Erika Hilton denuncia transfobia após receber visto masculino dos EUA

A deputada federal não se calou diante do retrocesso dos direitos das pessoas trans nos EUA após nova gestão de Donald Trump

Por Juliana Morales 16 abr 2025, 16h02
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deputada federal brasileira Erika Hilton foi classificada como do “sexo masculino” ao tirar um novo visto americano. A parlamentar precisava do documento para ir a uma conferência na Universidade de Harvard e no MIT, mas decidiu cancelar a viagem após o Governo Trump desconsiderar o gênero que consta em sua certidão de nascimento. 

 

Em post nas redes sociais, Erika disse que não se surpreende com “o nível do ódio e a fixação dessa gente com pessoas trans”, e que, além da transfobia, o caso se configura como um problema diplomático entre EUA e Brasil – já que ela é registrada como uma mulher nos documentos brasileiros.

“Estão ignorando documentos oficiais de outras nações soberanas, até mesmo de uma representante diplomática, para ir atrás de descobrir se a pessoa, em algum momento, teve um registro diferente”, escreveu. “Mas, no fim do dia, sou uma cidadã brasileira, e tenho meus direitos garantidos e minha existência respeitada pela nossa própria constituição, legislação e jurisprudência”, acrescentou.

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Apesar de revoltante, o que aconteceu com ela também não é uma novidade. Como ela enfatiza no post: “isso o já está acontecendo nos documentos de pessoas trans dos EUA faz algumas semanas”.

Vale lembrar que uma das primeiras ações de Donald Trump no seu retorno à presidência, em janeiro deste ano, foi assinar uma ordem executiva que reconhece apenas os gêneros feminino e masculino (considerados imutáveis desde o nascimento) em formulários governamentais, sem pedir mais informações sobre identidade de gênero.

 

 

No entanto, Hilton contou à coluna da Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, que “em nenhum momento preencheu qualquer formulário dando margem para a mudança”. Em 2023, antes desse novo mandato de Trump, a deputada informou sua identidade de gênero e  conseguiu um visto americano com a classificação do “sexo feminino”.

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“O que me preocupa é um país estar ignorando documentos oficiais acerca da existência dos próprios cidadãos, e alterando-os conforme a narrativa e os desejos de retirada de direitos do Presidente da vez. Porque isso não vai parar em nós ou atingir apenas as pessoas trans, a lista de alvos dessa gente é imensa”, lamenta. 

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A deputada já afirmou que vai acionar a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos para que seja dada uma resposta política sobre o caso.

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