12 coisas que não devemos dizer a um autista, por Rafael Mantesso

Portador da Síndrome de Asperger, o físico participou de uma conversa sobre saúde mental no TUDUM Festival ao lado de Amanda Ramalho

Por Gabriela Zocchi Atualizado em 31 out 2024, 00h45 - Publicado em 27 jan 2020, 19h42

Mais um dia de TUDUM Festival Netflix nesta segunda-feira (27)! Além da presença de Giovanna Ewbank falando sobre a versão brasileira do reality show The Circle, o evento, que acontece no Pavilhão da Bienal, em São Paulo, trouxe também uma conversa importante sobre saúde mental e autismo inspirada pela série Atypical.

Ministrado pela psicóloga e especialista em neurociência Mayra Gaiato, o talk contou com a participação de Amanda Ramalho, dona do podcast Esquizofrenoias, e Rafael Mantesso, físico, matemático e portador da Síndrome de Asperger. Os três falaram sobre como o diagnóstico de distúrbios mentais pode ajudar aqueles que sofrem com eles e como a representatividade e a conversa sobre o assunto são importantes.

Sam, de Atypical, é autista Reprodução/Netflix

“Eu me descobri autista aos 30 anos. Sempre que falamos de autismo, as pessoas logo pensam nos estereótipos, mas é importante ressaltar que cada pessoa com autismo é diferente da outra. Existem diversos tipos e espectros”, esclareceu Rafael.

Segundo a doutora Mayra Gaiato, o transtorno do espectro autista é definido principalmente pela dificuldade de interação social. Ela afirma que autistas podem ter déficit de atenção, levar tudo ao pé da letra e interagir com pessoas de forma diferente como a maioria. O hiperfoco, ou seja, o desejo de falar somente e repetidamente sobre um mesmo assunto, também pode ser um sintoma, bem como alterações nas percepções sensoriais – autistas podem não conseguir lidar com certo tipo de barulho ou se sentirem incomodados com texturas de roupas, objetos ou comidas, por exemplo.

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Para Amanda, que não tem autismo, mas foi diagnosticada com transtorno bipolar do tipo II, é muito importante falar sobre saúde mental com os amigos, a família e nas diversas mídias, entre elas filmes e séries, pois isso ajuda a desmistificar certos transtornos mentais e até aqueles que não sofrem com isso a saberem lidar melhor com aqueles que têm. “Temos que ensinar o outro a não julgar. É importante ouvir o seu amigo, entender o que ele quer dizer e acolhê-lo”, explicou ela. “Se seu amigo te conta que tem depressão, por exemplo, não fale para ele deixar isso para lá e sair da cama, porque não é assim que funciona. Muitas vezes ele não precisa de um conselho, mas de alguém com que ele possa verbalizar o que está sentido sem ser julgado”, completou.

Reprodução/Netflix

Para encerrar a discussão, Rafael fez uma lista de coisas que não devemos dizer a um autista. Olha só:

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  1. “Eu conheço um autista e ele não é como você”.
  2. “Você é tão normal”.
  3. “Todo mundo é um pouco autista, não?” (Autismo NÃO é adjetivo).
  4. “Você toma algum remédio para ajudar?”
  5. “Você deve ter sido vacinado quando era criança”. (Muita gente associa o autismo às vacinas. Vacina não causa autismo).
  6. “Deve ser ruim ser autista, né?”
  7. “Pare de usar o autismo como desculpa”.
  8. “Você só é autista quando você quer”.
  9. “Você deve ser bom com números e música”.
  10. “Você é muito egoísta, rude, grosso”.
  11. “Você não tem sentimentos”.
  12. “Você não se importa com ninguém a não ser você mesmo”.

Se você conhece alguém com transtornos mentais ou autismo, ofereça um ombro amigo e respeite as escolhas e as diferenças dele. E, caso você se sinta diferente, tenha dificuldade de se encaixar em público ou perceba alguns dos sintomas citados nesta matéria, busque ajuda com pessoas em quem confie e, principalmente, com psiquiatras ou neurologistas especializados no assunto.

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