O que a venda da Rhode, de Hailey Bieber, diz sobre o mercado de beleza?
Bruna Tavares e especialista de tendências do WGSN comentam possibilidades de futuro para a marca, que agora faz parte da e.l.f. Beauty

ma das recentes notícias que mais movimentou o mercado da beleza foi a de que a Rhode, marca de beleza fundada por Hailey Bieber, foi adquirida pela e.l.f. Beauty por 1 bilhão de dólares. “Sempre tive grandes sonhos para a empresa, e o mais importante para mim é continuar levando a Rhode para mais espaços, lugares e rostos no mundo todo”, afirmou Hailey, que continua no cargo de diretora criativa.
O anúncio, no entanto, começou a gerar análises e questionamentos nas redes sociais. Será que essa venda foi realmente vantajosa para ambos os lados? O que ela representa e o que podemos esperar do futuro da Rhode? Fomos atrás dessas respostas com nomes que entendem tudo do mercado: Bruna Tavares, maquiadora, influenciadora e dona de linha de beleza homônima, e Natalia Vargas, especialista em tendências da plataforma WGSN.
Afinal, a venda da Rhode para a e.l.f. é realmente vantajosa?
A união de duas forças complementares com certeza foi uma estratégia considerada nesse negócio. “Enquanto a e.l.f. já é consolidada no varejo, tem expertise em distribuição, operação em larga escala e performance digital, a Rhode, apesar de jovem, construiu um desejo muito forte em torno da sua imagem, com uma estética coerente e engajada nas redes sociais”, analisa Bruna Tavares, dona de marca homônima que, em 2024, deixou a Farmamake e se uniu ao grupo Kiss New York.
Outro ponto importante está relacionado ao posicionamento. A Rhode entra na categoria ‘mastige’, um meio-termo entre o luxo e o popular, espaço até então não ocupado pela e.l.f., conhecida por seus produtos acessíveis com grande presença em farmácias e varejo de massa. “Para a empresa, é uma forma inteligente de entrar nesse território. Para Hailey, é a chance de escalar a marca com mais estrutura, mantendo relevância e crescendo com o apoio de uma operação robusta”, acrescenta Bruna.
A Rhode ainda é uma marca muito jovem. Por que, mesmo assim, essa venda foi tão expressiva?
É interessante lembrar que, embora a Rhode tenha sido criada em 2022 e possuir um portfólio relativamente pequeno;, já causa um impacto global gigantesco. Na visão de Natalia Vargas, especialista em tendências do WGSN, isso se deve ao movimento acelerado de marcas de beleza desenvolvidos por pessoas inseridas na cultura pop e também à necessidade do que ela chama de ‘microalegrias’.
“Estamos em um momento em que alegria e sentimentos positivos se tornam um capital. É a grande vez de comemorar e valorizar as pequenas diversões do cotidiano, e essa postura se torna fundamental para o bem-estar do público. Quando falo em microalegrias, falo de gatilhos positivos, por meio dos quais comemoramos pequenos feitos, seja com colecionáveis divertidos para o dia a dia – como o lip case da marca – ou até mesmo produtos que te causam uma felicidade instantânea. E a Rhode deu um pontapé importante nessa tendência com seus itens de beleza colecionáveis e que servem como um escape feliz”, reflete Natalia.
Sem contar que Hailey soube traduzir seu estilo de vida e aproveitar a febre da estética clean girl, tornando-se referência no assunto.
O que podemos esperar do futuro da Rhode?
Bruna Tavares aposta em uma ampliação de portfólio da Rhode, assim como a busca por acelerar sua expansão internacional e aumentar a presença física. “A marca deve crescer mantendo a essência, com esse ar minimalista, sofisticado e acessível, mas com mais força operacional“, acredita a empresária. “Também imagino a entrada em novas categorias, como maquiagem com foco em skincare, por exemplo tinted balms ou bases leves, sempre mantendo a ideia de ‘glow saudável’. E possivelmente collabs ou edições limitadas bem pensadas para sustentar o hype.”
O que essa venda nos diz sobre o mercado de beleza atual?
“Foi-se o tempo em que marcas de beleza eram apenas marcas de beleza”, declara Natalia Vargas, que enxerga a Rhode como um universo inteiro e próprio – tem uma narrativa única, estética assinatura e fandom atento aos lançamentos. “Essa venda mostra um futuro de necessidade de alma e personificação na beleza”, conclui.
Complementando esse ponto de vista, para Bruna Tavares, isso mostra que o mercado de beleza continua aquecido, mas muito mais exigente. “Não basta ter bons produtos, é preciso ter uma narrativa forte, construir comunidade e gerar identificação real“.
“Também reforça que o valor de uma marca hoje está na forma como ela conecta, seja através da fundadora, da estética ou da conversa, com a audiência. O consumidor quer mais do que um produto, quer fazer parte de algo. E grandes grupos, como a e.l.f., estão atentos a isso. Eles querem marcas com alma, com potencial de escala, mas que já nascem com amor envolvido. A beleza segue sendo um mercado emocional, e emocional move bilhões”, finaliza.
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