A volta do Scracho: ‘Nada vale mais que o momento presente’
Depois de quase 2 anos longe dos palcos, banda carioca esgotou ingressos em SP e RJ em 24h e criticou o uso descriminado de celulares em shows.
Em 2007, a banda Scracho foi apresentada ao mundo com “A Grande Bola Azul”, seu primeiro álbum. Entre os sucessos, Divina Comédia, que fez parte da trilha sonora de Malhação em 2008, e Morena, um dos principais hits do grupo até hoje. Junto com a galera do Forfun, Diego Miranda, Caio Corrêa, Dedé Teicher e Gabriel Leal dominaram as rádios e alcançaram milhões de visualizações no YouTube, em uma época em que o que essencialmente bombava na plataforma era clipe. O tempo passou, os integrantes foram seguindo seus respectivos caminhos e os shows foram ficando cada vez mais raros. Até que o Scracho virou um trio e Diego, Caio e Dedé resolveram parar. Fazia uns dois anos que eles não tocavam oficialmente juntos quando anunciaram dois shows comemorativos em homenagem ao primeiro CD, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em menos de 48h, todos os ingressos já tinham sido vendidos!
“O sold out foi muito impactante pra gente. Em 24h, já haviam feito o pedido de todos os ingressos. Isso mexeu com todos nós”, revelou caio durante entrevista exclusiva a CAPRICHO nos bastidores do show que rolou no último domingo, 3, no Carioca Club, em Pinheiros, São Paulo. A apresentação foi nostálgica e, nas redes sociais, fãs agradecerem a banda por voltarem a ser adolescentes. A repórter Isa Otto também voltou para a época em que shippava os personagens de Caio Castro e Sophie Charlotte em Malhação. Mesmo depois de tantos anos, Divina Comédia e Morena ainda são as canções mais ovacionadas.
“Essa é uma das maiores belezas da música. A gente decidiu parar, mas a música fica”, celebra a baterista Dedé, que estava ansiosa pelo breve retorno. Na plateia, além dos fãs nostálgicos, também era possível encontrar adolescentes que estavam vendo o Scracho ao vivo pela primeira vez. “Tem também o fenômeno do irmão mais novo, sabe?”, afirma Diego, que acha que muita gente mais jovem conheceu a banda através de irmãos ou primos mais velhos.
Mas se em 10 anos pouca coisa mudou, como as composições da banda que continuam fazendo total sentido hoje, muita coisa se transformou. Como a interação do público nas apresentações ao vivo. Teve coro? Teve. Teve bate cabeça? Teve. Mas teve também muitos celulares filmando e gravando Stories. Antes de tocar o sucesso O Carnaval, do álbum “Boto Fé”, Caio fez um pedido: “deixem o celular de lado e cantem comigo”. No avião, durante a ponte aérea, o músico escreveu um poema em que critica não só o uso desenfreado de aparelhos eletrônicos em shows como o conteúdo que atualmente faz sucesso em plataformas como o YouTube. “A gente estava com uma equipe de filmagem hoje. Por que você vai filmar o show? Vai ficar péssimo”, lamentou. Dedé concordou com o parceiro e ainda deu sua visão sobre o assunto delicado: “tem gente que vive em um ritmo em que isso realmente te tira do tempo presente. E isso não é legal. Eu entendo que é legal filmar um momento específico, mas o que eu não entendo é a galera querer filmar o show todo“.
A banda carioca, que cantou sucessos de seus outros álbuns, não descarta a realização de novos shows comemorativos no futuro, que pode ser distante ou breve, mas também não confirma a possibilidade: “nada vale mais que o momento presente”. Nos resta então torcer e comemorar a música, essa linda que é universal e atemporal. “Passou, como tudo passa. E algo em tudo que passa, fica (…) Se pacifica”…
Ainda não conhecia o Scracho? A Isa Otto indica suas canções favoritas do álbum “A Grande Bola Azul”:
1. Divina Comédia
2. Então Vai
3. Dois Sorrisos e Meia Palavra
4. Universo Paralelo
5. Você Mudou