Entenda em 5 pontos o que é a CSW, evento da ONU para meninas e mulheres

Conferência mundial começa hoje e vai revisar os acordos feitos há 30 anos para a evolução das políticas públicas. E isso é muito importante.

Por Andréa Martinelli Atualizado em 10 mar 2025, 12h27 - Publicado em 10 mar 2025, 06h00

V

ocê, leitora de CAPRICHO, acompanha desde 2022 a nossa viagem para a COP, o maior evento sobre meio-ambiente de todo o mundo e, também, para a 69ª sessão da Comissão sobre a Situação das Mulheres (CSW), o maior encontro anual da ONU (Organização das Nações Unidas).

 

A CAPRICHO, junto com a Girl Up, organização de forma e incentiva a participação política de meninas, vão viajar até o evento para te contar todos os bastidores e as informações sobre as decisões que moldam nosso futuro.

 A CSW é “só” o evento mundial mais relevante sobre o tema, viu? As decisões tomadas ali podem impactar o nosso futuro em um mundo que ainda precisa ser muito melhor para nós. 

Mas vamos lá: você sabe o que é a CSW?

A Comissão da ONU sobre a Situação da Mulheres (CSW67) é “só” o evento mais importante sobre direitos das meninas e mulheres e promoção da igualdade de gênero – tem gente até que chama ele de “COP de gênero”, pois é – e acontece anualmente na sede da ONU em Nova York. E isso rola desde 1946, um ano após a criação da própria entidade. A cada edição, duas temáticas principais são discutidas, sendo uma delas prioritária e outra secundária, que analisa se acordos de uma edição anterior específica estão em andamento.

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Mas então, quem participa?

Imagina só: a CSW é formada por 45 países do mundo inteiro que negociam até chegar a um em consenso do que é preciso fazer a nível mundial para garantir a autonomia de meninas e mulheres. Após as discussões, é gerado um documento apelidado de “conclusões acordadas”, que irá nortear o avanço das ações globais nesse sentido.

Mas ué, CAPRICHO, só 45 membros? A ONU não tem 192 países membros? Sim, é isso mesmo e essa dúvida faz muito sentido. A gente explica: essas 45 vagas para membros são divididas por região e cada uma delas elege seus representantes, que tem participação garantida de quatro em quatro anos.

Além dos governos desses países, também estão presentes agências da ONU e algumas (muito seletas) organizações da sociedade civil que compõem o Conselho Econômico e Social da ONU (hoje, apenas quatro organizações brasileiras compõem o grupo). Algumas organizações da sociedade civil organizam um evento paralelo chamado de “CSW das ONGs” e é aberto ao público, fora do prédio oficial da ONU.

 ONU vai revisar ações muito, muito importantes esse ano

Em 2025, a comunidade global marcará o trigésimo aniversário da Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres e a adoção da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim (1995). Foi ali que muitas decisões importantes foram tomadas para evoluirmos, viu?

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O foco principal será a revisão e avaliação da implementação da Declaração (você pode ler, em inglês, clicando neste link).  

A revisão incluirá uma avaliação dos desafios atuais que afetam a implementação e a evolução na obtenção da igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres em todo o mundo – e também a agenda plena para realização da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (aquela que todos os países precisam cumprir, mas sabemos que na prática não temos tido tanto sucesso).

Aliás, a coisa realmente não está caminhando bem. Poucos dias antes do início da conferência, a ONU Mulheres publicou um relatório com um balanço da jornada de 159 dos 189 países signatários destas ações.

Mesmo com muitos avanços, quase um quarto dos governos em todo o mundo relataram retrocessos nos direitos das mulheres. Os dados foram detalhados em três frentes: progressos que necessitam ser acelerados, progressos com mulheres sendo deixadas para trás, estagnação e retrocesso. Pois é. E tudo isso será analisado.

Mas e o Brasil nisso tudo?

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, participará do evento entre os dias 10 e 14 de março. Na segunda semana do evento, entre 17 e 21 de março, a comitiva será liderada pela secretária-executiva, Maria Helena Guarezi.

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O ministério realizará dois eventos paralelos e a agenda da ministra e da secretária estão disponíveis no site da pasta. Segundo o governo, o ministério recebeu contribuições de organizações da sociedade civil e movimentos populares, feministas e de mulheres que serão levadas à sessão. E, além disso, tratará dos seguintes temas:

  • Na temática violência contra a mulher, as ameaças digitais são questões que afetam as mulheres em todo o mundo como o assédio online, as chamadas deep fakes e a violência digital com um todo.
  • A participação de mulheres na política e em espaços de poder também serão discutidos, bem como a igualdade salarial, autonomia econômica e o incentivo ao empreendedorismo.
  • A Política Nacional de Cuidados é outra iniciativa brasileira, aprovada em 2024, que demonstra a importância do compartilhamento de responsabilidades e será levada para conhecimento de todas as lideranças mundiais presentes na sessão.

E no que isso te impacta?

A CSW também impacta as soluções que são pensadas no setor privado, ou seja, muitas discussões em torno da conferência geram recomendações para grandes empresas; além disso, essa conferência também pode impactar a criação de políticas públicas no Brasil.

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