Carta aberta sobre desigualdade salarial à Câmara Estadual de São Paulo
Rafaela Raiol, da Galera CH, e sua amiga de escola, Muriel Bellotti, escrevem sobre a diferença de salário e oportunidades entre homens e mulheres
Oi, gente! Tudo bem? Aqui é a Rafa Raiol e hoje compartilho com vocês um trabalho de escola que precisei fazer este ano. Junto da minha colega, Muriel Bellotti, escrevi uma carta aberta para a Câmara Estadual de São Paulo e o tema escolhido foi: “A injustiça no mundo de trabalho”.
Penso que, assim como nós, muitas meninas podem se identificar com a reflexão que levantamos. Vale frisar que este é apenas um exercício proposto pela minha escola, mas que pode te ajudar no dia a dia.
Sem mais delongas, fiquem com a carta aberta!
Excelentíssimos deputados da Câmara Estadual de São Paulo,
Mesmo depois de todas as nossas lutas, revoltas, revoluções e ataques, ainda vivemos em uma sociedade desigual. Sim, já conseguimos bastante, mas não é o suficiente – e nunca vai ser até termos os mesmos direitos e as mesmas oportunidades.
Tudo começa muito cedo, ainda na escola. Como estudantes, conseguimos perceber diversos momentos em que os meninos fazem muito menos e acabam ganhando muito mais. Mas isso não é entre só os alunos, não, os professores sempre falam pras meninas: “Vocês tem que fazer isso, se não não serão ninguém na vida” enquanto os rapazes podem apenas jogar futebol sem muitos questionamentos.
Isso nos preocupa, pois sabemos que mesmo nos esforçando mais, mesmo sendo tão boas quanto eles, ganharemos um salário menor e menos reconhecimento também. Acreditamos que no futuro iremos querer direitos iguais e não aceitaremos sermos tratadas de forma diferente dos homens, assim como as mulheres querem hoje.
É bom ressaltar que o IBGE tem dados mostrando a diferença de salário entre homens e mulheres, e mesmo sendo uma das fontes mais importantes, continuamos aceitando isso.
“Tem uma conta que eu sempre gosto de fazer: como as mulheres ganham 20% menos, daria para trabalhar 20% menos então no ano. Só até 18 de outubro. É como se a cada ano a mulher trabalhasse 74 dias de graça” disse Thais Barcellos, uma pesquisadora de consultoria. Esta informação deveria ser considerada no mínimo alarmante, são dois meses e meio em que as mulheres se esforçam para não receber nada de volta.
Queremos uma medida legal para não permitir essa diferença de salário e oportunidades, mas isso não funciona sem a conscientização. A medida legal não impedirá os assédios, a perda de empregos por causa do gênero. Por isso achamos que deve ser implantado um regulamento nas empresas impedindo que essa diferença aconteça, e caso aconteça, tenha consequências.
Esse regulamento deveria garantir que os salários sejam justos, que não ocorra mais falas inapropriadas que não cabem mais nos dias de hoje contra as mulheres. As consequências têm que afetar as empresas exigindo uma indenização ou um boletim de ocorrência.
Excelentíssimo, escrevemos porque somos duas estudantes preocupadas com nosso futuro, certas de que outras como nós também desejamos dias melhores, sem a desigualdade social na qual nos encontramos atualmente. Caso isso funcione, seremos mulheres com um futuro brilhante, no qual poderemos atuar tranquilamente na ciência, na medicina, na engenharia e em todos os outros campos que quisermos.
Atenciosamente.
Muriel Bellotti e Rafaela Raiol