MPF abre ação contra Jair Bolsonaro por falas misóginas do presidente

Bolsonaro já mostrou que fraqueja muitas vezes na frente de mulheres e precisa usar seu privilégio de homem branco influente para se sentir poderoso

Por Isabella Otto Atualizado em 30 out 2024, 23h43 - Publicado em 11 ago 2020, 10h28

O Ministério Público Federal abriu uma ação contra Jair Bolsonaro, apresentada à 6ª Vara Cível Federal de São Paulo, em documento redigido pelos procuradores Pedro Antonio de Oliveira Machado e Lisiane Braecher, pelas declarações machistas e misóginas que o presidente já deu. Segundo ação civil, os pronunciamentos são “desrespeitosos”, “intoleráveis” e reforçam “estereótipos e posturas misóginas e discriminatórias, notadamente quando advindas de pessoas com poder de influência”.

Além do bloqueio orçamental de R$ 10 milhões, destinado a campanhas de conscientização sobre os direitos das mulheres, a ação protocolada pede o pagamento de R$ 5 milhões por danos sociais e morais coletivos.

Desde que foi eleito, em 2018, Bolsonaro fez algumas alegações preocupantes e problemáticas, como “o Brasil não pode ser o paraíso do turismo gay. (…) Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade” e “ela queria um furo. Ela queria dar um furo“, disse sobre uma repórter que o entrevistava.

Bolsonaro também viralizou negativamente ao dizer que sua quinta filha, primeira menina depois de quatro filhos homens, foi fruto de uma fraquejada. Recentemente, ele voltou a fazer tal comentário que, na cabeça dele e de muitos apoiadores, não passa de uma “piadinha”. “Três meninas? Três fraque… Não vou falar, senão vai dar problema”, disse ao marido de uma eleitora.

A ação civil vale ainda para os ministros do governo que também já fizeram alguns comentários inoportunos e misóginos, como Paulo Guedes, ministro da Economia, que disse “que a mulher é feia mesmo” sobre Brigitte Mácron, primeira-dama da França. O Palácio do Planalto até o momento não se manifestou sobre a ação aberta pelo MPF. Vale reforçar que, anteriormente, Bolsonaro já disse que foi várias vezes uma “vítima do Ministério Público”.

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“Nós falamos em nome das mulheres brasileiras desrespeitadas por uma presidente machista, que ataca a liberdade de imprensa e desrespeita o conjunto das mulheres brasileiras. (…) Nós falamos em nome das mulheres vítimas da violência doméstica e familiar, e da cultura do estupro, do sexismo e da misoginia. Essa fala não condiz com a  fala de um presidente e não condiz com a altura e o tamanho do Brasil. Infelizmente, o Brasil deu uma fraquejada e veio um presidente machista”, disse a deputada Fernanda Melchionna durante discurso no plenário no início do ano, fazendo referência à declaração de Bolsonaro sobre a própria filha e à jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo, sobre quem disse que “queria dar o furo”.

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