Gautier Lee
Gautier Lee é cineasta, não-binária, negra e lésbica. Trabalhou em séries para a Amazon, Netflix, Globoplay e Comedy Central, tendo escrito as séries Auto Posto, Depois Que Tudo Mudou e De Volta aos 15, da qual também é diretora. É apaixonada por comédias românticas e narrativas teen.
Gautier Lee
Gautier Lee é cineasta, não-binária, negra e lésbica. Trabalhou em séries para a Amazon, Netflix, Globoplay e Comedy Central, tendo escrito as séries Auto Posto, Depois Que Tudo Mudou e De Volta aos 15, da qual também é diretora. É apaixonada por comédias românticas e narrativas teen.

Eu sou a roteirista que quer construir uma série nova com você

Sinto que streamings e emissoras estão, em passos lentos, entendendo que a gente não quer ver só gente branca, magra e rica vivendo romances água com açúcar

Por Gautier Lee 16 jul 2025, 09h01
E

m muitos momentos a vida adolescente pesa. É aquela pessoa especial que deixa borboletas no estômago, são os boletos que os pais falam em segredo e só deixam dúvidas no ar, é o espelho que mostra uma imagem que você ainda não sabe como amar. A ansiedade toma conta e o medo é paralisante.

Mas daí a gente liga a TV (ou o notebook, ou o tablet, ou o celular, não é mesmo?) e encontramos um escape para toda a confusão mental que nos assombra: aquela seriezinha gostosa, às vezes de qualidade duvidosa, mas que faz a vida parecer menos cinza. E se você prestar atenção dá para ver que o que era hypado há 15 anos foi repaginado e tem trazido novas perspectivas para a gente. 

Maratonei Gossip Girl inteira cinco vezes e achava que precisava de sapatos caros, um círculo social altamente tóxico e mensagens anônimas para aproveitar a vida. Não que o drama teen tenha perdido a graça – quem me conhece bem sabe que amo uma boa picuinha entre melhores amigas (alô JackieShauna). Mas as coisas mudaram. Hoje o público tem vontades e necessidades diferentes. A gente quer histórias que retratem a nossa realidade. Histórias que não façam a galera preta, LGBT+, periférica, neuro divergente ou fora dos padrões normativos, de piada.

Histórias com personagens que sentem como a gente sente, que erram como a gente erra e que sofrem como a gente sofre. A vida é desse jeito: complexa, bagunçada, melancólica. E séries boas

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de verdade entendem isso. E eu sou otimista (talvez até por teimosia) e procuro focar nos avanços que a

indústria audiovisual tem feito. 

Sinto que os streamings e emissoras estão, em passos lentíssimos, entendendo que a gente não quer ver só gente branca, magra e rica vivendo romances água com açúcar e triângulos amorosos defasados. A gente quer ver tudo. A gente quer ver pessoas gordas amando e sendo amadas. A gente quer ver meninos trans sendo protagonistas sem cair na narrativa de sofridão eterna. A gente quer ver minas pretas sendo vilãs à la Karol Conká no BBB 21 – até porque representatividade de maldade também importa. A gente quer ver sotaques diversos, corpos de verdade, famílias bagunçadas. A gente quer gargalhar do caos e se debulhar em lágrimas enquanto nos sentimos abraçadas pelos personagens. 

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