O ‘Passinho do Japonês’ da MC Loma e o debate sobre racismo

Atacar a MC Loma e as Gêmeas Lacração não é o caminho para gerar a desconstrução dos estereótipos - mas algo precisa ser feito.

Por Melissa Ery Atualizado em 31 out 2024, 10h57 - Publicado em 31 mar 2018, 19h24

Um dos novos hits da MC Loma e as Gêmeas Lacração se chama Passinho do Japonês. Confesso que demorei para assistir ao clipe, talvez porque já sabia o que esperar dele. Sei que é um assunto bastante delicado e envolve dois lados de uma história que, muitas vezes, ignoramos por egoísmo ou desconhecimento. Quando vi o clipe, me senti incomodada, porque não é legal ver traços meus e da minha cultura sendo ridicularizados e reproduzidos em forma de piada – uma piada que eu ouço e vejo há anos, inclusive na música. 

Reprodução/Reprodução

Mas eu parei para refletir e concluí que não é justo responsabilizar e cobrar uma desconstrução de uma menina de 15 anos. Eu mesma me desconstruí e me descobri amarela há pouco tempo. Apesar de ter ouvido alguns comentários sobre o clipe, o que me reconfortou foi que ele justamente trouxe um debate muito necessário. Ele também acabou gerando uma discussão nas redes sociais que precisa servir de reflexão para todas nós antes de sairmos apontando o dedo e achando que apenas um lado está certo ou errado.

Para mim, foi especialmente bom ler um post da Kemi, idealizadora da página Perigo Amarelo. Ela levantou pontos importantes em seu texto no Facebook. Olha só:

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Esse assunto precisa ser discutido? Sim. Mas comentários ofensivos não geram reflexões necessárias. Na verdade, eles não geram nada além de ofensas. Vi que alguns canais no YouTube fizeram os famosos “react videos” e fiquei um pouco triste por usarem um momento tão importante para fazer “piadas” ou até mesmo zoar o jeito da MC Loma. Não ganhamos nada disseminando ódio gratuito nas redes. Atacar as meninas ou qualquer outra pessoa não é o caminho para gerar a desconstrução dos estereótipos.

Gostaria de agradecer aos meus amigos que debateram comigo esse assunto e me ajudaram a entender todos os lados da história, e também me contaram como se sentiram. Para quem quiser trocar uma ideia sobre esse ou qualquer outro assunto, contar a sua história ou até mesmo sugerir pautas, sintam-se à vontade para me mandar um e-mail no melissa.sakaguchi@abril.com.br ou me chamando no Facebook ou Instagram, ambos @MelissaEry.

Beijos,
Melissa Ery

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