Grag Queen quer ir além do julgar só por julgar em novo ‘Drag Race Brasil’

À CAPRICHO, apresentadora adiantou que público vai conhecer desde os perrengues até o encanto de ser drag no Brasil

Por Arthur Ferreira Atualizado em 29 out 2024, 18h28 - Publicado em 30 jul 2023, 06h01

Drag Race finalmente terá uma edição brasileira – e nós mal podíamos esperar. O reality, que é um sucesso absoluto com franquias pelo mundo todo terá ninguém menos que Grag Queen como apresentadora – e essa é a realização de um sonho para ela também.

“Para mim é muito chocante lembrar de 10 anos atrás, quando eu estava andando nas ruas de Nova York e olhando para a promo da temporada 6 [de Ru Paul’s Drag Race] na Times Square. Eu, com 18 aninhos, olhava aquilo e achava tão bonito, como é que eu ia pensar que um dia iria apresentar… Eu nem pensava em ser drag, sabe?”, contou Queen à CAPRICHO.

 

Grag é um verdadeiro fenômeno: viralizou na pandemia com vídeos no TikTok e logo em seguida foi chamada para a primeira temporada de Queen of The Universe – reality da mesma produtora de RuPaul’s Drag Race, reunindo talentos de todo o mundo – e ganhou em primeiro lugar. E, sim: ela teve contato direto com RuPaul e Michelle Visage.

Ela confessou ter ficado chocada ao ter sido chamada para ser a host da versão brasileira da produção: “Eu chorei muito! Me ligaram e ficaram enrolando. Não posso dizer quem estava na ligação, mas vocês devem imaginar quem era. E aí me fizeram a proposta e eu já comecei a chorar porque eu sou toda canceriana intensa.”

Transmitido oficialmente pela Paramount+, a produção começa a ser exibida no dia 30 de agosto e tem sido motivo de muita empolgação e ansiedade para os fãs brasileiros. Segundo Grag, todo mundo estava empenhado em fazer um reality à altura do que um Drag Race merece, assim como seus participantes.

“A validação de dizer para uma drag se ela está bonita, se ela cumpriu o seu desafio tanto cenicamente, vocalmente é uma responsabilidade muito gigante. Não é só para chegar e dizer o quanto a gata tá ‘gongada'”, disse.

Segundo a drag, todos estavam empenhados em desenvolver o melhor lado de cada participante. “Estava todo mundo empenhado em desenvolver o melhor lado de cada pessoa e isso é muito rico para mim. Isso é realmente explorar a plataforma de uma maneira legal”. 

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E nós tentamos roubar um spoiler, mas não deu muito certo. “O maior spoiler que eu posso dar é que não tem como um casting não virar a família e a gente não amar todo mundo”. Só ficamos mais ansiosos, né?

Leia a entrevista completa abaixo:

CAPRICHO: Você viralizou na internet durante a pandemia, foi chamada para o Queen of The Universe, venceu e agora vai ser a host do Drag Race Brasil. O que você sente quando se dá conta de toda sua trajetória?

Grag Queen: Eu sinto que parece que não é a mesma vida. A gente está falando de um intervalo de dois dois anos no máximo. Há dois anos eu estava fazendo TikTok dentro de casa e aí aconteceu a oportunidade de ir para o Queen of The Universe e a possibilidade de vencer. Quando eu pensei que o trem ia passar só uma vez na vida, pois não é que passou de novo? A velha me cutucou e disse: “Ó, você vai ser apresentadora, você vai deixar seu país orgulhoso de novo. Vai que é tua!” E eu estou aproveitando, vivendo e amando isso tudo. Chocada com a vida e também muito esperançosa pelo que ainda pode acontecer.

Como foi ter contato com a Michelle Visage no Queen of The Universe e conhecer a RuPaul nos bastidores da Drag Con?

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Eles fazem parte de tudo, né? Inclusive da minha criação estética queer e do meu crescimento. Quando eu vi a Michelle Visage foi a primeira vez no palco do Queen of The Universe, eu estava extremamente em pânico, toda nervosa, suando frio,  quase tendo um treco, querendo voltar para casa (risos). Mas foi muito legal, foi olhar no olho dela que me deu coragem de  arrasar na primeira performance. Eu vi que ela estava gostando e eu pensei: “Se ela está gostando, a gente só vai.” Quando fui gravar minha participação na segunda temporada, fui passar pelo camarim dela e ela me chamou, perguntou como eu estava e disse que tinha muito orgulho de mim.

