Como era a moda na época da Marocas, de O Tempo Não Para
A personagem da Juliana Paiva veio lá do século 19, quando as mulheres usavam vestidos longos, gola alta e espartilho
Se você está acompanhando a novela das 7, O Tempo Não Para, com certeza conhece a Marocas (Juliana Paiva). A personagem vivia em 1886, mas depois de um acidente, veio parar em 2018, sem saber de nada desse novo mundo. Ela e sua família têm costumes totalmente diferentes dos atuais, e isso envolve o jeito de falar, os modos e as roupas. A CH fez uma pesquisa para saber mais detalhes de como eram os looks no século 19. Vamos ver?
Espartilhos, saias bem volumosas, vestidos longos, mangas compridas e nada de decote. Assim eram as roupas das mulheres no século 19. Mas por que elas se vestiam assim? O professor João Braga, que ensina História da Moda e da Arte nas faculdades Santa Marcelina e FAAP, explica que os looks sempre passam uma mensagem: “As roupas serviam como códigos de comunicação não verbal – e isto é assim até hoje, seja em figurino de novela ou na realidade. Em 1886, as cores diferenciavam as casadas das solteiras, por exemplo. O espartilho era usado para afunilar a cintura que, quanto mais fina, mais bonita era. Este era o padrão de beleza daquela época“.
Depois de alguns capítulos da novela, Marocas começou a mudar seu visual e conseguiu se livrar de peças incômodas, como as anáguas – arames ou camadas de tecido que dão volume às saias – e espartilhos. Estas roupas de baixo podiam até ser desconfortáveis, mas eram usadas por todas as mulheres. Você sabe pra que serviam? “A roupa das mulheres era composta por camisola, espartilho, anágua nas pernas, esconde espartilho e um vestido, geralmente abotoado nas costas. A função de tantas camadas era basicamente compor a roupa, dar o volume adequado, e também havia a questão do pudor“, explica o professor João Braga.
Depois da ~transformação~, Marocas ainda guarda alguns objetos que marcam seu estilo. “Gostaríamos que ela mantivesse a personalidade forte e ficasse com uma ligação com o mundo antigo. Ela não vai ao shopping fazer compras sozinha, mas quer se adaptar. Tentamos deixar um ar vintage, com peças no comprimento do joelho, trazendo ela pra atualidade. Brincamos com os tecidos da época: renda e tule, e com lado contemporâneo. A pochete, que era especial pra ela, fica ali“, explica Paula Carneiro, figurinista da novela.
A renda era um dos tecidos mais usados e, hoje, não deixou de ser moderno. Até aparece nos trajes favoritos da Marocas. E os sapatos também são característicos. Reparou que ela ama botinhas e sapatos no estilo Oxford? João Braga explica que nada na moda é esquecido e o que eram “propostas” viram “tendências”. “A renda, por exemplo, é um tecido atemporal. As botinhas, que antes eram usadas para não mostrar as canelas, hoje são usadas por todo mundo. Os próprios espartilhos, não que sejam moda, mas são vistos em figurinos de shows e espetáculos. Posso dizer que saias, blusas e vestidos sofreram modificações, mas ainda estão aí“.
Falando em cores, o professor explica que elas faziam parte da comunicação não verbal da época, e, na verdade, passavam mensagens sobre o status de relacionamento das mulheres. “As adultas/casadas usavam cores escuras, às vezes estampas, e cabelos presos. As mulheres mais jovens/solteiras eram vistas como virgens e, por isso, sempre usavam cores mais claras, em tons próximos do branco, como pérola ou cru. Até podiam ser vistas com cabelos soltos. Já as viúvas sempre escolhiam o preto.“
E, para deixar o figurino da personagem cheio de detalhes, a produção levou quase dois meses! Paula contou que os vestidos foram feitos especialmente para cada personagem, com tecidos pintados à mão e detalhes de renda e couro. Em 1886, ainda não existiam máquinas de costura, então todas as roupas também eram feitas à mão. Tenso!
Você gosta de história da moda? Sabia que a roupa de Marocas tinha várias mensagens escondidas?