Argentina elege Milei, candidato associado à Trump e Bolsonaro na eleição

Fãs de BTS e Taylor Swift até tentaram, mas não conseguiram mudar o resultado as eleições no país latinoamericano.

Por Andréa Martinelli Atualizado em 29 out 2024, 18h07 - Publicado em 19 nov 2023, 21h40

Javier Milei, economista da direita radical e nome escolhido pela coalização A Liberdade Avança para concorrer às eleições presidenciais, venceu o segundo turno nas eleições na argentina. A apuração ainda não terminou, mas, com cerca de 90% dos votos apurados, Milei está matematicamente eleito, informou o Dirección Nacional Electoral da Argentina (o órgão funciona de uma forma parecida com o nosso TSE, lembra? Nós te explicamos no CH na Eleição.)

O candidato Sergio Massa, atual ministro da Economia da Argentina e peronista do União pela Pátria, reconheceu a derrota antes do anúncio oficial do resultado e parabenizou o adversário. Já aqui no Brasil, um pouco depois da oficialização do resultado, o presidente LUla parabenizou o candidato eleito na Argentina: “Desejo boa sorte e êxito ao novo governo. A Argentina é um grande país e merece todo o nosso respeito.”

A corrida eleitoral no país vizinho motivou fãs de Taylor Swift e do grupo sul-coreano BTS a se unirem contra o candidato eleito nesta noite.Para os Swifties, a vitória de um representante da extrema direita vai contra os valores defendidos pela popstar estadunidense, que aterrissa no país este mês para três shows de estádio esgotados.

“Candidatos do Liberdade Avança descreveram as mortes, torturas e desaparecimentos forçados cometidos durante a ditadura como ‘excessos’; acreditam que a igualdade no casamento é desnecessária, afirmam que o feminismo é uma mentira, que não há diferença salarial de gênero e estão considerando a legalização do comércio de órgãos”, escreveu um fã da cantora no X, o antigo Twitter. “Como a Taylor sempre diz, precisamos estar do lado certo da História”, completou.

Mas o resultado ainda pode mudar...

Isso porque, na Argentina, o voto é impresso. Por isso, o resultado divulgado neste domingo é provisório. A apuração, ou seja, a contagem de cada uma dos votos em papel começa apenas 48h após o fim das eleições. A contagem anunciada é baseada na somatória do resultado transmitido por cada seção eleitoral.

Durante o pleito eleitoral, postagens antigas de Vitória Villarruel, vice de Milei, em que o grupo sul-coreano é ofendido foram encontradas pelos ARMYs argentinos. Em um dos comentários, feito em 2020, a vice-presidente eleita afirmou que a sigla do grupo parece “uma doença sexualmente transmissível”.

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Os fãs classificaram as falas como racistas. A página BTS en Argentina, com mais de 50 mil seguidores, emitiu um comunicado condenando Villarruel e incentivou os fãs do grupo a denunciarem as publicações. “A mensagem que o BTS sempre transmite é de respeito a todos, inclusive a si mesmos”, enfatizaram.

Mas apesar de terem milhares de fãs na Argentina, ser fã de BTS ou Taylor Swift não mudou o resultado. O comparecimento às urnas também foi baixo, ficando em 76%, segundo a Dirección Nacional Electoral da Argentina. É menos do que o registrado em eleições anteriores e também abaixo do que o visto no primeiro turno, de 77%.

Afinal, quem é Javier Milei? 

Candidate Javier Milei Closes Presidential Campaign Ahead of Sunday Election
Candidato Javier Milei encerra campanha presidencial antes das eleições, que serão realizadas no dia 19 de novembro, na Argentina. Getty Images/Getty Images

Javier Milei é um economista e político argentino, líder do partido La Libertad Avanza. Aos 53 anos, ele é considerado uma personalidade relativamente nova, e venceu surpreendentemente as eleições primárias no país com 30% dos votos – agora, é um forte candidato para assumir a presidência da Argentina no segundo turno, que acontece no próximo domingo, 19 de novembro. 

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Javier se considera um “anarcocapitalista” – ou seja, um adepto dessa filosofia que defende a soberania do indivíduo por meio da propriedade privada e do livre mercado. Basicamente, o anarcocapitalismo diz que “a pessoa física” está acima de tudo e todos, inclusive do Estado, que deve ser eliminado. 

Já deu para perceber porque ele é polêmico, né? Mais do que isso, Javier já deu uma série de declarações controversas, dizendo que pretende fechar o Banco Central argentino se for eleito, legalizar a venda de órgãos humanos (sim, é isso mesmo), criminalizar o aborto no país e acabar com a obrigatoriedade da educação básica. 

Com um viés negacionista, Javier disse também que não acredita no aquecimento global e dissemina informações errôneas sobre a atual situação do país. Por exemplo, ele afirma que, hoje, a Argentina tem um índice de desemprego pior do que o de 2001, quando esse índice era três vezes maior que o atual. 

O escritor Mario Vargas Llosa e 8 ex-presidentes latino-americanos declaram apoio a Milei nesta semana. Em carta, signatários afirmam que candidato ultraliberal crê nos ideais de liberdade e “tem um diagnóstico muito correto sobre o problema da economia do país”.

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O Trump argentino? 

O candidato presidencial republicano, ex-presidente Donald Trump, faz comentários durante um evento de campanha em 11 de novembro de 2023 em Claremont, New Hampshire.
O candidato presidencial republicano, ex-presidente Donald Trump, faz comentários durante um evento de campanha em 11 de novembro de 2023 em Claremont, New Hampshire, nos EUA. Scott Eisen/Getty Images

As comparações entre Trump e Javier têm sido bastante comum por um motivo. Assim como o polêmico ex-presidente norte-americano (e que concorre novamente às eleições dos Estados Unidos no ano que vem), Javier é considerado um político de extrema-direita. 

Não só isso, mas apesar da extensa carreira acadêmica (ele se formou em economia pela Universidade de Belgrado e fez dois mestrados na área), também ganhou reconhecimento por seu trabalho como comentarista em programas de YouTube e rádio, que lhe renderam, mais tarde, aparições em programas de TV do horário nobre argentino. 

Não curiosamente, Javier têm opiniões bastante polêmicas a respeito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (que diz ter “vocações totalitárias”) e sobre a China – ele afirma que não pode ter “relações com comunistas”. Por outro lado, é solidário a Jair Bolsonaro, ex-presidente brasileiro, dizendo que ele “travou uma luta digna contra o socialismo”.

 

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