Já ganhamos algo muito maior que um Oscar de Fernanda Torres

Ela está educando o mundo com sobre o que é ser brasileiro e trazendo reflexões sobre a nossa cultura e autoestima das quais precisamos muito.

Por Juliana Kataoka Atualizado em 24 fev 2025, 14h03 - Publicado em 23 fev 2025, 21h53
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oucas coisas no entretenimento têm sido tão gostosinhas quanto acompanhar Fernanda Torres representando o Brasil na campanha do Oscar.

Como já virou lugar-comum dizer, “a melhor entrevista de Fernanda Torres é a próxima”. E, ainda que seja impossível antecipar o futuro, essa entrevista ao The Hollywood Reporter foi mais uma das excelentes que ela tem concedido mundo afora.

Fernanda comentou sobre as diferenças entre atuar em inglês e em português. Segundo ela, interpretar em um idioma que não é o seu nativo muda completamente o processo, pois cada palavra em outra língua requer uma espécie de “download de sentimentos e emoções”.

“A grande dificuldade é atuar em outro idioma, porque, de certa forma, sua voz é sua alma, e existe a tentativa de adivinhar o que dizem as palavras. Então, quando eu digo ‘coração’ em português, isso provoca um sentimento interno em mim, e eu preciso reaprender isso quando digo ‘heart’ (coração). ‘Heart’ é uma palavra que eu aprendi. Então, a principal dificuldade, eu acho, é conectar seus sentimentos, suas emoções a outro idioma e se encontrar nessa nova língua”, explicou ela.

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Mil escovas e maquiagens que ela já não aguenta mais, à parte — e que, se pudéssemos, tiraríamos com as próprias mãos como forma de agradecimento — é chocante perceber o quanto ela é a pessoa certa no momento certo para encarar essa maratona.

Além dessa entrevista cheia de sensibilidade, em tantas outras, com um charme, elegância e carisma sem igual, ela educou o mundo sobre o Brasil, de um jeito deixou os gringos encantados, mais interessados em nós, muito interessados nela e, talvez, até nos respeitando mais.

Alguns momentos marcantes dessa campanha:

Quando ela educou o apresentador Jimmy Kimmel sobre o papel dos Estados Unidos na ditadura brasileira e no contexto da história de ‘Ainda Estou Aqui’.

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Quando falou da importância das novelas para os brasileiros, o espaço onde nos tornamos obcecados em nos assistirmos na TV e um pouquinho menos colonizados.

Além disso, Fernanda trouxe uma reflexão sobre o porquê ficamos coletivamente eufóricos na possibilidade de uma vitória global. Em vez de reforçar a ideia comum de que buscamos desesperadamente aprovação externa, ela trouxe um ponto de vista de surpreendente autoconfiança, sem nenhuma inverdade: ficamos assim enlouquecidos, por frustração com o nosso isolamento por conta da língua e por uma certa pena do mundo saber tão pouco sobre nós.

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Que outro artista brasileiro poderia conduzir uma campanha tão vitoriosa, mesmo antes do fim da corrida – a ponto de nos fazer sentir ciúme e medo de perdê-la para Hollywood? Como diria Kanye West, antes do ostracismo autoimposto por suas ações questionáveis, “isso é algo que jamais saberemos” — mas é por isso também que esta campanha já venceu e é única, deliciosa e imperdível!

E, para aqueles que temem que ela nos troque por Hollywood, até sobre isso Fernanda já deixou uma resposta inteligente e tranquilizadora em uma de suas entrevistas magnéticas: ela garante que sua base continuará sendo o Brasil.

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