Estes são os meus segredos para conseguir ler 8 livros em um mês

Independente de quantos livros você ler, o importante é tentar abrir espaço na sua rotina para a leitura

Por Mavi Faria 10 nov 2024, 13h00
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ensar como brasileiros leem é relacionar, quase imediatamente, o tópico a baixos índices de leitura e poucos livros lidos por ano, em especial quanto comparados a países europeus ocidentais. A ideia recorrente não é tão exagerada, na verdade.

Durante alguns anos, era comum que pesquisas indicassem que o brasileiro, em média, não lia nenhum ou apenas um livro por ano. Na  última edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, no entanto, aparece outro cenário: segundo dados mais recentes, os brasileiros leem, em média, de quatro a cinco livros por ano.

Comparar estes dados com o de outros países, como da França, onde uma pessoa lê em média 12 livros por ano, é injusto e equivocado, já que o contexto socioeconômico e cultura são muito distantes para agir como se fossem equiparáveis – não são. Por isso, é importante enxergar estes quatro ou cinco livros como um avanço e refletir sobre o que pode ser feito para cada vez mais pessoas tenham o hábito de ler.

Entre a galera mais jovem, em especial que frequenta o booktok, o índice é bem diferente – o que não faltam são leitores que exibem 30, 50, 100 livros lidos ao ano, em uma corrida desenfreada e muito competitiva por páginas. No meu caso, como alguém que lê compulsivamente desde os 10 anos – fora os gibis que me introduziram neste mundo antes, afirmar que li oito livros completos em um único mês é uma conquista.

Contudo, captar esta única informação é insuficiente para entender, de verdade, o que esse número significa para mim e para você. Tive uma juventude muito literária e já estive lado a lado com alguns destes leitores competitivos do TikTok, mas o cenário mudou com a faculdade e ainda mais com o estágio. Com uma rotina de estudo e trabalho, encontrar espaço e tempo para os livros é uma batalha que exige esforço e abdicação de outras coisas.

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E por que isso é importante, mesmo?

Primeiro para lembrar que o seu contexto interfere muito no quanto você consegue ler, mas também que algumas ações podem te ajudar a tentar incluir mais a leitura no seu dia a dia. Na realidade, não existe uma fórmula mágica muito menos uma quantidade ideal de livros para ler em um mês, e enquanto para mim oito é um número muito expressivo e impressionante, para você pode ser pouco. Enquanto para outras pessoas, pode ser uma meta irreal.

A quantidade, no fim, não é nem de perto o mais importante. Conseguir ler e dedicar cada vez mais tempo a isso, na medida do que é possível para você, deve ser a prioridade a todo momento. A leitura deve ser prazerosa, e não uma pressão, tá? Pensando em como te ajudar a introduzir mais a literatura na sua rotina, reuni oito coisas que fiz nos últimos meses e que fizeram a diferença para mim – lembrando que não necessariamente também vão surtir o mesmo efeito para você! Mas vale tentar, né?

1. Tenha livros/gêneros que você goste

Sou contra quem julga livros como ruins só por não serem do seu gosto, como romances de baixa qualidade. É bem provável que eles não ganhem um Nobel, mas qual o problema de aproveitar uma leitura tranquila, gostosa e carismática? 

Se este for o seu tipo de livro, ou aquele que você lê com mais facilidade, não pense duas vezes e comece a ler! Quem estará lendo e aproveitando ou não a história é você, então, em especial quando você está há um tempo sem ler, não pense em julgamento alheio e busque curtir a leitura. Com o tempo, é mais do que divertido e excitante buscar por livros mais desafiadores e complexos, mas tudo no seu tempo, tá?

2. Tente ler dois tipos de livros diferentes ao mesmo tempo

Essa é uma dica que funciona muito para mim, mas tenho amigos que não conseguem nem pensar em ler duas coisas ao mesmo tempo, e está tudo bem!

Minha dica é pegar dois livros diferentes, como um romance de baixa qualidade e um livro-reportagem complexo e lê-los juntos. Nos dias em que você está cansado, precisando de uma distração e sem neurônio suficiente para pensar, o romance tranquilo está esperando por você.

Enquanto que naqueles dias que você está com tempo e disposição para ler, o mais complexo também estará ali. Às vezes, um dos dois acaba ficando mais de lado, mas particularmente me sinto mais motivada a ler quando tenho duas boas opções, desde que sejam diferentes – já cheguei a bagunçar as histórias quando li duas obras muito similares.

