos no nosso futuro

      Os impactos da seca que estamos presenciando é ainda difícil de ser quantificada. Mas é um fato que ela já está dificultando e encarecendo a vida de centenas de milhares de pessoas que vivem da pesca e dependem da água para subsistência, além de diminuir o volume das chuvas.

      O racismo ambiental também fica latente nessas regiões, já que a maioria das pessoas afetadas pelas chuvas e mudanças climáticas são pessoas pobres e pretas. Você pode entender tudo sobre o que é o racismo ambiental e como ele se manifesta neste artigo que produzimos.

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