Manu Gavassi diz que crescer ouvindo Rita Lee a fez ‘uma artista melhor’

Inspiração foi o que motivou a artista a regravar o disco 'Fruto Proibido', de 1975; Rita morreu na noite desta segunda-feira (8), aos 75 anos

Por Andréa Martinelli Atualizado em 29 out 2024, 18h43 - Publicado em 9 Maio 2023, 23h28

Rita Lee foi – e ainda é – uma referência para cada nova geração de músicos que chega. Manu Gavassi, 30, é uma delas. “Cada parte de mim que quis ser uma artista melhor pra te homenagear te agradece”, escreveu a cantora em suas redes sociais para homenagear a “rainha do rock”, que morreu na noite da última segunda-feira (8); ela tratava um câncer de pulmão desde 2021. “Tentando te honrar eu reencontrei minha força e por isso, sinceramente não tem nem como te agradecer.”

Manu reinterpretou o icônico álbum de 1975 da cantora em um show acústico para a MTV (o disco é quarto de Rita em carreira solo e segundo dela com a banda Tutti Frutti). Esse álbum trouxe muitos sucessos que se tornaram referência e foram regravados por muitos outros artistas, como “Agora Só Falta Você” e “Ovelha Negra” – músicas que, se você ainda não conhece, precisa conhecer, viu?

Me resta viver inspirada por cada capítulo da sua história que te transforma em História. Ser fã é muito doido”, completou Manu, em sua publicação nas redes sociais, na noite desta terça-feira (9).

Durante o lançamento do show, em janeiro deste ano, Manu conversou com a CAPRICHO e deu detalhes de sua ideia em coletiva de imprensa. “Até chegou a passar pela minha cabeça. Que audácia, né? Regravar um álbum clássico. Ao mesmo tempo pensava: ‘Não, que incrível! Pensar que esse álbum foi gravado há quase cinquenta anos e está sendo redescoberto”, disse.

Ela ainda afirmou que cresceu ouvindo Rita. “Meus pais eram grandes fãs. Lembro muito do álbum do Acústico MTV dela, que era uma coisa que a gente escutava muito no carro indo para a escola”, lembra. “Acho que eu redescobri a Rita um pouco mais velha quando ela lançou a autobiografia. Foi ali pra mim que eu falei: ‘Eu amo essa mulher mais que tudo na minha vida. Agora eu entendi'”.

E as duas já tiveram algumas trocas ao longo dos anos, viu? “Quando eu saí do Big Brother, o primeiro áudio que me mostraram foi um da Rita. E daí eu não entendi nada. Na minha cabeça bugou”.

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Depois disso, Manu lançou duas músicas – “Deve Ser Horrível Dormir Sem Mim” e “Bossa Nova” – que a mencionava na composição. E, ah, Rita foi a primeira pessoa a assistir GRACINHA, novo álbum da Manu, sabia?

O show completo de Manu está disponível no Paramount+. E você pode ler o papo completo que tivemos com ela aqui.

O adeus àquela que achava ser “rainha do rock” cafona

rita lee
Reprodução/Arte/João Vitor Barreto/CAPRICHO

Sim, ela rejeitava o título de “rainha do rock”. Em entrevista à Rolling Stone Brasil, ela afirmou que achava esse título um tanto quanto “cafona”. E vamos combinar que é um pouco mesmo, né? E, por essa e outras posturas diante da vida, toda a sua autenticidade, irreverência e singularidade se destacavam por onde ela passava.

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Assim, Rita inspirou novos e jovens artistas como Pitty, Manu Gavassi, Bala Desejo, Rubel e Tim Bernardes e a gente não tem dúvidas de que ela continuará a inspirar as próximas gerações (nós fizemos uma curadoria de homenagens feitas à ela após a notícia de sua morte – e elas mostram, também, a força da natureza que Rita representava.)

A notícia de sua morte foi confirmada pela família de Rita hoje, pela manhã. “Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou”. O velório será aberto ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera, na quarta-feira (10), das 10h às 17h.

Seu nome completo era Rita Lee Jones e ela nasceu aqui em São Paulo, em 21 de dezembro de 1947 – com uma personalidade verdadeiramente capricorniana que abriu caminhos.

Foi aos 16 anos que tudo começou. Na adolescência, Rita integrou um trio vocal feminino, as ‘Teenage Singers’, e fez apresentações amadoras em festas de escolas, um jeito de começar e mostrar seu trabalho para o público possível na época (já imaginou sair uma nova “Rita Lee” da escola em que você estuda hoje?).

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Naquela época, o cantor e produtor Tony Campello – muito famoso na década de 50 e 60 na cena musical de São Paulo – descobriu as cantoras e as chamou para participar de gravações como backing vocals. Até que, após uma série de acontecimentos, Rita conheceu os Irmãos Batista e foi convidada para integrar “Os Mutantes”, banda que marcou a história da música brasileira.

E olha só o tamanho da irreverência de Rita: em outubro de 2016, a cantora deixou uma profecia sobre a repercussão de sua morte em autobiografia publicada pela Globo Livros – o fato foi lembrado nas redes sociais nesta terça-feira (9) pelos fãs da artista.

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”Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída”, escreveu Lee.

E 2023 certamente não está sendo fácil. A morte de Rita acontece seis meses após a perda repentina de Gal Costa, outra referência da nossa cultura e mulher que, assim como Rita, abriu caminhos para outras gerações e para a liberdade feminina – que colhemos frutos até hoje.

 

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