Diário de Intercâmbio: Porque não existem fronteiras para o amor!

Marcela Bonafé, nossa intercambista no Canadá, encontrou o amor durante a viagem - e agora ele vem para o Brasil com ela!

Por Marcela Bonafé Atualizado em 31 out 2024, 11h21 - Publicado em 13 jan 2018, 16h11

O destino é mesmo uma coisa muito maluca. Eu não vim a Montréal esperando encontrar alguém – até porque eu namorava na época. Mas quando as coisas têm que acontecer, elas acontecem. E o destino começou a agir, mais precisamente, no meu segundo mês de aula de francês, quando um menino novo entrou na sala.

Sempre achei que esse tipo de coisa só acontecesse em livros, mas, assim que o vi, soube que ele estava ali, cruzando meu caminho, para me marcar de alguma forma. Juro que foi até esquisito! Enfim, durante aquelas atividades para conhecer os coleguinhas, caímos no mesmo grupo e descobri coisas básicas sobre ele: era da Suíça, gostava de futebol, ia ficar no intercâmbio até o meio de dezembro… Eu disse “ia”?! Bem, eu explico isso mais para baixo.

Arquivo Pessoal/Reprodução

Como ele ainda estava meio perdido, e eu sempre fui o tipo de pessoa que acolhe todo mundo, resolvi chamá-lo para o rolê que tinha marcado com alguns amigos depois da aula. E não é que ele foi? Como gostou do nosso grupo, passou a sair sempre com a gente. E o que acontece quando queremos marcar coisas com os amigos? Exatamente, nos adicionamos nas redes sociais!

Começou com um “a gente vai a tal lugar, em tal horário, se quiser ir…”; e, quando me dei conta, nós já estávamos conversando o dia todo, todos os dias, sobre várias coisas. E ver as notificações dele surgindo na tela do meu celular me deixava estranhamente feliz. Já ciente de que era tarde demais para parar meu coração (e já tendo terminado o namoro), perguntei a uma amiga o que ela achava sobre essa nossa proximidade. Ela disse que talvez ele gostasse de mim mesmo. A esperança cresceu e o medo de quebrar a cara também.

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Foi no dia de Ação de Graças que tive muito a agradecer. Umas amigas e eu combinamos de fazer um almoço com a galera. Depois de comer, à tarde, todos foram embora, mas ele ficou. Após o jantar, ele e eu fomos para o meu quarto. Acabamos conversando por uma hora sem parar! No momento de ir embora, ele acabou me beijando. Fiquei sem reação, ainda mais porque, depois do beijo, antes de sair, ele disse a seguinte frase: “pronto, agora eu vou dormir bem”. Quando me recompus, mandei uma mensagem e ele me respondeu agradecendo por eu ter lhe dado algo que nem ele sabia que precisava. Percebi que sentia o mesmo.

https://www.instagram.com/p/Bc0VVpWjuyb/?taken-by=maahbonafe

Desde então, as coisas caminharam muito rapidamente. Pouco tempo depois do fatídico Ação de Graças, ele já estava vindo para o meu apartamento estudantil quase que diariamente. Até que, um dia, depois da aula, nós íamos tirar um cochilo e começamos a conversar. Foi ali que ele me comparou a um livro. Ele não gosta muito de ler, mas disse que tinha achado um livro (que, no caso, era eu) que queria muito entender, mas que estava meio difícil. Passamos a conversar sobre a vida, choramos, rimos… No dia seguinte, me sentei e “traduzi” parte desse livro para ele. Ou seja, abri meu coração.

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Escrevi cinco páginas dizendo tudo o que eu estava sentindo em relação ao que estava acontecendo. Ele amou e eu passei a periodicamente me sentar e escrever sobre nossos momentos. Ele lia, relia e ainda relê sempre que pode. Após uma dessas leituras, ele me disse as coisas mais bonitas possíveis e terminou dizendo que não voltaria mais em dezembro. Fiquei meio sem entender de início, mas ele me explicou: havia entrado em contato com o pai e estendido o intercâmbio. A viagem dele só acabaria quando a minha também acabasse.

Outro dia ele me deu um pingente com o número 7, porque eu o chamo de “Seven”, uma brincadeira com o nome dele. E o apelido que ele me deu também foi bem único: Mabo. Arquivo Pessoal/Reprodução

E assim foi. Nós já nos víamos todos os dias na escola, saíamos com os amigos e depois ficávamos só os dois. E o tempo juntos só aumentou: no meio de dezembro, a estadia dele na casa em que estava acabou e, como ele já vinha muito para o meu apartamento, acabou se mudando de vez para cá. Claro, tudo dentro da legalidade. Há um mês, estamos dividindo a mesma “casa” e nos vendo praticamente 24h por dia. No começo, lembro de pensar: “putz, vou enjoar”; mas quem disse que isso aconteceu? Amo cada segundinho mais o que estamos vivendo!

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Nos completamos de todas as formas: cozinhamos juntos, nos zoamos o dia todo, dividimos tudo – inclusive a garrafinha de água na sala de aula – e fazemos surpresas fofas um para o outro. Eu ensino português para o meu suíço e ele tenta me ensinar algumas coisas em suíço/alemão. A gente malha junto, dorme junto, acorda junto, faz coisas idiotas junto e até já faz alguns planos para o futuro. Fazemos bem um para o outro e é isso que realmente importa.

https://www.instagram.com/p/BdZW5GGjoGa/?taken-by=maahbonafe

Poderia escrever parágrafos e mais parágrafos sobre essa história toda, mas vou me segurar e parar por aqui. O que quero dizer é que algumas pessoas aparecem em nossas vidas, e a gente não sabe bem o porquê, mas depois entende. E isso pode acontecer em um intercâmbio. E pode ser, sim, uma história passageira. Mas também pode não ser. Sei que vai ser difícil quando cada um voltar para seu país, mas a gente vai dar um jeito. Na verdade, já estamos dando. Quando eu voltar em fevereiro para o Brasil, ele vai comigo conhecer minha família e minha cidade. E depois, como eu disse, o que tiver que acontecer, vai acontecer.

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Salut (cheio de amor),

Ma Bonafé

 

Promoção CAPRICHO Volta às Aulas 2018
Divulgação/CAPRICHO
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