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Hwang Bo-reum explica por que a ‘ficção de cura’ faz tanto sucesso

Autora conversou com a CH sobre ‘Bem-vindos à Livraria Hyunam-Dong’, em sua passagem pela Bienal do Livro 2024 e o boom da literatura coreana.

Por Gustavo Balducci Atualizado em 29 out 2024, 15h19 - Publicado em 21 set 2024, 19h00
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erca de 722 mil pessoas compareceram à 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, realizada entre os dias 6 e 15 de setembro no Distrito Anhembi, Zona Norte da capital paulista.

Considerada mais plural e diversa que as edições anteriores, a edição de 2024 contou com a presença de centenas de autores. Entre os destaques internacionais estava Hwang Bo-reum, autora sul-coreana de Bem-vindos à Livraria Hyunam-Dong, publicado pela editora Intrínseca.

Em sua primeira visita ao Brasil, ela ficou encantada com o carinho dos leitores. “Nunca imaginei vir ao Brasil, porque é muito longe de onde moro. Agora, conhecendo meus leitores brasileiros, me sinto imensamente grata pelo convite. Essas são lembranças que levarei comigo para o resto da vida”, disse a autora à CAPRICHO.

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Seu romance de estreia se tornou um fenômeno, com 250 mil cópias vendidas na Coreia do Sul em apenas um ano, e direitos adquiridos por mais de 20 países — um sucesso inesperado para Bo-reum.

“Não tinha previsto todo esse sucesso, especialmente por ser meu primeiro romance. Quando terminei de escrever, me perguntei: ‘Será que está bom o suficiente para ser lançado?’. O efeito foi primeiro entre os leitores sul-coreanos, e depois se espalhou pelo mundo. É uma surpresa maravilhosa ver tantas pessoas gostando do meu livro. Ao mesmo tempo, estou tentando lidar e passar por esse momento de fama repentina com muita calma e tranquilidade, sem me envolver demais”, afirmou.

O enredo de Bem-vindos à Livraria Hyunam-Dong contribuiu muito para o sucesso. O livro conta a história de Yeongju, uma jovem desiludida que decide abandonar tudo para realizar o sonho de abrir uma livraria. A nova rotina, repleta de autodescobertas e encontros com clientes em busca de livros, café e conforto emocional, conquista os leitores.

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A trajetória de mudança de carreira de Yeongju reflete a própria experiência da autora, que, formada em ciência da computação, trabalhou como engenheira de software na LG Electronics antes de se dedicar à escrita.

“Enquanto escrevia, não percebi a semelhança com minha própria vida. Só depois da publicação, em conversas com leitores, notei que todos os personagens, de alguma forma, passaram por desvios em suas trajetórias, assim como eu”, disse ela.

A maioria dos leitores são mulheres, e durante muito tempo elas experimentaram o mundo pela perspectiva de autores masculinos. Agora, estão exigindo vivências e sentimentos expressos por outras mulheres, e essa demanda está moldando o cenário literário atual.

Hwang Bo-reum
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O livro também faz parte de um gênero conhecido como ficção de cura, ou healing fiction, especialmente popular em narrativas quase sempre asiáticas. Essas obras abordam histórias leves, ambientadas em lugares acolhedores, como cafés e livrarias, e trazem lições de vida.

“No começo, eu não conhecia esse gênero. Só após o lançamento do livro, os leitores começaram a classificá-lo assim. No início, achei que fosse algo mais restrito à Coreia, mas depois percebi que essa busca por conforto é global, especialmente após a pandemia de Covid-19. Em meio a tantos conflitos políticos e sociais, as pessoas procuram mensagens reconfortantes, e os livros têm sido uma forma de encontrar esse alívio”, explicou.

Satisfeita com o crescente interesse por livros coreanos no Brasil, Bo-reum observa que muitos deles também são escritos por mulheres.

“Antes, o k-pop, os k-dramas e a literatura coreana eram consumidos principalmente pelo público local. Agora, isso está cruzando fronteiras. Além disso, a importância das mulheres na literatura coreana está se tornando cada vez mais evidente. Há dois anos, a maioria dos premiados eram homens, mas agora quase todas são mulheres. Acredito que isso reflete uma mudança no mercado. A maioria dos leitores são mulheres, e durante muito tempo elas experimentaram o mundo pela perspectiva de autores masculinos. Agora, estão exigindo vivências e sentimentos expressos por outras mulheres, e essa demanda está moldando o cenário literário atual.”

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