“Força da juventude é fundamental para a democracia”

Aos 81 anos, Benedita da Silva está em seu terceiro mandato como deputada federal e é otimista em relação ao futuro da juventude.

Por Andréa Martinelli Atualizado em 29 out 2024, 16h06 - Publicado em 9 mar 2024, 07h57
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uem é mulher, negra e mora em uma favela não escolhe entrar para a política, mas, sim, vive a política no dia a dia”. Foi assim que a deputada federal pelo Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT-RJ), definiu como a política entrou na sua vida e o que a fez se interessar por seguir essa carreira. 

Ela é mais uma das entrevistadas para a edição especial de política da CAPRICHO, em que meninas e mulheres de várias gerações falam sobre o tema. “Jamais foi e jamais será um tema chato [falar de política]. Ela é o preço caro do arroz, do feijão, da conta de luz, da passagem do ônibus. Política é a falta de remédio no posto de saúde do bairro, é a falta de material escolar, é a rua esburacada.” 

E a vida de Benedita na política foi feita de muitos desafios e primeiras vezes, viu? Hoje, em seu terceiro mandato consecutivo como deputada federal, ela tem muita história pra contar. “Os desafios foram e são vários, mas ter sido a única mulher parlamentar negra durante a Assembleia Constituinte, entre 1986 e 1988, foi muito desafiador.”

E olha só esse currículo: lá em 1983, a parlamentar foi a primeira mulher negra a chegar à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, ao vice-governo fluminense (entre 1999 e 2002) e, depois, ao governo (em 2003); além do Senado Federal – sendo a primeira senadora mulher e negra no Brasil. 

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Ter sido a única mulher parlamentar negra durante a Assembleia Constituinte, entre 1986 e 1988, foi muito desafiador.

Em todos esses anos de vida política, ela destaca como uma grande conquista a discussão e aprovação da chamada “PEC das Domésticas”. Lá em 2013, ela foi relatora da medida no Congresso – ou seja, a responsável por analisar todas as fases de aprovação da legislação.  

“É um dia em que estamos arrebentando as correntes desde a casa grande à senzala, desde a Lei Áurea, onde essas trabalhadoras e esses trabalhadores passam a ser reconhecidos, com os direitos iguais aos demais trabalhadores”, disse à época no plenário da Câmara dos Deputados.

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Isso porque a aprovação também se confunde com sua história. Ela cresceu na comunidade do Chapéu-Mangueira, no Leme, Zona Sul carioca. Adolescente, interrompeu os estudos para ajudar a família de 14 irmãos, chegou a trabalhar como doméstica e como tecelã em uma fábrica de tecidos. Na década de 50, no Rio de Janeiro, foi lavadeira do ex-presidente Juscelino Kubitschek. 

Tudo isso aconteceu antes dela iniciar sua militância, na época do regime militar, e se inspirar em nomes que lutavam por direitos civis na época – e não só no Brasil.

 “As referências são inúmeras e isso começa dentro de casa, com a luta da minha mãe, com os líderes comunitários da minha comunidade pela construção coletiva e passa por nomes como Dandara e Zumbi dos Palmares, Abdias do Nascimento, Mandela.” 

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