E a RuPaul também foi muito legal. Além de conhecer e de ter oportunidade de estar frente a frente com alguém tão inacessível, foi em um lugar de apreço, de afeto e de admiração deles para comigo, então não sei nem como expressar.

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Como foi para você receber a notícia de que apresentaria o Drag Race Brasil? Qual foi a sua reação?

Eu chorei muito! Eles fizeram o babado que eles gostam. Essa coisa “de volta para minha terra”, né? (risos). Me ligaram e ficaram enrolando. Não posso dizer quem estava na ligação, mas vocês devem imaginar quem era. E aí me fizeram a proposta e eu já comecei a chorar porque eu sou toda canceriana intensa. Eu chorava, gritava, não sabia para quem ligar primeiro. Liguei para minha mãe e para minha equipe e todo mundo ficou chocado. Eu aceitei antes de falar com o meu empresário, antes de falar com qualquer pessoa. Eu disse: “Eu vou, não importa. Ninguém vai me parar de ser a host do Drag Race Brasil.” Mas todo mundo amou a ideia e estão todos muito ansiosos pelo dia 30 de agosto.

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O Drag Race Brasil é um projeto que os fãs brasileiros aguardam há anos e finalmente vai acontecer. Como você se sente estando neste lugar de apresentadora, sendo o rosto de um programa que foi tão aguardado?

Tão aguardado inclusive por mim, né? Eu sei como é ser uma gay do TINAR, eu sei como é ser uma gay do Twitter que gosta de Drag Race. Já fui, já estive ali nesse sapatos. Para mim é muito chocante lembrar de 10 anos atrás, quando eu estava andando nas ruas de Nova York e olhando para a promo da temporada 6 na Times Square. Eu, com 18 aninhos, olhava aquilo e achava aquilo tão bonito, como é que eu ia pensar que um dia eu iria apresentar, porque nem pensava em ser drag, sabe?

A validação de dizer para uma drag se ela está bonita, se ela cumpriu o seu desafio tanto cenicamente, vocalmente, quanto dentro da sua verdade, observar e explorar personalidades, e achar algo bom para desenvolver e lapidar – isso tudo é uma responsabilidade muito gigante. É um lugar que me colocaram do qual eu tenho muita honra de estar ocupando e, com muito carinho, eu vou estar formando famílias em todas as temporadas. O maior spoiler que eu posso dar é que não tem como um casting não virar a família e a gente não amar todo mundo.

Drag Race é um verdadeiro fenômeno cultural que tem um impacto muito forte na vida das pessoas da comunidade ao trazer as mais diversas histórias pessoais das participantes. Como é para você estar por trás desse meio de contar histórias tão importantes?

Eu vejo isso como uma grande oportunidade. É muito legal ouvir histórias, mas com um recorte brasileiro que me coloca como protagonista também. A gente consegue explanar para o mundo inteiro o tipo de recorte que a gente tem aqui no Brasil, sabe? Vamos contar muitas histórias. É muito legal esse formato porque ele explora muito a história de vida das participantes e é muito gostoso ir conhecendo elas. Com certeza vocês vão sentir toda a função dos recortes da drag brasileira, das coisas que dificultam e nos afastam de fazer a nossa arte. Vai ser muito legal mostrar para o mundo quais são os perrengues das drags brasileiras. E, claro, também mostrar toda nossa alegria, todo nosso ‘ziriguidum’ e graça que só a gente tem.

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Vai ter história triste? Vai ter história triste, mas é Brasil, né, amor? A gente vai estar só no ‘zirigui’ toda hora (risos).

Recentemente foram anunciados os jurados do programa, como foi trabalhar com Bruna Braga e Dudu Bertholini?

