Por que o ouro da ginasta Sunisa Lee tem gostinho de reparação histórica

Aos 18 anos, a norte-americana Sunisa Lee se tornou a primeira atleta pertencente ao povo asiático Hmong a conquistar uma medalha olímpica

Por Isabella Otto Atualizado em 30 out 2024, 17h19 - Publicado em 29 jul 2021, 13h06
de um lado, o hidratante, o perfume e a máscara facial hello stars, dispostos lado a lado. De outro, as frases: Cada estrela é única, como você. Conheça a nova linha Hello Stars. Todos os elementos estão em um fundo azul escuro com estrelas que brilham
CAPRICHO/Divulgação

A americana Sunisa Lee, de 18 anos, ganhou uma medalha de ouro por seu desempenho no individual geral da ginástica nesta quinta-feira, 29, em Tóquio. A jovem pertence à comunidade Hmong, um dos 56 grupos étnicos oficialmente reconhecidos pela República Popular da China. Originários do Sul da China, do norte do Vietnã e de Laos, os hmongs são popularmente conhecidos como “os indígenas das montanhas de arroz”, por dedicarem suas vidas ao plantio do alimento. Além disso, são bastante conhecidos por serem um povo nômade.

A hmong Sunisa Lee, dos EUA, beijando sua medalha de ouro após vencer os individuais gerais da ginástica; ela está com uma das mãos na cintura e veste um collant azul, branco e vermelho bastante brilhante
A hmong Sunisa Lee, dos EUA, beijando sua medalha de ouro após vencer os individuais gerais da ginástica Laurence Griffiths/Getty Images

O ouro de Sunisa garantiu a ela o posto de primeira atleta hmong da história a se tornar uma medalhista olímpica defendendo os Estados Unidos, que carregam um dívida antiga com a comunidade asiática, conforme lembra o narrador e apresentador esportivo da CBN, Vinícius Moura. “O exército americano recrutou homens dessa etnia em Laos para lutar contra o avanço do Vietnã. Após a guerra, os EUA abandonaram a etnia hmong, que se viu perseguida pelos vietnamitas”, recordou o jornalista nas redes sociais.

Continua após a publicidade

Após o abandono em massa, e numa tentativa de fugir da perseguição, alguns hmongs foram para a Guiana, após recrutamento da França, onde ainda hoje vivem como refugiados. Para preservar as tradições, o casamento entre pessoas da mesma etnia faz parte da cultura, o que faz com que eles sofram preconceito e xenofobia por parte dos locais, que dizem que eles não querem se misturar.

+: Rebeca Andrade brilha na ginástica e conquista prata inédita pro Brasil em Tóquio

Continua após a publicidade

A representação na mídia do povo Hmong também costuma ser bastante criticada. No episódio 5 da 2ª temporada de Grey’s Anatomy, “Bring the Pain”, uma jovem hmong precisa ser operada de um grave tumor na coluna, mas é proibida pelo pai, por questões culturais. Mais tarde, Meretidh e Shepherd descobrem que, na verdade, a paciente não poderia fazer a cirurgia sem antes passar por um ritual com um xamã, que encontraria e salvaria sua alma da intervenção médica. O episódio gerou polêmica, primeiro por pintar os hmongs como sendo maus, segundo alguns próprios membros da comunidade, depois pela falta de representatividade e conhecimento histórico, já que os atores escalados não eram hmongs, o termo foi pronunciado de forma errada várias vezes e a série trouxe informações imprecisas sobre costumes que apenas contribuem para o aumento de estereótipos negativos sobre o grupo étnico.

Em entrevista a Elle, concedida antes das Olimpíadas, John Lee, pai da ginasta, disse que, se a filha ganhasse uma medalha, “seria o maior feito já realizado por qualquer hmong na história do povo nos EUA”. John ainda contou que toda a comunidade hmong do Minnesota, onde vivem, estava na torcida. Após a vitória histórica, Sunisa Lee dedicou o prêmio ao seu povo: “As pessoas pelas quais eu faço tudo. Amo vocês”, escreveu no Twitter.

Continua após a publicidade

A seguir, você confere alguns vídeos para assistir e conhecer mais a fundo os hmongs:

Continua após a publicidade

 

Publicidade