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3. O tempo passado na rede social pode ser o tempo da leitura

Eu sei, o momento de mexer nas redes sociais pode ser o seu momento de lazer principal do dia, mas ele não precisa ser exclusivo das redes. Comecei tentando me vigiar e quando passava um tempo extra rodando o feed sem encontrar sentido, me esforçava para pegar o livro.

Isso não significa que deixei as redes de lado, mas aprendi a equilibrar melhor. Nos dias em que estava entretida na rede, deixava me entreter, mas, com o tempo, comecei a enjoar e a automaticamente buscar o livro em momentos de lazer. Isso sem contar que, quando o enredo está bom, fico tão obcecada que gostaria de fazer mais nada na rotina, somente ler.

4. O foco é em aproveitar a leitura, não em se perder em números

Querer ler dez livros no mês quando você estava lendo, no máximo, dois ou três, é quase torcer pelo seu fracasso. Tenha os pés no chão e mude a meta de número para título. Ao invés de pensar ‘essa semana quero ler um livro inteiro’, por que não mudar o pensamento para  ‘essa semana quero começar aquele livro que quero ler’?

5. Kindle, Kindle, meu melhor amigo

Há quatro anos atrás, eu era a maior defensora da exterminação do Kindle; hoje, não vivo sem ele. Claro que livros em papel ainda são uma experiência completamente diferente, mas nem sempre tenho a condição de comprar um livro novo.

Por isso, o Kindle ou até mesmo ler pelo celular foi uma revolução na minha vida. Nos últimos meses, construí o hábito de ler no Kindle todos os dias antes de dormir ao invés de perder no feed das redes sociais e somente isso já me fez ler dois livros a mais do que o normal. A possibilidade de ler no escuro é algo que não abro mão, assim como a praticidade de ler no transporte público, já que o Kindle é leve e não exige duas mãos para segurá-lo.

Também tenho um método de organização que funciona para mim: alguns livros são especiais ou sei que vou gostar muito, então prefiro comprar para poder rabiscar a página e marcar com post-it. Já aqueles mais tranquilos – oi, romances de baixa qualidade – ou que não sei se vou gostar, baixo no Kindle e sou feliz. Quando acontece de amar muito um do Kindle, coloco na lista para comprar quando puder.

Imagem de um Kindle com trecho do livro "Como terminar uma história de amor".
Trecho do livro “Como terminar uma história de amor”. Mavi Faria/Reprodução
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6. Não tenha medo de abandonar um livro

Já fui o tipo de leitora que não podia deixar um livro de lado por nada nesse mundo, mas vamos combinar? Não faz o menor sentido forçar algo que não combina com você, e está tudo bem. Se o problema for a escrita, a história, deixe de lado; se for o momento em que você se encontra, pode tentar depois novamente.

7. A leitura quase nunca é constante

Mesmo estando lendo bem mais nos últimos tempos, sei que essa frequência vai cair um pouco daqui um tempo e depois voltar. Nada nessa vida é 100% constante, em especial um hábito que sofre alterações dependendo da sua rotina.

Quando meu trabalho ou a faculdade estão exigindo mais de mim, tenho dificuldade em separar um tempo para ler porque, nos momentos livres, posso só querer dormir, por exemplo. O importante é não deixar de tentar, do jeito que você consegue e no contexto que você está.

8. Comemore suas conquistas

Cada página ou livro lido deve ser comemorado e ter uma rede de apoio para fazer isso é ainda melhor. Se os seus amigos não são muito chegados em livros, você pode se aventurar no booktok ou em redes específicas para livros, como o Skoob. Conversar sobre livros com outros leitores é uma experiência única que você certamente vai gostar e se divertir.

Quer dicas de livros? Te conto quais foram os oito livros que li no último mês. Quem sabe a gente não bate um papo sobre alguns deles nas redes sociais ou por aí. Confira!

1. “Como terminar uma história de amor”, de Yulin Kuang;
2. “O peso do pássaro morto”, de Aline Bei;
3. “Os números do amor”, de Helen Hoang;
4.“Assistente do vilão”, de Hannah Nicole Maehrer;
5. “Aprendiz do vilão”, de Hannah Nicole Maehrer;
6. “História da menina perdida”, de Elena Ferrante;
7. “Os 12 signos de Valentina”, de Ray Tavares;
8. “Eu beijei Shara Wheeler”, de Casey McQuiston.

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*As compras feitas através destes links podem render algum tipo de remuneração para a Editora Abril.

E aí, já sabe como vai mudar a sua própria rotina para ler mais?

 

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