“Precisamos parar de romantizar o processo de autoconhecimento”

A CAPRICHO conversou com a atriz Cynthia Senek sobre parar um pouco e descobrir sua própria potência

Por Juliana Morales Atualizado em 29 out 2024, 15h57 - Publicado em 13 abr 2024, 15h00
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ynthia Senek tem 32 anos de idade e 22 de carreira artística. Ao longo dessa trajetória, deu vida a diferentes personagens no teatro, cinema, TV e streaming. Cada um deles exigiu dedicação e estudo para compor uma personalidade e depois contar a história ao público. E assim um trabalho foi emendando no outro… Até que ela parou e percebeu algo bem importante: “Eu nunca tinha me estudado com a mesma dedicação que eu dei para as minhas personagens”.

Depois desse estalo, Cynthia chegou para seu empresário e anunciou que daria uma pausa em todos os projetos para ir em busca de si. Esse objetivo a levou a uma jornada espiritual na Amazônia, guiada pela sabedoria dos povos originários de lá e um novo estilo de vida mais silencioso, sem carnes, prazeres materiais e tecnologia.

Seis meses depois, de volta dessa experiência transformadora, Cynthia conversou com a CAPRICHO de seu apartamento em Curitiba, sua cidade natal e onde está morando até a sua próxima aventura. No papo, ela falou sobre sua visão acerca do autoconhecimento e das ferramentas que ela usa para se reconectar com seu próprio eu.

A atriz conta que tinha uma ideia muito romântica sobre o processo de autoconhecimento. “Eu pensava que eu ia mudar e tudo seria maravilhoso”, relembra. Mas não é bem assim, é um trabalho árduo que nem sempre é confortável. “A consciência traz grandes responsabilidades. E você precisa olhar para todas as suas partes, até as negativas e que você não gostaria de ver, muitas vezes”, ressalta.

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Para ela, se conhecer é entender que sua própria história merece ser contada e recontada. No período de recolhimento, Cynthia decidiu, por exemplo, voltar a usar o seu nome de batismo: Cynthia Aparecida (que era conhecida como Cynthia Senek). E, a partir disso, promover uma mudança muito maior rumo a quem ela é e ainda deseja ser. “A mudança deixa a gente vulnerável, é como se estivéssemos no escuro. É um grande mistério não saber o que vem pela frente, mas o que importa é ter a certeza e a confiança naquilo que faz o coração vibrar”, diz.

E nunca é cedo ou tarde para isso, defende a atriz. Ela conta que, na vida adulta, na casa dos 30 anos, tentam te convencer de uma ideia de que a vida já está formada, com a profissão definida e todo um plano esquematizado, que parece que você não pode ousar em mudar.

Mas foi, justamente, aos 30 anos que eu comecei a entender quem eu realmente poderia me tornar e tudo que eu ainda posso ser.

Outra descoberta muito importante nesse processo, segundo Cynthia, foi entender que “estava completamente contaminada pelo ritmo do mundo que não era o seu”. Já parou para pensar na velocidade insana que vivemos, com uma enxurrada de informações e estímulos o tempo todo? Vamos sendo levados por ela sem ao menos perceber, muitas vezes. “Cada ser tem seu próprio ritmo e frequência, alguns mais rápido e outros mais lentos. Entender como você funciona é essencial para descobrir sua própria potência”, afirma a atriz.

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Agora, de volta a rotina mais agitada da cidade, quando ela percebe que seu ritmo está mais acelerado que deve, ela recorre a uma prática simples e eficaz de consciência corporal que aprendeu na floresta e em retiros: respirar. “Inspirar e soltar o ar, deixando o seu corpo produzir o som que quiser naquele momento. Assim você vai trazendo ritmo para a sua própria respiração”, diz.

Esse, inclusive, é o ponto central do seu próximo projeto: o podcast ‘Sintonizar Consciência’, que será lançado em breve nas plataformas digitais. Nos episódios, Cynthia vai discutir essa consciência de respirar e sintonizar seu corpo.

Esse é só um dos planos de Cynthia, que envolvem ainda a publicação de um livro, voltar a viajar pelo mundo sem um destino definido e continuar se expressando pela arte. “Com diz o filósofo e ambientalista Ailton Krenak, ‘o futuro é ancestral’. O que eu desejo, daqui para frente, é continuar essa jornada de volta para as raízes, de volta para nossa natureza”, finaliza.

 

 

 

 

 

 

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