Eu nunca tinha trabalhado com nenhum dos dois, conhecia os dois apenas pela internet e pela TV. Foi uma delícia. Eu acho que a gente se permitia trocar muito e se respeitava muito enquanto jurado e artista. A gente tinha muita responsabilidade e só a gente entendia o quanto era difícil mandar alguém embora ou como era difícil gongar alguém e ter que decidir entre uma e outra. Isso acaba nos dando intimidade, nos aproximando. A gente acabou ficando muito próximo no nível de ter o nosso grupo no WhatsApp, de ir na casa uma da outra e de ir comer juntas. A gente acabou desenvolvendo uma química muito massa, que graças a Deus transparece muito na nossa bancada. Vocês vão sentir essa química de amizade. Realmente não é um Drag Race que é só para chegar e dizer o quanto a gata tá gongada, sabe? Estava todo mundo empenhado em desenvolver o melhor lado de cada pessoa e isso é muito rico para mim. Isso é realmente explorar a plataforma de uma maneira legal.

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O quão importante é para a arte drag brasileira, para a cena nacional, ganhar essa plataforma tão grande? 

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Eu acho que a palavra realmente é plataforma. Além de ela abranger muitas pessoas e ter um alcance mundial, ela tem uma qualidade muito grande, né? É uma câmera muito boa, com uma luz muito boa, pensada por uma drag para uma maquiagem de drag. É um programa que vai se comprometer a contar a sua história da melhor forma, que vai te mostrar o teu melhor ângulo e que vai explorar o teu melhor. Então, é uma oportunidade incrível para uma drag queen ter esse tipo de acessibilidade, de qualidade de conteúdo e também a oportunidade da plataforma, né? É o que vai exportar a gente mundialmente. Se vocês pararem para pensar, se você não ganhar o Drag Race Brasil, quando vê você está em um UK vs. the World, em um Global All Stars. Então são oportunidades de voar, e eu sei muito bem o que é voar, então confiem em mim.

Com certeza vocês vão sentir toda a função dos recortes da drag brasileira, das coisas que dificultam e nos afastam de fazer a nossa arte

Grag Queen

Quais foram suas inspirações como apresentadora?

A minha inspiração para muitas coisas, inclusive pessoais, é a mamãe Rupaul. Ela é uma comunicadora e apresentadora incrível. Ela traz verdade, versatilidade, emoção e carisma – que é uma coisa que não se compra, né? Não adianta você forçar. E não estou falando que as outras não tem carisma (risos). A Supremme de Luxe que traz essa volatilidade, essa coisa mais caliente da nossa língua, que é mais parecida. Eu amo assistir Drag Race Espanha por causa da língua, eu acho que a gente é mais foguenta e me inspirei muito nela. Em looks me inspirei também em outras queens como a Nicky Doll e a Brooke Lynn Hytes. E estou tudo entendo pela primeira vez, né? (risos).

O que você você precisou assimilar, por exemplo?

É porque eu fui realizar um sonho, né? Mas não era para ir à Disney se divertir. Eu estava indo trabalhar pela primeira vez sendo host. Então, eu tive o meu primeiro texto, meu primeiro look, minha primeira make, minha primeira fala. Eu estava estreando tudo enquanto eu ainda tinha que gerenciar os meus ataques de nervo de fã. Eu entro na Werk Room e eu não posso surtar porque ela é minha, entendeu? Então, é muito doido gerenciar todos esses processos, eu acho que em uma segunda temporada, a gente vai vir mais para se divertir, porque já vai quebrar esse nervosismo. Ser pioneira em uma coisa que você ama muito é bem doido de administrar, haja terapia.

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Durante o período de gravação, não era permitido revelar nada sobre onde estavam e o que estavam fazendo. E aí surgiram os seus stories no metrô que viraram até meme. Você achou que fosse viralizar tanto? 

Nunca (risos). Eu achei que eu estava arrasando, o pior é isso! Como é que a sonsa acorda de manhã e diz: “Eu vou colocar uma regata, eu vou fazer um book no metrô e eu vou postar uma foto por dia”. Mona, não rola. 

Você tirou todas as fotos no mesmo dia?

Sim! Foi uma ideia horrorosa com uma execução péssima e daí não colou, né? Como eu estava sempre com a mesma roupa até a fama de fedida eu já estava tendo. E aí eu parei de postar, mas foi a minha diversão. Eu e a minha equipe, a gente se jogava no chão de tanto rir.

Por fim, o que nós podemos esperar da primeira temporada de Drag Race Brasil?

Grag: Esperem a maior de todas!

Anote aí: Drag Race Brasil estreia no dia 30 de agosto no Paramount+

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