Trackswing: O coletivo de música independente que você precisa conhecer
O objetivo é movimentar e popularizar sons que a indústria musical elitizou. E eles estão conseguindo, viu?!
Se você curte música eletrônica periférica, você precisa conhecer o trabalho desses caras! Diretamente de Guarulhos (SP), D4ren, Kue, Keu, Dezembro2002 e Morato (menção honrosa ao fotógrafo Polillo), juntos, formam a Trackswing, um coletivo de música independente. Você pode não conhecê-los ainda, mas eles já tocaram com nomes como Dj MU540, Caio Prince, Bassan e outras referências do trap, funk e da música eletrônica brasileira. A paixão por sons que vão de grime a funk, junto à inquietação pela elitização da coisa, fez quem não se via em determinados espaços, se tornar uma nova promessa na cena.
Em um papo com a CAPRICHO, eles destacaram que além de movimentar o cenário musical da cidade, dois pontos são essenciais e fazem parte dos ideais do coletivo: 1: incentivar a valorização de uma cultura e gêneros musicais que, por virem da favela, são muito marginalizados; 2: proporcionar um lazer acessível para geral.
“Como artistas, queremos mudar e popularizar esse bagulho que a própria indústria cultural cria, de se apropriar e elitizar uma coisa que não deveria ser nichada da forma que é.” explicou o Dj Keu. Além disso, D4ren aproveitou para dizer que a ideia de movimentar a cultura musical de onde eles vivem, é muito sobre apresentar novas possibilidades para a galera, como o grime (derivado da música eletrônica vinda lá de Londres), por exemplo.
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O som da Trackswing:
O carro chefe dos meninos é a música eletrônica periférica brasileira. Eles tocam vários sets de eletrônica que quebram os esteriótipos que a galera tem. Muita gente fica lá curtindo o som e nem faz ideia que aqui no Brasil, temos nosso “próprio” som desse gênero, por exemplo. É BR!
Mas, mesmo tendo um propósito em comum, cada um deles tem seu set. O Dezembro2002 curte muito tocar House, Miami Bass e Techno, mas você pode vê-lo por aí mandando outros sons também. “Com a Track eu me sinto em casa”, disse ao explicar também que, para ele, tocar é fazer o som que gostaria de escutar na quebrada.
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Dj Kue
O Kaue, mais conhecido como DJ Kue, contou que gosta muito da música eletrônica vinda do estilo londrino, principalmente o Grime. “É basicamente: ‘por quê a quebrada não pode escutar eletrônica?’ Já ouvi mais de uma vez que não tenho cara ‘de quem toca esses sons'”, declarou.
Dj Keu
O Keu curte muito tocar Funk. Ele afirmou curtir música desde que se entende por gente, mas o seu carro chefe é esse. É legal frisar que ele é produtor também: “Eu gosto de produzir os meus sons, não só colocar os ‘hits do momento’ para tocar.”
D4ren
“Assim como o Kaue, eu gosto muito de Grime e Drill, mas com a realidade do Brasil. A galera acha que é só RAP, mas é eletrônica também”, contou D4ren. Mas, melhor do que falar, é escutar o som dele:
Trackswing – O coletivo de música
Antes de mais nada, é legal contar que os primeiros fundadores da Track foram D4ren e Kue. Como eles consomem e produzem sons como grime e eletrônica, mas não escutavam por aí, viram na track uma maneira de expressar essa arte. “Para mim, a track é um formato de expressão da minha arte. Às vezes é muito nichado e é uma oportunidade de mostrar pra todo mundo“, definiu o Dj Kue.
E o grupo realmente respira música e arte. D4ren é o cantor da casa. Keu e Kue (Kaue) são músicos, e assim como Dezembro, também são DJs e produtores. O Morato manja muito de música, então ele ajuda geral e fica com uma produção/administração mais externa, como os rolês e o Merch da Track. Ao mesmo tempo que valorizam a individualidade de cada um, os meninos se completam por causa dela.
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“Cada um tem seu processo criativo e ao mesmo tempo é uma colaboração geral assim, todo mundo se ajuda, opina e tem voz”, explicou Dj Dezembro.
Curiosidade sobre o nome: O “Track” vem de “Track Suit” (agasalho, jaco…), mas pode remeter ao significado de “som” também. Já o “swing” vem de… bom, de swing (música/ritmo) mesmo. A sacada veio de D4ren: “A gente costuma brincar que Trackswing é literalmente isso: ‘O swing da track’”, explicou o cantor.
“Eu não quero buxixo, eu só quero salseiro”
Vamos combinar que é claro que essa ideia merecia uma festa, afinal, nada melhor do que um rolê para mostrar o trabalho desses caras. Foi daí que surgiu o famoso “Salseiro Trackswing”. E cá entre nós? Não é por nada não, mas era o rolê que o jovem guarulhense precisava e até quem não é de GRU, quer colar.
Na festa, os meninos têm a oportunidade de mostrarem o seu trabalho e também de proporcionar um rolê diferenciado para a galera. Além de curtição, eles tentam fazer o máximo para que o rolê seja inclusivo e contam com algumas iniciativas, como:
– Valor do ingresso o mais acessível que conseguirem;
– Lista trans/NB para gratuidade;
– Momento reservado para que DJs que estejam no rolê, subirem pra tocar seu set.
Também vale ressaltar que cada edição eles usam uma estética para divulgar. Já teve edição das meninas superpoderosas, edição com estética de game e a mais recente foi simplesmente um supermercado. Se liga:
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Na parte audiovisual, eles contam com o Polillo (@eyeofpolillo), “os olhos da track”. Ele executa a parte do design e é o maior responsável por registrar os trabalhos do coletivo. O mais legal disso, é que o fotógrafo revelou que sempre curtiu essa cena musical: “Eu acompanhava o som deles até mesmo antes de trabalharmos juntos, então, ver tudo isso acontecendo é muito legal”, disse.
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“A Trackswing é mais do que um coletivo, mais do que uma festa. É um movimento para levar a cultura e a estética da quebrada para todo lugar.” definiu Morato, que contou que sempre gostou muito de música, mas que não necessariamente para tocar como os meninos e sim, pelo movimento geral. “Muitas vezes eu não me via em muitos espaços e hoje, a gente que faz o corre acontecer”, refletiu.
Bora escutar novos sons e fortalecer artistas independentes?