Por que ficamos desconcentradas quando estamos apaixonadas?

Você também tem essa impressão? Saiba que não é só impressão, não. É científico!

Por Isabella Otto Atualizado em 31 out 2024, 01h06 - Publicado em 23 nov 2019, 10h02

Sabe quando estamos tão, tão apaixonadas que não conseguimos pensar em nada além daquele certo alguém? Você bem que tenta focar em outras coisas, mas perde o foco de cinco em cinco minutos e, quando vai ver, já está com a cabeça nas nuvens de novo. O Paul McCartney tem uma música que fala exatamente sobre isso, e vamos deixá-la mais para baixo, e diz assim: “distrações, como borboletas em volta de minha cabeça. Quando estou só, penso em você”.

Relaxa, amiga, que você não está sozinha nessa, viu? O lance é cientificamente comprovado: nossa concentração vai para as cucuias quando estamos in love – e isso inclui amores platônicos! Um estudo realizado em 2013 por psicólogos da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, intitulado “Reduced cognitive control in passionate lovers” e publicado no livro Motivation and Emotion, de 2014, prova que temos um menor controle cognitivo na fase da paixão.

Malte Mueller/Getty Images

O que é controle cognitivo? Todas as ações que controlamos e contribuem de alguma forma para o aumento do nosso conhecimento, desde a fala, o pensamento, a memória, o raciocínio, e por aí vai. O que acontece é que, quando estamos apaixonadas, nos tornamos péssimas administradoras da nossa cognição por causa da dopamina.

A dopamina é um neurotransmissor liberado pelo cérebro na área conhecida como “sistema da recompensa”. É essa zona que faz a gente dizer aquela famosa frase “eu mereço!” quando vemos uma roupinha da qual gostamos, mas não temos dinheiro sobrando para comprar, ou sentimos vontade de comer mais besteira do que deveríamos. Resumindo: é essa zona da motivação que te dá forças para viver! E pensar no mozão é mais ou menos isso, né? Um estímulo pra gente seguir em frente.

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O problema é que a dopamina chega a ficar tão em alta que causa a sensação de que estamos biologicamente viciadas em algo. Sim, é a mesma sensação que as pessoas viciadas em drogas como álcool e nicotina sentem. É tão bom e gratificante pensar no @ que queremos sempre mais. E é aí que nosso controle cognitivo fica bagunçado. Até porque entre sonhar acordada com a pessoa que você ama e fazer a lição de casa, qual é mais recompensador? Bem sabemos que fazer a lição de casa é mais importante, mas é mais forte que a gente, sabe?

Nessa hora, é extremamente importante que a gente respire fundo e use ainda mais o córtex pré-frontal, aquela parte do “sistema de recompensa” que faz a gente pensar duas vezes antes de cometer alguma loucurinha, como procrastinar quando estamos cheias de tarefas para fazer.

O bom é que toda essa falta de concentração tem prazo de validade! Não dá para afirmar a data exata, mas muitos cientistas acreditam que a paixão dure até dois anos. Depois, aos poucos, toda essa descarga de dopamina vai sendo substituída por doses de oxitocina, conhecida como o hormônio do amor, do bem estar, da fidelidade e também da retomada do controle cognitivo. (risos) Claro que o cérebro é muito mais complexo e estamos aqui dando um panorama geral das coisas. Além disso, é reconfortante (alô, “sistema de recompensa”!) pensar que todo mundo já passou ou vai passar por isso. Até o Sir Paul McCartney!

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