Marca brasileira de tênis sustentáveis quer inspirar futuro ecoconsciente

"Precisamos pensar no que fazer de diferente para as próximas gerações", afirma a designer e fundadora da Arcas Bear à CAPRICHO

Por Sofia Duarte 16 fev 2025, 11h00
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abia que é possível fazer um tênis a partir de materiais ecológicos e à base de plantas? Nos últimos anos, temos visto varejistas gigantes apostando em modelos específicos que trazem composições mais sustentáveis, e essa iniciativa, embora ainda incipiente, parece chamar a atenção de quem se importa com o futuro. É exatamente essa preocupação que move a Arcas Bear, marca de calçados fundada pela brasileira Cynthia Arcas, baseada na Califórnia, que se compromete a promover mudanças éticas e inspirar uma mentalidade ecoconsciente.

[O objetivo] é a gente evoluir como raça humana e preservar não só a matéria-prima, que é limitada, mas também o que podemos fazer de diferente para as próximas gerações poderem usufruir de um resultado positivo da nossa busca“, afirma a designer em entrevista à CAPRICHO.

Fundada em 2016, a Arcas Bear trabalha com tênis e sapatos feitos à base de plantas e criados com materiais naturais, como coco, cortiça e algodão orgânico. São utilizados também descartes de retalhos da indústria têxtil e garrafas pet, dando origem a novos fios regenerados que já nascem coloridos, uma vez que foram separados por cor antes da reciclagem, dispensando água e tingimento. 

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A marca tem sido reconhecida internacionalmente por seu propósito e já esteve presente em desfiles da semana de moda de Copenhagen, na Dinamarca, na Sustainable NYFW, nos Estados Unidos, e, em terras brasileiras, no Brasil EcoFashion Week, SPFW e Casa de Criadores. Aos poucos, Cynthia conta que vai ultrapassando as barreiras dos estereótipos que associam um tênis sustentável à falta de resistência ou até de estilo.

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“Essa informação, que hoje é simples para mim, levou anos para eu absorver. […] Mas o ser humano está destruindo o planeta e vem aquele pensamento de ‘eu não posso não fazer nada sobre isso’. Essa impotência é a pontinha do iceberg, quando a gente dá os primeiros passos para olhar para o que não tá legal. Depois disso, começamos a ver que o conhecimento salva, que o conhecimento liberta e existem ferramentas tanto desenvolvidas quanto para ser desenvolvidas e que a gente pode sim fazer a diferença, mesmo sendo pequena.”

Para ela, nadar contra o consumismo desenfreado que permeia o mundo, ainda mais estimulado pelas gigantes do fast fashion, significa um ato de resiliência. “Eu acredito num futuro onde a pauta do nosso trabalho não é só sobre o físico, o material, mas é sobre um propósito que move a gente. Isso vem do coração. Isso não vem só da mente, da lógica. Isso vem dos sentimentos. A gente vive em um mundo em que o número que você vende, que você produz, determina o quanto você é inteligente ou qual é o seu sucesso. Por isso, quem vem da moda sustentável é uma galera resiliente. As pessoas querem fazer a diferença, querem impactar. Então, isso é uma arte que vem muito do coração.”

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Muito mais do que aumentar o volume de vendas, a empreendedora ressalta que estimular o questionamento pode significar o começo de uma transformação ecológica. Para isso, ela aconselha: seja curioso. “Leia e pesquise o máximo que você puder. Não aceite um pacote pronto”, recomenda. “O que essa marca te diz que a torna sustentável? O que ela faz de diferente? Como eu me sinto sobre isso?”.

Se você busca caminhar para um consumo mais consciente e sustentável, esse é o primeiro passo. “Eu acredito que a força do conhecimento é muito importante pra gente ter uma moda limpa, sustentável e livre de greenwashing. […] A gente tem a capacidade de transformar a nossa vida, os nossos pensamentos, é o resultado do nosso trabalho, das nossas convicções”, completa Cynthia Arcas.

Vamos juntos nessa?

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