Como nossos pais, estamos de volta à sala para assistir novelas

Com tramas ágeis, temas atuais e muitos edits no TikTok, as novelas estão de volta ao centro da conversa entre a nossa galera.

Por Arthur Ferreira 15 abr 2025, 15h00
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urante um bom tempo, novelas foram tratadas por muitos jovens como um hábito do passado, um programa que “era da época da minha mãe”. Mas, de uns tempos pra cá, a teledramaturgia tem reconquistado espaço no coração (e na timeline) da Geração Z, que está redescobrindo o gênero com um olhar mais conectado com suas vivências.

Se você se isolou totalmente das redes sociais nos últimos meses, pode ter perdido o fenômeno Beleza Fatal. A novela original da Max fez bonito em números: segundo a Warner, mais de 2 milhões de pessoas assistiram ao final da trama simultaneamente na plataforma. Muita gente jovem entre elas – incluindo quem jurava que “não era noveleiro”. 

E esse movimento não passou despercebido por Raphael Montes, autor da novela. “Beleza Fatal pegou uma geração que não assistia novelas. É uma novela que depois de décadas trouxe esse público de volta”, contou ele à CAPRICHO.

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O sucesso da trama abriu espaço para uma nova relação entre os jovens e as novelas. Mesmo sem o costume tradicional de acompanhar tramas na TV aberta, muitos estão explorando o gênero por outros caminhos.

Flávia Soares, 20, lembra que seu primeiro contato com novelas foi na infância, com tramas como Carrossel e Chiquititas. Depois, a prática deu uma pausa, barrado até por preocupações da mãe: “Ela achou que as novelas estavam me influenciando demais, então parou de assistir comigo”. Mas o comeback veio agora, com o tempo livre e impactada após Beleza Fatal. “Senti vontade de consumir outra coisa no estilo novela, bem brasileiro e caricato. Me interessei muito pela Camila Queiroz. Então decidi assistir Verdades Secretas”, disse.

Ana Beatriz Souza, 19, teve um percurso parecido: passou pelas tramas infantis, acompanhou Rebelde Brasil, e depois… nada. Só que no final do ano passado, se pegou maratonando Garota do Momento — e amou. “O elenco me chamou a atenção, muitos nomes que conhecia desde a infância. E o protagonismo negro me fez me identificar ainda mais. Mesmo sendo ambientada em 1958, é super atual”, comenta.

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Glória Pire e Regina Duarte em Vale Tudo (1988)
Glória Pire e Regina Duarte em Vale Tudo (1988) Globo/Divulgação

Segundo Larissa Machado, jornalista e uma das criadoras do canal Coisas de TV, parte desse afastamento que a geração teve nos anos 2010 se deve à desconexão dos autores com o público. “Malhação mesmo não sabia mais fazer essa conexão com os jovens, exceto em algumas poucas temporadas. E nessas situações em que a linguagem se aproxima do público, a gente via uma comoção entre os jovens”, explica.

O reencontro com as novelas passa menos pela rotina e mais pela identificação. Sem o compromisso de sentar no sofá às 19h ou às 21h, o público jovem tem consumido essas histórias no seu próprio tempo.

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“Assisto tudo pelo streaming, com calma. Não tem mais aquela pressão do ao vivo”, explica Flávia. Ana Beatriz concorda, mas ainda gosta da emoção da transmissão ao vivo quando pode: “Ver na TV e comentar nas redes é uma experiência muito bacana”.

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