Nova década já começa com mulheres dominando o universo nerd

Sabe o quão icônico é isso?

Por Isabella Otto Atualizado em 31 out 2024, 00h54 - Publicado em 2 jan 2020, 10h02

As pessoas já estão celebrando a chegada da nova década, na internet e fora dela. Não é difícil encontrar gente nas ruas desejando “boas festas” e terminando as felicitações com um empolgado “nos vemos na próxima década!”. Apesar de alguns especialistas afirmarem que ela só começa efetivamente na Virada de 2021, o pique parece ser outro. E, bem, sendo assim, é momento de comemorar em dobro, porque a nova década, comece ela agora ou só daqui 12 meses, se inicia com mulheres fazendo história no cinema e, o que ainda mais delicioso, no universo nerd!

Patty Jenkins e Gal Gadot em estreia de Mulher-Maravilha. Getty Images/Getty Images

Entre os anos de 2007 e 2016, dos 1.223 diretores envolvidos em projetos analisados por pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, apenas 4% deles eram do sexo feminino. Ou seja, uma média de 48 mulheres para 1.223 homens. Esse levantamento, apesar de analisar a parte de um todo, retrata o cenário cinematográfico de Hollywood e do mundo. Na China, por exemplo, não é muito diferentes e cineastas precisam encontrar maneiras de driblar o machismo estrutural na profissão e na sociedade. “Nós não podemos espalhar nenhuma informação por meio da mídia tradicional ou grande veículos das novas mídias, que são todos controlados ou censurados pelo governo. Mas o cinema é uma boa maneira de dar destaque às questões sociais”, contou Li Dan, fundador do Festival de Cinema de Mulheres da China, em entrevista à Harriet Constable, da BBC Culture, em julho de 2019.

O festival, além de destacar produções realizadas por mulheres, mostra que muitos bons conteúdos existem, mas não têm espaço em um meio dominado por homens. Mas o cenário está mudando! “Costumava ser sempre Batman, Super-Homem… homem, homem, homem. É encorajador ver que filmes como Mulher-Maravilha, que vem de de Hollywood, ajuda o público a exigir uma maior variedade de histórias”, revelou a chinesa Nicola Fan, famosa diretora criativa, na mesma entrevista para a BBC Culture. No Brasil, aos poucos, o jogo também está virando. São nomes como Marina Person, Cris D’Amato, Monique Gardenberg, Fernanda Torres, entre tantos outros. Contudo, talvez o cinema direcionado ao público nerd ainda seja o que encontra maior obstáculo, já que, durante décadas, super-heróis ditaram as normas e o que funcionava ou não nas bilheterias do mundo todo. Coisa boa então é saber que a nova década começa de maneira diferente!

Das seis das principais estreias de 2020, 4 são inspiradas em HQs, trazem histórias de super-heroínas e são dirigidas por mulheres. Estamos falando de Aves de Rapina, comandada por Cathy Yan, que traz no elenco 5 velhas conhecidas da DC Comics, como Arlequina, interpretada por Margot Robbie, Canário Negro, interpretada por Jurnee Smollett-Bell, Caçadora, por Mary Elizabeth Winstead, Cassandra Cain, por Ella Jay Basco, e Renee Montoya, por Rosie Perez. Um filme criado por mulheres, feito por mulheres e, apesar de soar mais atraente para o público feminino, por causa da emancipação feminista das personagens, é para todos. A estreia de Aves de Rapina está prevista para fevereiro.

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“Ninguém faz isso melhor do que as Aves de Rapina.” Reprodução/Reprodução

E o que falar de Mulher-Maravilha 1984? O hype é real! Aclamado por uma multidão na CCXP19, a sequência da saga, dirigida por Patty Jenkins, tem como protagonista a super-heroína interpretada por Gal Gadot. “É claro que Mulher-Maravilha é feminista(…) Acho que as pessoas se enganam sobre o que é feminismo(…) É tudo sobre igualdade e liberdade, e [mulheres] escolhendo o que querem. Se são os salários, então que sejamos pagas igualmente com relação aos homens. Não são homens contra mulheres ou mulheres contra homens”, disse Gal em 2017 em entrevista à revista Entertainment Weekly. A estreia de Mulher-Maravilha 1984 está prevista para junho.

Ainda temos a Viúva Negra, interpretada por Scarlett Johansson, cujo filme de mesmo nome é dirigido por Cate Shortland, e o longa de super-heróis Os Eternos, que tem Chloé Zhao na direção. E não dá para falar em personagens femininas fortes e guerreiras sem citar Mulan, né? O live-action da Disney, previsto para estrear no Brasil em abril, traz Liu Yifei na pele da personagem clássica do conto de fadas e Niki Caro à frente da direção. Vale destacar que outra saga de animação de sucesso da Disney, Frozen, também tem uma mulher na direção, Jennifer Lee, que atua junto com Chris Buck.

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Como diz o subtítulo de Aves de Rapina: “Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa”. São tempos sombrios para o machismo, no cinema, no universo nerd e no mundo. Já não era sem tempo! E que a luta “fantabulosamente feminista” continue em todas as novas décadas. 

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