Governo federal gerou uma polêmica e tanto com indicação ao Banco Central

Gabriel Galípolo agora é diretor de Política Monetária do Banco Central e isso gerou muitos questionamentos sobre a independência do órgão, viu?

Por NAIARA ALBUQUERQUE Atualizado em 29 out 2024, 18h43 - Publicado em 13 Maio 2023, 06h02

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou, nesta semana, Gabriel Galípolo ao posto de diretor de Política Monetária do Banco Central (BC). Porém, a indicação levantou algumas polêmicas sobre até que ponto a movimentação do governo federal pode interferir na entidade. Não entendeu? Calma, a gente te explica tudo sobre essa história.

A indicação de Galípolo ao cargo ainda não está totalmente acertada. Primeiro, ele precisará passar por uma sabatina no Senado – se aprovado, seu mandato será até fevereiro de 2027.

Caso você não tenha acompanhado, essa indicação ao BC foi o tema da semana do noticiário político e econômico. Por isso, nós, da CAPRICHO, conversamos com um cientista político que explicou exatamente as implicações que essa indicação pode gerar e qual o interesse que o governo federal tem em indicar alguém próximo para um posto no Banco Central.

Antes de entrar nessa polêmica, vamos entender exatamente o que faz o BC e a importância que ele tem para a sua vida – acredite, a relevância é grande. Vamos lá?

O que é e o que faz o Banco Central?

O Banco Central é nada mais, nada menos, que uma autarquia federal autônoma. Complexo, né? Basicamente, é uma instituição bem importante que fiscaliza bancos, corretoras e o mercado financeiro como um todo. O BC também levanta cotações de moedas e se estabeleceu também com o intuito de conceder informações de qualidade para a população como um todo.

É importante colocar aqui que o BC tem relação com o governo federal, mas é uma entidade autônoma. Ou seja, produz decisões independentes da vontade dos políticos que estão no parlamento.

Além disso, dentro do BC, existe o Comitê de Política Monetária (Copom), que foi instituído em 20 de junho de 1996, e tem como principal objetivo estabelecer diretrizes gerais da política monetária e também de definir uma taxa de juros que com certeza você já deve ter ouvido falar: a Selic.

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A Selic é o principal instrumento que o BC utiliza para tentar segurar a inflação como um todo. A cada 45 dias o Copom se reúne para decidir essa taxa. Todas essas decisões são feitas com base numa análise técnica pelos especialistas da instituição. E eles levam em conta diversas variáveis para isso, ok? Desde como anda o cenário econômico como um todo, taxa de emprego e até renda das famílias.

Qual a relação entre a Selic e a indicação de Galípolo?

Nos últimos anos, a pandemia de covid-19 contribuiu para dificultar ainda mais o cenário econômico e as cadeias de alimentos no mundo todo – você deve ter reparado que muitos produtos ficaram mais caros, né?

Agora, uma das prioridades levantadas pelo governo Lula é o de diminuir a inflação. Caso você não saiba, a taxa de juros Selic e a inflação estão intimamente ligadas.

[Selic e inflação: aqui, uma breve explicação: Quando o BC aumenta a taxa de juros, empréstimos e até a taxa do cartão de crédito acabam ficando mais caras. Esse é um mecanismo para diminuir o consumo das famílias e, consequentemente, tentar segurar a inflação. O ‘efeito colateral’ desse movimento, porém, é a redução de investimentos e de empregos]

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Daí o interesse do presidente Lula em administrar sua equipe para que exista alguém de confiança do governo dentro de um órgão como o Banco Central – no caso, esta pessoa foi Galípolo.

Nesta semana, a ministra do Planejamento e Orçamento do Brasil, Simone Tebet, chegou a dizer que Galípolo seria ”a voz do governo federal” dentro do BC.

O problema é que a indicação não foi muito bem aceita pelo mercado financeiro e alguns setores como um todo que viram a possibilidade de interferência do governo federal nas decisões do Banco Central.

Para o cientista político e professor adjunto da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Sérgio Praça, a indicação de Galípolo parar o posto do Banco Central deve ser encarada como algo natural e ”do jogo político”: ”O que ele [Lula] está fazendo está correto. É um instrumento constitucional que está sendo usado para pressionar [o BC]”, afirmou.

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Imagem mostra efeito da selic na vida das pessoas
Como podemos ver, a Selic afeta os investimentos e consumo das pessoas Banco Central do Brasil/Reprodução

Quem é Galípolo?

Gabriel Galípolo é formado em Ciências Econômicas e mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Antes de ser indicado ao cargo do BC, ele era secretário executivo do Ministro da Fazenda (Fernando Haddad). Entre 2017 e 2021, foi presidente do banco Fator.

Galípolo também já teve experiências anteriores em governos. Em 2008, durante o governo de José Serra (PSDB) em São Paulo, chefiou a Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos, e, no ano seguinte, foi diretor da Unidade de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento.

 

 

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