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Erros e acertos de Divertida Mente 2 ao retratar a puberdade

O novo filme mostra bem a bagunça que a puberdade causa na vida do jovem, mas sentimos faltas de alguns aspectos importantes dessa fase

Por Juliana Morales 3 jul 2024, 20h01
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ossa galera sabe muito bem o turbilhão de emoções que é adentrar a adolescência. Ao assistir Divertida Mente 2, podemos ver esse processo conturbado por meio da personagem Riley, que agora com 13 anos, enfrenta a puberdade e entra em contato com novas sensações e sentimentos.

Logo no início do filme, quando o ‘botão da puberdade’ é acionado, o painel de controle de Riley sofre uma espécie de pane e, em seguida, tudo começa a se transformar. A cabeça da garota fica revirada e uma placa é colocada: “Desculpe o transtorno: Puberdade é uma bagunça”. E que bagunça, hein?

Nesse período dos 8 aos 13 anos, em que ocorre a transição da infância para a vida adulta, o corpo do jovem passa por uma série de mudanças hormonais e físicas, que afetam diretamente o emocional. O filme retrata muito bem como tudo fica intenso nessa fase – basta um simples toque de uma das emoções no painel, seja a Alegria ou a Raiva, a reação da garota é demasiada. Tudo é muito para ela.

Mas confessa aí: você se identificou com a Riley, né? Quantas vezes você também já não chorou muito ou ficou com muito raiva por um motivo “bobo” e nem você sabia explicar essa reação? O filme é um aconchego nesse sentido, ao fazer a nossa galera entender que faz parte do processo e toda essa explosão não acontece só com você.

Além disso, é preciso entender que é normal que nossos gostos e prioridades também vão mudando ao longo das fases. No segundo filme, por exemplo, a ilha da família da Riley está bem menor do que no primeiro, enquanto a da amizade ganhou um espaço muito maior no novo longa. Está aí mais uma metáfora interessante que a animação traz para explicar movimentos que todos os indivíduos acabam passando.

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E é fato que as coisas ficam mais complexas a partir da adolescência, como mostra a animação. Isso exige emoções mais “sofisticadas” dentro da história também. É aí que entra a Inveja, a Vergonha, o Tédio e a temida Ansiedade na mente de Riley em Divertida Mente – e de todo jovem na vida, não é?

O filme ilustra de uma maneira fácil e bacana o funcionamento de cada uma dessas novas emoções e também como elas interagem entre si. A Ansiedade, que pode ser considerada a emoção protagonista de Divertida Mente 2 (o que faz muito sentido na sociedade em que vivemos), descreve seu papel como “prever o futuro e proteger a pessoa daquilo que ela não pode ver”. Imagina, então, quantos cenários assustadores criamos quando ela toma conta do nosso painel de controle? Não é à toa que o Medo diz à personagem da Ansiedade que os dois jogam no mesmo time.

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Com a chegada da puberdade, ansiedade e tudo que elas carregam junto, o ‘senso de si’ de Riley – uma espécie de escultura formada por fios que representam suas crenças e convicções – começa a ficar abalado. Antes, a visão da garota sobre ela era envolta de pensamentos positivos, como “eu sou boa” e “eu sou amada”. Mas a peça começa a ganhar fios mais obscuros, gerados por suas inseguranças e aflições. Por causa do bullying ou até da autocobrança, por exemplo, podemos criar a convicção de que não somos boas o suficientes ou que nunca seremos amadas de verdade.

Com o desenrolar da narrativa, Hiley – e o público – entende que lidar com esses pensamentos e emoções considerados “negativos” é inevitável e faz parte. É importante acolher todas as emoções, sem deixar que qualquer uma delas te controle.

Mas, então, o que faltou em Divertida Mente 2 sobre a puberdade?

Sim, há muito o que se falar sobre puberdade e, talvez, não seja possível resumir tudo em um filme com menos de duas hora ou até incluir certas temáticas em uma animação com indicação livre. Mas seria muito legal ter visto certos aspectos sendo retratados, até de forma metafórica quem sabe, como a menstruação, a atração física e mudanças físicas.

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Vale lembrar que é na puberdade em que há o aparecimento dos caracteres sexuais [como os ovários e os testículos] o estirão do crescimento e o estabelecimento da vida produtiva. As mudanças corporais sejam sentidas principalmente por volta dos 10 anos.

A puberdade passa por três fases principais. Nas meninas, ela começa com a telarca, em que há o aparecimento da glândula mamária, seguida pela pubarca, ou seja, o aparecimento dos pelos pubianos. E por fim, a menarca, que traz a primeira menstruação das meninas.

Uma crítica do filme publicada no ‘The New York Times’ analisou que Riley é uma adolescente que está passando por novas sensações e sentimentos, mas que “as pessoas que fizeram o filme se comportaram como pais superprotetores, que não estão prontos para deixar sua filha crescer. “Por isso, não fica menstruada, foge e não desenvolve uma paixão”, diz o artigo. Outro ponto interessante levantado pelo autor foi que, diferente da maioria dos jovens, a garota não fica muito tempo no celular – vocês tinham reparado nisso?

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E aí, o que você achou de Divertida Mente 2? Você se sentiu representada(a) ou não?

 

 

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